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«Nós temos de continuar a lutar pelo nosso Benfica» – Francisco Benitez | Entrevista

Francisco Benitez foi candidato nas últimas eleições do Sport Lisboa e Benfica. Posteriormente, deixou de o ser e integrou a lista de João Noronha Lopes, como presidente da Mesa da Assembleia Geral. 

O líder do movimento Servir o Benfica, em entrevista ao Diário do Distrito, comentou a atual época da equipa vermelha e branca e o desempenho da direção.

De quem é a responsabilidade do desempenho da atual época do Benfica?
Nós achamos que a responsabilidade é da direção, em especial, do presidente. Houve uma preocupação muito grande em ganhar as eleições, e em que se abandonou completamente a estratégia que estava a ser seguida, que por sua vez já tinha sido alterada. Já dizemos isto desde o tempo das eleições, e agora que já cá estamos, confirma-se o que dissemos na altura. Nós falámos muito nas eleições da navegação à vista, de não ter um rumo, de não saber para onde é que isto vai, e que se vai gerindo o Benfica no dia a dia, conforme vão existindo os problemas, vão se resolvendo, sem realmente um objetivo concreto que se quer atingir. 
Isto para nós não é mais do que o seguimento, uma prossecução daquilo que foi pensado: Arranjar trunfo eleitorais que de alguma forma pudessem impactar fortemente os benfiquistas mais suscetíveis a essas matérias, e que a partir daí logo se veria. Veja-se que a partir das eleições começa o descalabro. Não se pensou no day after, o que seria a seguir, se eram um conjunto de bons jogadores que formam uma equipa, se realmente o treinador tinha motivação para vir treinar o Benfica novamente depois do que já se tinha passado… Ninguém pensou em nada disso, o objetivo era as eleições, o pensamento era de ganhá-las de qualquer maneira. Estamos a assistir é exatamente essa estratégia, que foi montada e tinha um objetivo a curto prazo, mas que depois não se preocupava com o dia a seguir.

Quando fala em “nós”, fala em nome do Movimento Servir o Benfica?
Claro, falo sempre em nome do movimento. Se eu estou a dar esta entrevista, estou em representação desse mesmo movimento. Não fiz nenhuma candidatura individual, dentro do movimento somos um grupo grande benfiquistas que já nos conhecemos há muitos anos, nas bancadas do estádio, nas Assembleias Gerais, nas tertúlias que fazemos. Discutimos muito o Benfica, no sentido de ter uma participação ativa na vida do clube. Os minutos do jogo para nós não nos é suficiente, o nosso benfiquismo vai para lá do tempo do jogo. Nós queremos participar ativamente na vida do clube e já o fazemos há muitos anos, quer nas assembleias, quer na organização de eventos e idas a acompanhar a equipa, entre outras formas.
Quando chegou a altura das eleições, considerámos importante, dentro desta lógica de participar na vida do clube, de também nos propormos. É o o momento certo para se discutir o Benfica, não podíamos discutir este anos todos e depois no momento em que realmente se deve discutir sem qualquer tipo de tabus e barreiras, nós aí não aparecíamos. Não nos parecia lógico, tínhamos de aparecer e continuar o nosso trabalho de discussão do clube, melhoramento, por ideias em cima da mesa, apresentar soluções, e fizemos isso tudo. Na altura, o movimento escolheu-me a mim para encabeçar, com o Nuno Ferreira Leite e o João Pinheiro. Não é o contrário, eu não avancei e depois arranjei um movimento para me apoiar.

«Creio que [Jorge Jesus] veio por uma questão de gratidão a Luís Filipe Vieira»

