Apesar da excecionalidade dos tempos em que vivemos a Educação tem e deve continuar a ter um papel fundamental na formação e capacitação de uma sociedade e para o estabelecimento da igualdade de oportunidades e ascendência social dos alunos. São valores que num período de cerceamento de liberdades, e numa semana em que falámos tanto de liberdade, se reforçam no âmago de cada um.
Regressámos à escola doméstica e com mais ou menos dificuldades famílias inteiras um pouco por todo o país antecipando-se ao Governo ensinaram-lhe uma lição!
A ser verdade e concretizável a estratégia que o Governo de Portugal estabeleceu para os 11º e 12º anos do ensino secundário retomando assim as atividades letivas às disciplinas com exame nacional de acesso ao ensino superior, também é verdade que a estratégia delineada para o ensino básico traz à tona, especialmente neste quadrante de ensino, as desigualdades sociais entre os alunos.
São múltiplos os motivos, seja a condição financeiramente desfavorável das famílias que não garantem um computador para cada aluno, a impossibilidade da existência de rede de internet ou até mesmo condições domésticas que não garantem ao aluno a concentração desejada para acompanhamento e realização de trabalhos.
Seguindo o mote da preocupação que este tema levanta para as famílias e para os jovens e o seu acesso ao ensino à distância, a Juventude Popular Distrital de Setúbal através das suas concelhias, elaborou um conjunto de questões relacionadas com o acesso aos conteúdos digitais, das aulas à distância. Os executivos das Câmaras Municipais do Distrito de Setúbal foram questionados se tinham conhecimento do número de alunos que não tem um computador ou dispositivo semelhante, e qual a estratégia a adoptar para auxiliar esses mesmos alunos.
A preocupação foi ignorada, e o silêncio daí resultante não poderia ser mais castrador da voz que estes alunos deixam de ter, do conteúdo que deixam aprender, do caminho que são impossibilitados de percorrer.
Que os partidos encarnadinhos e rosinhas que compõem a generalidade dos executivos camarários de todo o Distrito de Setúbal se considerem donos e senhores dos direitos liberdades e garantias, isso não é novidade. Porém, esta propriedade de que se consideram detentores, serve apenas para propaganda e compor discursos muito arranjadinhos em efemérides como aquela que celebrámos no passado dia 25 de abril.
No objetivo de se considerarem proprietários desses conceitos, esqueceram-se daqueles que hoje, mais que nunca, esperam por esses direitos. Esperam por um computador, esperam por uma ligação de internet, esperam que não seja pela sua condição económica que sejam deixados para trás. Aqueles que esperam ir à escola, mesmo que isso só signifique ligar um computador. Que esperam ver os seus colegas e amigos, ainda que à distância. Esperam ser reconhecidos como iguais, ainda que os que se consideram donos dos direitos liberdades e garantias não lhes confiram essa igualdade de oportunidades.
Aqueles que esperam, e esperam e continuam a esperar! Bem sabemos que no campo doméstico a atuação das autarquias é limitada, mas sabemos também e acompanhando as preocupações da Juventude Popular Distrital de Setúbal que há sempre mais qualquer coisa que pudemos fazer para ajudar aqueles mais necessitam!
Naquela esperança cujas raízes profundas não gelam, deixamos algumas das questões – Pode ser que “Eles” as vejam!
- Qual o número de alunos do município que não tem acesso a um computador ou equipamento equiparável (tablet, smartphone…)?
- Qual o número de alunos que não têm acesso à internet ou cuja localização de residência não lhes confere uma ligação estável?
- O Município delineou alguma estratégia para fazer face a este problema? Se sim, qual?
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