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Mourinho – Quando “Good” se destacar do “Special”

O sexto lugar actual do Tottenham e a eliminação dos Oitavos de Final da Liga Europa, após a derrota por 3 a 0 com o Dínamo de Zagreb, lançam mais dúvidas sobre a continuidade de Mourinho à frente dos Spurs.
 
 Com contrato até 2023 e uma cláusula indemnizatória que ronda os 40 milhões, Mourinho é de novo um dos temas mais falados no futebol actual, mas novamente pela possibilidade de ser despedido.
 
Temos de recuar até 1987 para ver o final da carreira do “médio” José Mourinho e o inicio da carreira do “Special” treinador.
 
O Setúbal e o Estrela da Amadora foram o seu pontapé de saída, mas é Sir Bobby Robson que lança Mourinho para a ribalta. Primeiro no Sporting, depois no FC Porto e finalmente no FC Barcelona. O adjunto e tradutor/intérprete foi assimilando conhecimento e experiência. Robson sai do FC Barcelona e Mourinho continua a sua caminhada, agora sob o comando de Louis Van Gaal.
 
No ano 2000 o Benfica, de Vale e Azevedo, dá a primeira oportunidade a Mourinho de ser treinador principal. Uma etapa curta que teve o seu momento alto na vitória por 3 a 0 sobre o Sporting. Vale a Azevedo é substituído por Manuel Vilarinho e, pouco depois, Mourinho é trocado por Toni. Durante estas mudanças na Luz, o Sporting lança o convite a Mourinho para ser o seu treinador principal, mas os gestos de Mourinho, no meio do relvado, após a vitória sobre os Leões, não foram esquecidos pelos adeptos verde e brancos, que levam Luís Duque a “rasgar” o contrato apalavrado.
 
 Mourinho vai para o União de Leiria e o seu trabalho é recompensado com o convite do FC Porto.
 
 Inicia a época de “Ouro” de José Mourinho:

  • FC Porto – 2001 a 2004;
  • Chelsea – 2004 a 2007;
  • Inter – 2008 a 2010;
  • Real Madrid – 2010 a 2013.

Entre outros títulos, Mourinho é campeão por duas vezes no FC Porto, conquistando, ainda, a Taça UEFA e, no ano seguinte, a Liga dos Campeões. No Chelsea, que se debatia com uma ausência de títulos, fazia décadas, é campeão por duas vezes. No Inter de Milão volta a ser campeão por duas vezes e conquista novamente a Liga dos Campeões. No Real Madrid é campeão fazendo frente ao quase imbatível FC Barcelona.
 
Depois de um período difícil em Madrid, como uma relação de amor/ódio com os adeptos do Real, Mourinho decide voltar ao Clube que o fez sentir o “Special” One, o Chelsea. Voltar a ganhar o campeonato era um objectivo, mas a conquista da Liga dos Campeões era a meta proposta. Voltou a ser campeão, mas não conseguiu a conquista da cobiçada “Taça” dos Campeões. Polémicas, com alguns jogadores e com uma “médica”, levaram ao seu despedimento, em Dezembro de 2015.
 
 Com momentos de pausa pelo meio, o Manchester United e o Tottenham Hotspur foram as equipas que se seguiram.
 
Mourinho tinha o “toque” de Midas no futebol, pois onde tocava virava “Ouro”. No Porto ganha de seguida a Taça UEFA e a Liga dos Campeões. Torna o Chelsea campeão 50 (!) anos depois. O Inter volta à ribalta do futebol italiano e Europeu e o Real Madrid destrona o todo-poderoso FC Barcelona.
 
Carisma, liderança e know how (técnica e tacticamente), eram os atributos principais que todos reconheciam a Mourinho.
 
 A partir de 2013 o Special One virou The Medium One…
 
Chelsea é campeão mas não ganha a Liga dos Campeões. O novo despedimento “marca” esta etapa da carreira de Mourinho.
 
Regressa à Premier League para abraçar o projecto “Manchester United”. Em títulos, Mourinho conquistou três logo na sua temporada de estreia, em 2016/17. Uma Supertaça da Inglaterra, uma Liga Europa e uma Taça da Liga Inglesa. Mas o que lhe era exigido esteve sempre longe de acontecer. Na Liga dos Campeões nem à final chegou e, no campeonato, na primeira temporada, terminou em sexto lugar, com 24 pontos atrás do campeão Chelsea. Na segunda temporada acabou em segundo lugar com 19 pontos atrás do campeão Manchester City. Na terceira temporada acaba despedido quando a diferença para o líder Liverpool se avolumava.
 
Mourinho fez uma paragem na sua carreira. Quis tempo para pensar e escolher o projecto adequado para dar seguimento ao seu trabalho.
 
Nessa altura vaticinei que um grande projecto para Mourinho seria na Bundesliga, com o Borussia de Dortmund. Um Clube com uma massa associativa especial, sedenta de títulos, num campeonato onde Mourinho ainda não se estreou e onde poderia adicionar títulos à sua carreira. Mourinho escolheu voltar à Premier League e agora para o Tottenham Hotspur. Aquilo que lhe era pedido era repetir o feito de 2004 com o Chelsea, ser campeão.
 
Na primeira temporada o Tottenham acabou em sexto lugar e foi eliminado nos Oitavos de Final da Liga dos Campeões frente ao RB Leipzig. Mesmo assim, os adeptos não ficaram desiludidos, e foram criando alguns laços com o treinador português. A esperança era uma, ser campeão. Mas esta temporada o desempenho desportivo ainda não melhorou, apesar de um inicio prometedor.
 
Mourinho começou novamente a ser alvo de desconfiança. Os seus métodos de treino e modelo de jogo, que já eram vistos como pragmáticos, são novamente realçados como ultrapassados, e a sua capacidade de liderança é questionada, quando se vê o pouco empenho dos seus atletas em algumas partidas. Com isto o seu “carisma” vai-se perdendo.
 
Mourinho tem de refletir um pouco, e não digo fazer um novo intervalo na carreira. Tem de rapidamente compreender tudo o que está à sua volta. A sua carreira entre 2001 e 2013 foi tudo o que um treinador pode sonhar. Ele chegava e dizia “vou vencer”, e vencia! O sentimento de ser o “Special” One era uma combinação do seu talento e dos seus resultados “instantâneos”. Todos se rendiam aos seus feitos e conquistas. Ele era bom e os seus resultados “especiais”.
 
Mourinho tem de fazer vingar novamente esse seu talento: ser bom treinador, querer ser sempre o melhor. Mas para ser bom, tem de voltar a vencer. Tem de ser campeão. E a Liga dos Campeões tem de ser vista em segundo plano na época do “regresso”. A estrela “especial”, que o acompanhou por 13 (!) anos, já não existe, mas o seu talento está lá, basta ele se focar para o fazer sobressair de novo.
 
 É tempo de Mourinho esquecer o “Special” e voltar a se focar no ser The Good!


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