Falou do treinador. Jorge Jesus regressou e prometeu que o Benfica iria jogar o triplo. Considera que o treinador português ainda tem condições para continuar, face o desempenho da equipa?
Quando fizeram essa pergunta ao Jorge Jesus, ele fugiu à mesma. Para responder, é preciso estar por dentro da organização, e perceber o que se está a passar. Para quem está de fora, e nós não temos nenhum tipo de informação de dentro, é comum dizer que o Jorge Jesus já não tem aquela motivação que tinha quando chegou. Creio que não é muito difícil de perceber isso. Todos nós conhecemos o seu ego, que é um homem muito ambicioso, e acho que não estava no horizonte dele, depois de ter ganho a Taça dos Libertadores e de ter estado na final do Mundial de Clubes, voltar ao sítio onde tinha sido feliz… Há um ditado chinês que diz que nunca se deve voltar ao sítio onde fomos felizes, e acho que não era o que queria fazer. Creio que veio por uma questão de gratidão a Luís Filipe Vieira, porque foi ele na altura que lhe deu o palco e as condições para ter o sucesso que teve, e partir daí ficou com uma gratidão. Acho que veio nessa perspetiva, é a minha leitura de adepto. Não tenho dados para poder substanciar esta matéria.
Acho que foi nesse sentido que ele veio, como provavelmente vieram outras pessoas que apoiaram o Luís Filipe Vieira na altura, foi uma questão de gratidão. Também creio que lhe foi prometido uma série de jogadores, uns vieram, outros não. Criam-se um conjunto de situações que podem levar a uma desmotivação, quando a própria motivação em si não era muito grande, depois qualquer coisa que corra mal, é sempre mais um passo na desmotivação. Ele próprio já veio dizer que se sente sozinho, desprotegido, tirando o Rui Costa, era o único que dava a cara, e penso que não foi isto que lhe prometeram. Se a motivação já não era muita, e em cima disso lhe põe uma série de situações que não era aquilo que estava acordado, é normal que não tenha a maior das motivações para continuar no cargo. Daí a ele sair pelo seu pé… Tenho as minhas dúvidas.

Notícias recentes apontam a vontade de Luís Filipe Vieira em ver Jorge Jesus sair do Benfica, desde que seja pelo próprio pé. Despedir o treinador ou o mesmo sair seria a marca de um projeto falhado?
Contrariamente ao que possam dizer, eu acho que a ligação de Luís Filipe Vieira e Jorge Jesus é uma ligação muito forte, desde logo porque foi um treinador que foi um trunfo eleitoral. Participou ativamente na campanha eleitoral, deu a cara por Luís Filipe Vieira, para a sua eleição, e portanto, foi prometido a todas as pessoas que votaram nele que iria jogar o triplo, que iria arrasar, etc. É claramente alguém a quem esta direção está unilateralmente ligada. Se a direção tivesse sido eleita e tivessem contratado o treinador, obviamente que falhar, podiam falhar. É normal. Não é por cada vez que se despede um treinador que a direção tem de mudar. Agora, este caso é suis generis. Foi um caso apresentado claramente como um trunfo eleitoral e foi de alguém que participou ativamente na campanha. 
Respondendo à questão, eu não acredito, Deus queira que eu me engane, que Jorge Jesus o faça. Se nós olharmos para a situação que ocorreu no vizinho da segunda circular (Sporting), aquele que teoricamente é o clube do seu coração, também não saiu pelo seu pé. Não acredito que, vindo para aqui já com a questão da ingratidão, eventualmente na perspetiva dele, podendo estar a prejudicar a sua ascensão que ele teria sonhado, agora sair pela porta pequena… Eu acho que ele não o vai fazer de ânimo leve. Também não sabemos como é que o Benfica irá tratar isto tudo, já estamos habituados a que a comunicação do clube acabe sempre por arranjar uma solução airosa para maquilhar a situação. Eu, pessoalmente, não acredito que Jorge Jesus saia pelo seu pé, pela porta pequena de ânimo leve.

«É nestas alturas que um líder tem de aparecer»

