Opinião

Natal: Uma maçã envenenada. Resultado? Novo confinamento

Uma crónica de Miguel Nunes.

O governo Português decidiu aliviar as medidas de restrição na época do natal. O Presidente da República chamou-lhe de voto de confiança para com os portugueses. O resultado está à vista! Vamos entrar em novo confinamento, já na próxima quinta-feira. Parece que continuamos a não aprender com os erros do passado, e o governo já errou por três vezes. Este último erro era facilmente evitável.

Ao passo que na maioria dos outros países da União Europeia, prepararam um natal, com algumas restrições, o nosso governo brindou-nos com um presente, ao que parece, envenenado, de não haver qualquer restrição, para que todos passássemos um natal, dentro da “normalidade”.

Como se pôde constatar, tal presente veio trazer consequências, como nunca tínhamos tido até então. Os números começaram a disparar, os hospitais começaram a ficar lotados com o disparo de casos de internamentos, e a única solução será fechar de novo o país. Em apenas 4 dias, tivemos mais de 40.000 casos, o que representaria este número, em tempos antigos e de algumas restrições a quase um mês de casos diários, para perfazer este número. Portugal em consequência deste aumento, voltou a estar categorizado, comparativamente a outros países da EU, como de alto risco.

A esperança de uma vacinação em massa também veio contribuir para que a população aumentasse a confiança e de certo modo, se desleixasse com as medidas de prevenção ao combate do vírus. É caso para dizer que este ano não começámos com o slogan típico de todos os anos de “ano novo, vida nova”, mas antes de “ano novo, novo confinamento”.

O Governo assumiu a culpa, deste enorme falhanço e vamos mesmo ter de voltar a um confinamento, como tivemos anteriormente em Março. Está previsto, mas ainda não decidido que o mesmo terá uma duração mínima de 15 dias, iniciando-se a 14 de Janeiro, mas os especialistas indicam que tal período pode ser insuficiente para conseguirmos baixar os números que temos tido diariamente.

Quanto às exepções e comparativamente ao confinamento de Março, a indústria deve continuar a laborar, dado que é impossível em certos ramos de actividade a sua produção por tele-trabalho.

No que diz respeito à restauração, o grande sector que tem vindo a ser mais crucificado, deverá ser limitado e readaptado para o sistema de take away, e os supermercados não devem fechar, dado que se tratam de venda de bens de primeira necessidade.

A grande incerteza, passa perante a abertura ou não das escolas. Pois bem, vários analistas dizem que o número de contágios em escola é mínimo e que não há grandes efeitos à propagação do vírus. Pois bem, quanto a esta questão tenho algumas reservas. O registo de maiores casos escolares é registado no ensino secundário e universitário. A solução poderá por se manter abertas as creches e o ensino primário, pois são aqueles que a aprendizagem presencial se torna mais necessária para a captação de bases de educação e de aprendizagem, contudo esta geração de ensino, isto é, aqueles que neste momento estão no ensino primário, secundário, vão sofrer com estas interrupções lectivas, dado que o ensinamento não são transmitidos da mesma forma, e consequentemente poderá trazer algumas lacunas de aprendizagem, o que se traduz numa maior desigualdade de ensino no processo educativo.

No que diz respeito às universidades, pois bem, algumas deverão fechar, e ser trocado o ensino presencial, para o ensino à distância, em alguns cursos em que os mesmos possam ser feitos. Deverá ser uma escolha facultativa, mas que caberá às universidades essa decisão. O problema do ensino presencial é que na maioria das vezes não estão reunidas as condições de segurança para que tal aconteça. Casos de exames e frequências em salas ou auditórios com mais de 100 pessoas, como se vê em certas universidades, sem o mínimo de segurança não poderão ser tolerados. Os alunos calam-se com medo de represálias, e não divulgam.

O problema reside também no convívio fora do recinto escolar, porque é natural os ajuntamentos entre estudantes à porta das escolas e universidades, jantares e almoços clandestinos na casa uns dos outros e até mesmo festas ilegais, que depois se podem converter em casos de propagação do vírus para dentro do recinto escolar, afectando os restantes colegas, professores, etc.

O governo está muito dividido quanto ao fecho das escolas, mas amanhã provavelmente e depois de ouvidos os especialistas, já teremos algum desfecho.

Penso que o povo português não vai ser tao tolerante, no que respeita a este novo confinamento, pois está farto de tanta incompetência por parte do governo e vai começar a acusar também cansaço, o que pode levar a alguma parte dos portugueses a incumprir algumas regras de confinamento.

Esperemos que o governo adopte medidas de ajuda aos sectores que vão ser mais prejudicados e que se inicie medidas de ajuda à população, que face a este novo confinamento deixará de poder pagar alguma das suas despesas, o que acarretará a um maior endividamento das famílias portuguesas, que algumas se associam a um aumento do desemprego, em virtude da crise que estamos a viver. Caberá ao esforço dos municípios, por exemplo a isenção de algumas taxas, de luz e água, por exemplo, que muita das vezes são maiores do que o próprio custo de consumo.

Esperemos que os erros não se voltem a repetir, mais uma vez.


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