‘Nada de anormal’ ocorreu na produção da Megasa para causar poluição
O diretor de relações institucionais da Megasa/Siderurgia Nacional afirmou hoje que não ocorreu nada de ‘anormal’ no processo produtivo da empresa que justifique as poeiras negras e brancas na Aldeia de Paio Pires, no Seixal.
Segundo Luís Morais «não tivemos nada de anormal e invulgar no nosso processo produtivo que justifique a ocorrência e somos os primeiros interessados em saber o que se passa. O que podemos dizer é que todo o processo é tomado com todo o cuidado, utilizamos canhões desmobilizadores e aspersores».
O responsável falava aos jornalistas após a visita da Comissão Parlamentar de Ambiente às instalações da SN-Seixal, detida pelo grupo espanhol Megasa, que tem sido acusada pelos moradores, autarquia e associações de poluir as áreas circundantes, com várias fotos e vídeos que circulam nas redes sociais, dando conta da poluição sonora durante a noite e ainda das limalhas, pó branco e fumos que são expelidos pelos sistemas da empresa.
Por sua vez, a Megasa garante que «tem total abertura para que vejam a fábrica» e explicou que tem analisado as reclamações dos moradores em relação às poeiras brancas e negras que se acumulam nas habitações e viaturas, para determinar «se é da responsabilidade da empresa».
Já quando quando questionado se já foi possível investigar as partículas que se acumulam na freguesia, o diretor da Megasa indicou que essa determinação «não é tão simples como se possa pensar», devido aos materiais que não estão tratados.
Garantiu ainda, em relação à poluição sonora que «todos os ruídos que são nossos, temos resolvido. A fábrica de gases industriais foi um investimento de 20 milhões de euros e que se destinava também a reduzir o ruído e reduziu.»
Luís Morais assegurou que a Siderurgia Nacional tem efetuado todas as medidas necessárias para evitar o impacto no ambiente. «O que equacionamos, e não se verificou, foi avaliar se algo possa ter corrido mal que possa gerar isto e o que concluímos é que não ocorreu. Caso tivesse corrido, éramos os primeiros interessados em resolver o assunto. Estamos aqui há mais de 20 anos, já fizemos investimentos de mais de 370 milhões e continuaremos a investir porque é aqui que queremos ficar.»
O diretor da Siderurgia avançou ainda que existem vários investimentos previstos a nível ambiental, como a insonorização das naves de aciaria para reduzir o ruído, a construção de barreiras acústicas e o alargamento de zonas de basculamento de escória.
Luís Morais desmentiu as declarações do grupo de moradores Os Contaminados, de que quando é efetuada a medição da qualidade do ar na Siderurgia, de seis em seis meses, a empresa ‘trabalha a mínimos’.
Comissão Parlamentar dá razão a população
O presidente da Comissão Parlamentar de Ambiente, Pedro Soares (BE), deu razão à preocupação da população sobre os problemas de poluição da Megasa, e considerou a visita ao espaço como «muito esclarecedora».
Para Pedro Soares «é evidente que há um problema de ruído e de poluição. A empresa tem procurado fazer algum investimento no sentido do controle, mas é assumido que ainda não é o suficiente e tem de continuar. Há o compromisso de construir barreiras de ruído até ao final do ano. Do que foi possível observar na visita à fábrica, a principal fonte de emissão de poeiras é o processo industrial na aciaria, embora existam outros problemas.»
Outra questão que os deputados puderam verificar foi a escassa rede de monitorização da qualidade do ar, uma vez que a única estação de monitorização que existe para essas partículas está no Laranjeiro, a sete quilómetros de Paio Pires e os dados não estão a ser monitorizados.
«O que vamos fazer é tomar medidas junto do Governo, do Ministério do Ambiente e da Agência Portuguesa do Ambiente (APA) no sentido se verificar o cumprimento da licença ambiental. Do nosso ponto de vista há situações que não estão a ser cumpridas. (…) É necessário confrontar a APA com esta questão para que hajam conclusões.»
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