O silêncio de Luís Filipe Vieira preocupa-o?
Preocupa-me muito, porque, além de me preocupar em termos da motivação, acho que é nestas alturas que um líder tem de aparecer objetivamente, é nesta altura que um líder tem de motivar as suas equipas e, sobretudo, tranquilizar os seus adeptos, e explicar o que se está a passar, como é que isto vai ser solucionado, como é que isto aconteceu, qual é a solução para o futuro e como é que a vamos construir. O seu silêncio é que me diz é que há uma ausência completa de estratégia, só veio confirmar uma ausência de estratégia e de rumo, e não há nada a dizer. 
Veja-se que Rui Costa acaba por dizer uma mão cheia de nada. Veio-nos falar de lugar comuns, que é para homens com coragem… Quer dizer, o rumo? Vamos mudar estes jogadores todos? Vamos voltar a apostar na formação? Vamos continuar a apostar neste jogadores e comprar novos? Enfim, vamos trocar de treinador? Vamos fazer o quê? Qual é a estratégia? E a questão que, até agora, de nenhuma das partes, nós percebemos qual é a estratégia para nos tirarem deste buraco onde nos enfiaram. Isto preocupa-me muito, acho que se a direção tivesse ideias, já as tinha vindo comunicar aos sócios para os tranquilizar, e já tinha de alguma forma tranquilizado os jogadores. Cada vez que sai uma notícia, é para piorar ainda mais esta situação. Há uma situação de dizer que vão cortar os salários, que vão despedir mais de metade da equipa… Acho que isto não é a melhor forma, nem de tranquilizar, nem de motivar os jogador, e o próprio treinador, nem de tranquilizar os adeptos. Voltamos outra vez ao que já disse, à navegação à vista, feita com base na tesouraria e que não há estratégia, não há rumo, ninguém sabe para onde é que isto vai.

Considera que Rui Costa tem dado o corpo às balas? 
Não. Acho que Rui Costa foi forçado, viu-se que foi uma entrevista forçada… Chamar àquilo entrevista, não é bem… Entrevista é isto, eu não sei o que me vão perguntar nem sabem o que vou responder. Ali duvido que estivesse no mesmo pé. Acho que foi uma ação de marketing clara, que não foi conseguida. Penso até que saiu o tiro pela culatra, ou seja, deu para ver a ausência de ideias, de estratégia, de rumo, porque Rui Costa não disse rigorosamente nada, disse o que o qualquer adepto diria, mas ele não é um adepto… É um vice-presidente, devia saber mais do que qualquer um de nós. A parte boa da entrevista foi assumir o erro, mas mas como é que vamos fazer? É que isto só com coragem, só com motivação, só dizer que isto é para homem à séria, não chega. Ninguém está a dizer que quem está lá são ou não homens à séria e deixaram de ser.
Para alguém que é vice-presidente de um clube como o Benfica, tem de dizer um pouco mais, tem de ir mais longe e dizer aos sócios efetivamente o que é que se está a pensar fazer a curto e médio prazo. Rui Costa não foi capaz de fazer isso e não acredito sinceramente que aquela ação de marketing tenha resultado, bem pelo contrário.

«Quem votou nele [Luís Filipe Vieira] devia ser ainda mais exigente do que quem não votou»

Passaram cerca de quatro meses das eleições. Acha que existe a possibilidade de o atual presidente colocar o lugar à disposição ou irá cumprir o mandato até ao fim?
Objetivamente, acho que não. Muito dificilmente, a não ser que haja uma movimentação muito grande dos benfiquistas. Não acredito que Luís Filipe Vieira ponha o lugar à disposição, porque ele é assim. Não lhe queria chamar teimoso, mas vai tentar justificar até às ultimas que ele é que tinha razão. Veja-se o que ele fez com alguns treinadores, em que continuou até ao limite dos limites para justificar que tinha razão, é uma pessoa que vai querer demonstrar que tem razão contra tudo e contra todos. Conseguiu fazer uma vez, ainda bem. Parabéns, mas não voltou a fazer. Voltou a falhar quanto quis trazer Jorge Jesus outra vez, pensava que ia reativar a sua fórmula de sucesso, a fazer com que a água voltasse a passar outra vez por baixo da mesma ponte, e voltou-se a ver que não é verdade. Os provérbios portugueses têm alguma razão, voltou-se a provar que a água não passa duas vezes por baixo da mesma ponte.
As pessoas que votaram em Luís Filipe Vieira tem de ser respeitadas. Agora, acho também é que, e é importante frisar, que essas pessoas não se devem, de forma alguma, sentir reféns do seu voto. Às vezes parece que as pessoas sentem-se reféns do seu voto, que não podem criticar, não podem exigir porque votaram… É exatamente ao contrário. Quem votou nele devia ser ainda mais exigente do que quem não votou, porque são essas pessoas que, no fundo, acreditaram naquilo que Luís Filipe Vieira disse. Quem não votou nele, não acreditou. É normal. Quem votou e está a ver o que se está a passar, devia ser ainda muito mais exigente do que está a ser, e não é isso que nós estamos a assistir. Estamos a ver pessoas que se sentem de alguma forma reféns do seu voto com medo. É o contrário, quem votou deve ser mais exigente e de alguma forma expressar essa sua exigência, porque acreditou no que foi dito. Se as coisas continuarem assim e as pessoas não forem exigentes, Luís Filipe Vieira vai continuar como está… Veremos onde isto vai chegar.

