Opinião

Nesta Festa do AVANTE, ou comem todos, ou há moralidade!

Será em Setembro, especificamente nos dias 4, 5 e 6, que se irá realizar a Festa do Avante, a qual tem sido alvo de uma enorme controvérsia.

O tema tem sido amplamente discutido na sociedade portuguesa, mas até ao momento tenho optado por não me pronunciar. Considero oportuno fazê-lo agora, já que algumas mentiras sobre o vírus têm vindo a ser desmistificadas e porque, hoje em dia, temos uma outra percepção das regras de segurança e de prevenção do Covid-19.

Tenho observado que a grande maioria daqueles que são contra a Festa do Avante apenas têm essa posição porque são anti-comunistas, tal como, quem é a favor apenas o é porque comunga da ideologia comunista.

Ambas as razões, meramente ideológicas, são triviais e, sem que a maioria dos portugueses se aperceba disso, poderão até estar a condicionar o combate ao Covid-19, assunto que irei explanar mais à frente.

Nesta discussão em particular, a questão da saúde pública devia ser um dos dois assuntos principais sobre a realização ou não da Festa do Avante.

Assim, questiono: há razões de saúde pública, credíveis e objectivas, para não se realizar a Festa do Avante?

Numa primeira análise, não sendo virologista ou especialista da matéria e tendo de recorrer, como qualquer cidadão, aos dados a que tenho tido acesso ao longo destes meses, sou compelido a dizer que não existem razões de saúde pública para se proibir a Festa do Avante.

Sustento a minha posição naquilo que tenho defendido desde o início da pandemia e que também é atestado pelo Dr. Pedro Simas, reputado virologista do Instituto de Medicina Molecular, da Universidade de Lisboa, “que em termos de dinâmica de infecção, o agente causador da covid-19 é muito semelhante a outros coronavírus já endémicos na população humana, com um impacto muito modesto na saúde pública”.

O nosso foco, desde o início, devia de ter sido defender os grupos de risco e não fechar toda a população portuguesa em casa, pois o covid-19 irá continuar a estar presente nas nossas vidas durante muito tempo, tal como outros tantos vírus que conhecemos.

Relembro que o Presidente da República e o Governo encerraram o país quando existiam apenas cerca de 500 infectados e 2 mortes provocadas por Covid-19, o que causou o caos económico e prejudicou o futuro de muitas famílias.

Então, por que razão, hoje, com 53 548 infectados e 1770 mortes provocadas por Covid-19, não se encerra o país? Alguém me pode explicar a lógica que sustenta esta opção?

Pois, não há…

Acredito que o combate ao Covid-19 não se pode fazer a encerrar tudo e com todos os portugueses em casa, como sempre defendi. Mais uma vez, afirmo que o encerramento do país em Março, Abril e Maio foi um erro colossal, cometido pelo Presidente da República e pelo Governo, pois existiam outras formas de proteger os portugueses e de combater o vírus, nomeadamente criar postos de controlo nas fronteiras, nos portos e nos aeroportos, bem como obrigar à realização de testes e à quarentena obrigatória e compulsiva de quem tivesse dado positivo ao Covid-19 e quisesse entrar em Portugal.

No entanto, todos os que erraram não o querem admitir, pois são políticos e quanto a políticos (de carreira), como diria em tom prepotente um antigo presidente da república, estes nunca erram e raramente se enganam.

Por esse motivo, suponho que vamos continuar a ter de suportar as tristes figuras dos três elementos que diariamente aparecem na televisão a relatar a situação do Covid-19 (uma ministra, um secretário de estado e a directora da DGS) e ter esperança em que o Presidente da República e o Governo não voltem a cometer os mesmos erros de um passado recente e ouçam todos os partidos políticos, pois alguns, que não têm representação parlamentar, como o PDR, apresentaram soluções que só muito mais tarde foram aplicadas pelo executivo.

Voltando ao tema principal, pergunto o seguinte: A Festa do Avante é diferente de outros eventos que estão a decorrer, e bem, por todo o país? Ou, será que na Festa do Avante as pessoas vão estar mais expostas ao Covid-19 do que aquelas que diariamente frequentam pastelarias ou cafés e que quando se sentam nas mesas retiram as máscaras, ficando, como por milagre, imunes à propagação do vírus num local fechado?

Podia dar outros exemplos absurdos, tais como ser admissível ter público a assistir a touradas ou espetáculos, mas terem proibido espectadores nos estádios de futebol ou terem permitido a abertura das discotecas até às 20h00 e sem pistas de dança.

E já que estou a comentar o absurdo de algumas normas da DGS, parece que o Covid-19 não ataca à noite, pois quem utiliza os transportes públicos durante o dia, juntamente com centenas de milhares de pessoas, mais do que aquelas que vão à Festa do Avante, fica imune ao vírus enquanto percorre o trajecto casa/trabalho/casa.

De mentira em mentira, de erro em erro, vamos sendo enganados até à bancarrota total.

Relembro que para a Festa do Avante foram criadas regras sanitárias especificas, que a serem integralmente cumpridas, supostamente, nada temos a recear.

Ou seja, não existem razões objectivas de saúde pública para que alguém seja contra a Festa do Avante, pois o Presidente da República promulgou, o Governo aprovou e a DGS certificará.

Acredito que não existirão consequências para a saúde pública e que, por essa razão, a realização da Festa do Avante, futuramente, pode promover a abertura dos negócios que estão fechados ou a trabalhar a meio-gás, ajudando a impedir a catástrofe económica que se avizinha.

Mas existe uma outra questão que ainda não referi, a qual muda, provavelmente, o que o leitor está a pensar sobre este texto.

Para além da saúde pública, também devemos tomar em consideração a solidariedade e respeito para com todos aqueles que têm combatido esta pandemia e por quem tem sido seriamente prejudicado com as restrições impostas pelo Governo.

A Festa irá realizar-se porque existe o superior interesse económico de um partido que poderá perder milhões de euros se não a fizer e poucos são aqueles que têm falado abertamente sobre isso.

Inexplicavelmente o PCP terá direito a uma excepção na lei, que os empresários e trabalhadores de eventos, bares e discotecas, entre outros, não tiveram.

É inadmissível que a Festa do Avante tenha direito a excepções na lei que cidadãos comuns, que precisam de sustentar as suas famílias, não têm.

E o Governo e o Presidente da República alinham nesta vergonha porque, caso contrário, o PCP pode acabar com a “geringonça” ou até ir mais longe e prejudicar outros interesses escondidos do PS.

Em Portugal os partidos políticos estão habituados a serem excepcionados em tudo e mais alguma coisa, mas isso tem de terminar, pois os partidos deviam de existir para o bem das pessoas e não o contrário.

A Festa do Avante só devia ser permitida caso quem trabalha ou quem tem negócios e está impossibilitado de os abrir em pleno, o pudesse fazer também com as mesmas excepções.

Por último, relembro as palavras do saudoso António Silva, no filme O Leão da Estrela: “Nesta casa, ou comem todos, ou há moralidade”. Pois, eu digo: Nesta Festa do Avante, ou comem todos, ou há moralidade!

E é por essa razão que, este ano, sou contra a realização da Festa do Avante!


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