Almada

«Nenhum parecer obriga a Câmara a retirar o pavimento na Fonte da Telha»

O tema da tarde da reunião camarária desta segunda-feira na Câmara Municipal de Almada foi a questão levantada em alguma comunicação social sobre a possibilidade da autarquia vir a ser ‘obrigada’ a retirar o asfaltamento que ali foi colocado este ano, levantada pelo vereador do BE, Luís Filipe e vereador José Gonçalves da CDU.

“É extraordinário como se divulgam notícias e depois vamos ler os pareceres não está lá em lado nenhum que a Câmara Municipal de Almada vai ser obrigada a retirar o pavimento nem que vamos ter de pagar 5 milhões de euros, quando aquelas coimas até começam nos dois mil euros. Mas colocar ‘cinco milhões’ dá mais impacto junto da população e depois temos os munícipes a questionarem sobre o que se passa” referiu o vereador Miguel Salvado (PSD).

O responsável pelo pelouro das obras no local criticou também a intervenção do presidente da ZERO na audiência no Parlamento solicitada pelo PCP, “que me deixou perplexo pelas críticas que fez à equipa da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa, que elaborou o estudo prévio sobre a obra na Fonte da Telha.”

A crítica ao presidente da ZERO fora também apresentada pela presidente Inês de Medeiros que deixou o “mais veemente repúdio pela forma como a FCT foi tratada e classificada pelo presidente da ZERO na audição na Assembleia da República, que também é ali professor e cujos membros da sua equipa também fazem parte do grupo que está a avaliar o assunto, com pessoas de muito mérito.”

«Gosto da CDU pelo ‘buraco na estrada’»

Inês de Medeiros criticou ainda o posicionamento da CDU “perante o trabalho que a autarquia tem feito na Fonte da Telha, onde temos tentado garantir a habitação das pessoas em POC para aumentar a parte construtível, de forma a poder acolher a comunidade piscatória e os que vivem no território e os seus familiares.

Nunca pensámos foi que a CDU fosse tão contra, mas tão contra a beneficiação da Fonte da Telha que até a requalificação de uma via vos pusesse fora de vós. É muito estranho, não basta não ter feito como não desistem do vosso gosto do buraco na estrada.”

Inês de Medeiros explicou o processo que tem estado a decorrer sobre as obras na Fonte da Telha, “em que recebemos no dia 14 os relatórios finais da CCDR e da APA, que mantêm o seu parecer desfavorável”.

Duna ou areia de praia

“Tivemos uma reunião de imediato com a APA à qual exigimos que nos expliquem cientificamente os pontos que agora colocam em causa, porque dizem que a obra está feita sobre a duna quando, pela cartografia mais recente da Área Metropolitana de Lisboa feita em 2005, veio confirmar a Cartografia Geológica de 1994 da área de Setúbal, onde está claramente dito que não há formação geológica naquela zona, que está classificada como areia de praias, e a duna está mais acima, e vai até à Costa da Caparica, nomeadamente por debaixo de todos os parques de Campismo, que também estão em zona de REN.

Quer isso dizer que não deve ser protegido e não se podem formar dunas? Claro que não e foi por isso que fizemos a intervenção.

Outro aspecto tem a ver com a APA e a CCDR vincularem a Câmara Municipal ao Plano Pormenor da Fonte da Telha, que no anterior mandato desta Câmara foi extinto.

Esta é uma situação muito bizarra, e que até coloca em causa o poder local democrático, porque anula uma decisão tomada pela própria autarquia e foi uma das perguntas que fizemos em sede de audiência de interessados,

E relembro que esse PP iria levar à demolição de casas na Fonte da Telha e à criação de bolsas de estacionamento para até 900 carros.”

A presidente apresentou depois dados do “estudo provisório da FCT que refere que com a diminuição de lugares de estacionamento libertámos até 40% da área natural na zona, com as obras, permitindo a criação de nova vegetação e até de duna.

Não existiu um aumento de estacionamento mas sim uma diminuição de 3.500 m2 e uma redução na ordem dos 350 veículos em lugares de estacionamento, o que leva também a uma melhoria do acesso de socorro às praias.”

Relativamente ao material utilizado no asfaltamento “este tem qualidades drenantes e até para o verificar hoje mesmo, com a chuvada que está a ocorrer, pedi aos serviços para irem verificar a via e já me disseram que não há poças de água, ao contrário de onde ainda está o macadante e noutras vias.”

Também na questão do aquífero que atravessa a zona “e vai até Ponte de Sor, a Câmara Municipal não fez ali uma intervenção em profundidade, porque por baixo do que colocámos a via estava totalmente impermeabilizada por anos e anos de colocação de macadante. Agora pergunto, de que modo é que a redução daquela via coloca em causa o aquífero?

No estudo preliminar é referido que não há risco de lixiviação e que as misturas betuminosas não contendo alcatrão, são considerados como resíduos não perigosos, e no final do seu tempo de vida terá de ser feita a reciclagem do material.”

Em jeito de balanço, Miguel Salvado frisou que “neste momento temos os moradores e os concessionários a dizer que tudo melhorou.

Para todos os efeitos a Fonte da Telha tem muitos problemas que não foram tidos em conta nos anteriores mandatos. Ninguém se preocupa ou preocupou que todo aquele saneamento seja de fossa, e que se infiltre no aquífero ou só o betuminoso é que conta.”


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2 Comentários

  1. Até que enfim que há quem se preocupe e principalmente PROPORCIONE condições aos locais e visitantes. Respeitar o ambiente é importante e uma obrigação de todos e, de acordo com o que foi dito, o pavimento aplicado respeita os requisitos necessários. Até que enfim algum faz alguma coisa! Durante anos o acesso era um verdadeiro buraco, cheio de pó, onde a desorganização promovia todo o tipo de desrespeito e atropelo. Durante anos o poder local foi completamente inoperante quanto às condições de saneamento, ordenação do território e planeamento. Agora, que alguém fez o que os locais há muito desejavam e mereciam, surge quem NUNCA nada fez a tentar denegrir um melhoramento evidente. Espero que NUNCA mais voltem ao poder na CMA. São o verdadeiro exemplo de “empata @@odas”: não fazem nem saem de cima…

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