Que repercussões pode ter este “all-in” (expressão do próprio) no futuro do Benfica, face aos resultados desta época?
Podem ser enormes, sobretudo numa matéria: Se não conseguirmos o apuramento para a Liga dos Campeões. Aí acredito que vamos entrar num buraco que dificilmente depois vamos, a curto e médio prazo, conseguir tapar. Temos alguns dos principais patrocinadores a terminar o contrato este ano. Sabendo que nós não vamos estar nas Liga dos Campeões na próxima temporada, obviamente que o poder negocial do Benfica vem por aí abaixo.
Depois, temos a questão da bilhética, de tudo o que tem a ver com a envolvente da publicidade no estádio, que também vai cair. Temos também outro fenómeno, estes jogadores que nós comprámos, grande parte deles só os vamos começar a pagar a partir do verão. Veja-se que isto vai-se somando tudo, por um lado a falta de receitas, e por outro os custos que vão começar a aparecer. E depois temos um mercado que está em baixa, claramente, onde se podia eventualmente vender alguns jogadores a um bom preço, mas como está, com a equipa sem rendimento, com o jogadores a não terem visibilidade, a capacidade de os vender vai ser muito mais reduzida. Está-se aqui a formar o que nós chamamos de tempestade perfeita para que se abra aqui um buraco que depois não sei como é que se pode fechar. Há que ter estratégia, e se for investir novamente, não há dinheiro; se for para ir buscar à formação, temos de conseguir manter esses miúdos na equipa principal através de boas condições, mas não as teremos para oferecer. Podemos entrar numa espiral negativa que pode ser muito prejudicial para o Benfica. Para mim, o ideal, o único objetivo, independentemente de tudo o que ainda está em jogo e é importante ganhar troféus, o Benfica nasceu para ganhar, mas também é importante aqui assegurar o segundo lugar. 

Ainda acredita na conquista do campeonato?
Considero ser um cenário muito complicado… Eu sou benfiquista, estive em Vigo e a perder 7-0 achei que se marcássemos um golo, conseguiríamos dar a volta. Eu sou um optimista por natureza e acho sempre que o Benfica consegue dar a volta. Se me disser que eu sinto nos jogadores essa capacidade? Não sinto. Vê-se os jogos, mas no ano passado tínhamos sete pontos de vantagem e pensava-se que eram favas contadas e perdemos. Nada quer dizer que não possa haver uma catástrofe qualquer, uma mudança em algum dos nossos adversário. Enquanto matematicamente for possível, acredito sempre. Agora, que é muito complicado, segundo o que tenho lido, nunca ninguém conseguiu recuperar uma diferença destas. Independentemente disso, temos de continuar a lutar e, se não chegarmos lá, conseguirmos assegurar o segundo lugar, caso contrário as coisas tornam-se muito complicadas. 

Em relação às eleições, na altura Pinto da Costa manifestou preferência pela continuidade de Luís Filipe Vieira. Que comentário tece, passados estes meses? 
Não teço comentários, acho que são pessoas conhecidas, são amigos, e por uma questão de gratidão, o presidente do FC Porto pode ter dito uma palavra de amizade, mas não acredito sinceramente que isso fosse motivar algum benfiquista a votar em Luís Filipe Vieira, nem acho que haja uma grande manobra. Podíamos estar a especular, não adianta. Foram amigos, conta-se que a dada altura houve uma cumplicidade entre ambos, e penso que, como qualquer amigo, veio dar uma mão. Não acho que seja algo orquestrado, seria mau de mais se o Benfica tivesse de estar a pedir ao presidente do FC Porto para vir ajudar a eleger um presidente, não quero acreditar nessa teoria.

«Se se justificar, obviamente que ele [João Noronha Lopes] estará na primeira linha»

Tem mantido contacto com João Noronha Lopes? Estudam alguma possibilidade de intervenção futura? 
Temos mantido contacto, mas muito fugaz. Como João Noronha Lopes disse na altura, ele nunca vai abdicar do seu benfiquismo, e, se se justificar, obviamente que ele estará na primeira linha, como eu e todos aqueles que fizeram parte destas listas para ajudar o Benfica naquilo que for preciso. Passaram alguns meses das eleições e não temos nada para falar que não tivéssemos falado durante os últimos meses, as nossas ideias estavam muito alinhadas e nada mudou, nem há nada que se justifique voltar a falar por questões das eleições. Como sabe, faltam-nos poucas assinaturas para termos a a Assembleia Geral (AG) Extraordinária, certamente será um dos temas que iremos falar, adianto-me já, ainda vão pensar que esta entrevista estava combinada (risos), mas temos essa AG e convém esclarecer que nós fomos obrigados a convocar, nós nunca quisemos.
Nós consideramos que o Benfica deve ser discutido entre benfiquistas na sua casa, é essa a nossa maneira de ser, e quando vimos para a comunicação social falar sobre o Benfica, é numa perspetiva de chamar os sócios para intervirem mais na vida do clube, não gostamos de discutir em praça pública, essa não é a nossa forma de ser, e por isso mesmo, quando chegou as eleições, foi quando viemos para a rua. Esse é o momento.
Quando terminaram as eleições, fizemos uma carta de dúvidas. Foram as eleições mais participadas de sempre do Benfica, as mais votadas, as mais espalhadas em termos de território nacional, para nós deveria ter sido um orgulho de eleições e não deveriam ter ficado a mínima das dúvidas, sobre nada. E quem ganhou, ganhou. Ponto final. Efetivamente não foi isso que aconteceu. Suscitou-se uma série de dúvidas, o universo benfiquista, mesmo os que votaram numa lista ou noutra, ficaram todos eles com muitas dúvidas. Houve realmente situações inexplicáveis, e o que nós fizemos foi endereçar uma carta ao presidente da AG a solicitar uma reunião urgente para tirar dúvidas como: Porque foi aquela empresa?Porque é que as urnas saíram daquela maneira? Porque é que foram seladas daquela maneira? onde é que estavam as urnas? Porque é que não houve a recontagem dos votos?
Uma coisa para nós que é essencial: Como é que as listas ficaram distribuídas? As eleições mais participadas do Benfica e eu não sei qual foi, por exemplo, a lista que ganhou em Évora…. É algo que em qualquer eleição temos acesso, até em termos históricos é importante saber. Mas nada disso nos foi disponibilizado. O que o presidente da Mesa da Assembleia Geral (MAG), Professor Rui Pereira, nos respondeu, de uma forma muito taxativa, foi que para se falar das eleições tem de ser convocada uma AG extraordinária, que é preciso juntar 10 mil assinaturas. Aquilo que nós estamos a fazer não foi ideia nossa, é importante que fique ciente, foi um repto que, de alguma forma, foi lançado a todos os benfiquistas de que se querem falar de eleições, arranjem uma AG Extraordinária. 

Não teme que, passando o tempo, que essa questões caiam no esquecimento? Já passaram quatro meses, angariando as restantes assinaturas, mais as condicionantes da pandemia, que possa perder algum impacto?
Por isso é que nós recorremos à comunicação social, para não deixar que caiam no esquecimento. Nós falamos sempre e estamos permanentemente em contacto com os meios que nos permitem falar, e nas redes sociais. No próprio requerimento, que estamos constantemente a apresentar, estão lá os pontos que queremos abordar e a verdade é que temos tido nas últimas semanas uma adesão brutal de novas assinaturas e de gente que está muito empenhada, e de pessoas que fazem quilómetros para recolher assinaturas, cada vez mais as pessoas estão empenhadas que esta AG Extraordinária vá para a frente porque nós queremos arrumar este assunto de uma vez por todas, e é um assunto para nós que já devia estar arrumado. Com uma reunião, com as sugestões que fizemos ao presidente da MAG, uma delas muito importante, todos já começam a falar sobre isso, que é fazer um regulamento eleitoral no Benfica, coisa que não existe. Se não se iniciar esta construção, é urgente fazer-se. Se tivéssemos tido esta reunião, este assunto provavelmente já estaria mais que arrumado, estaríamos todos mais que elucidados, agora penso que até foi uma fórmula de a própria direção querer manter este assunto em lume brando… Estamos a fazer a vontade à direção e ao presidente da MAG.

«Se isso tivesse sido feito [regulamento eleitoral], estas eleições provavelmente teriam sido feitas de outra forma»

No requerimento, no ponto quatro, pedem a “discussão e aprovação de proposta de Regulamento Eleitoral”. Se é pedida a mudança, porque não foi pedida antes das eleições, numa análise prévia, para não se suceder o que está suceder agora?
O que aconteceu antes, é informação pública, é que o presidente da MAG foi-nos dizendo ao longo da campanha, e nós, quando digo nós falo em todas as listas, fomos pedindo sempre informações, sabendo que não existia este regulamento.
Acho que as outras listas que até hoje concorreram ao Benfica deveriam ter exigido este regulamento, mesmo depois de perderem. Existe o sentimento de menoridade quando alguém perde uma eleição, para mim não há sentimento nenhum. No mínimo, quem perdeu e de alguma forma andou aí a dizer por todo o lado que as eleições não tinham sido justas, no mínimo o que deveria ter feito é o trabalho que estamos a fazer agora, avançar desde logo para a construção de um regulamento eleitoral, porque se isso tivesse sido feito, estas eleições provavelmente teriam sido feitas de outra forma. Essa água passou, e nós quando iniciámos as eleições pedimos uma série de situações que para nós não estavam claras, e a verdade foi que as respostas que vieram foram sempre extremamente evasivas… “Nós falaremos depois, para a semana, quando as listas tiverem constituídas, não vamos estar a ter uma reunião com uma lista que nem sabemos sequer se pode concorrer”. E, finalmente quando as listas são entregues, é pedida novamente uma reunião para se definir como é que as eleições se iam organizar, e nessa altura é feita uma série de promessas que não se vieram a constatar, nem a cumprir, e a última das quais que já é conhecida. Quando há uma última reunião, onde se tudo ia definir, e o presidente da MAG já nem sequer aparece, envia um secretário para uma reunião que era para ser onde todas as lista deveriam de alguma forma cooperar para se estabelecer as regras da eleição… O secretário chega e comunica que claramente como é que as eleições vão ocorrer, quase como que a dizer “se querem, querem, se não querem, desistam”. Digamos que, penso eu, que foi essa a estratégia montada, levar as listas até ao limite e depois no limite dizer não. E, como nós não compactuamos mais com isso, e como queremos que as próximas eleições do Benfica não voltem a ter os problemas que nós tivemos, tomámos em mão este dossier e é fazer um regulamento eleitoral.

Quer deixar alguma mensagem para os benfiquistas que acompanham o movimento Servir o Benfica?
Os benfiquistas têm de continuar a sua militância. Nós temos de continuar a lutar pelo nosso Benfica. Nós não desistimos do nosso Benfica, é impossível. Nós não sabemos o que é desistir do nosso Benfica, portanto a última coisa que alguém nos pode pedir é que nós façamos a figura dos músicos do Titanic, que é ficar a assistir ao barco a afundar-se e a não fazermos nada, a ficarmos nas nossas casas, a teclar nas redes sociais, e não deixar que a nossa voz venha cá para fora. Eu acredito que se houvesse público nos jogos, toda a gente viria cá para fora falar e a direção hoje em dia não teria uma vida tão cómoda como aquela que tem. O que eu peço a todos é que  continuemos com esta militância que temos de não desistir do Benfica, continuar a lutar pelo Benfica, porque só com essa exigência é que esta direção pode fazer alguma coisa e poderemos voltar a ter as alegrias que tivemos no passado, com esta direção ou com outra.


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