Opinião

Montijo | O aeroporto, o trânsito e a cidade

Uma crónica de Virgilio Oliveira

No decurso deste meu balanço, tentarei caracterizar de uma forma necessariamente sintética, a situação actual da rede viária da cidade de Montijo, e as perspectivas futuras em termos de acessibilidades.

Mais exactamente, formularei duas questões muito simples, mas essenciais, como as seguintes:
– Qual é a posição presente da rede viária da cidade quanto à integração da mesma, face ao futuro?
– Quais as condições indispensáveis para que o Montijo esteja em situação de desempenhar cabalmente, no futuro, o seu papel no que concerne a uma maior segurança e fluidez no tráfego rodoviário?

Actualmente, as acessibilidades complementares existentes, ou seja, as circulares ou vias de cintura internas ou externas, representam ainda menos de 11% em relação às acessibilidades registadas nas vias do interior da cidade, proporção esta anormalmente desnivelada, o que traduz ou a fraca amplitude da rede de acessibilidades complementares da cidade, ou uma continuidade, caracterizada pela habituação, nos circuitos interiores. Entenda-se aqui por acessibilidade, o grau relativo de facilidade com que se atinge um determinado lugar a partir de outros, estando o grau de acessibilidade directamente relacionado com o número de ligações directas: logo, quanto maior for o número de ligações directas maior será o grau de acessibilidade.

Temos ainda, por outro lado, no Montijo, a utilização dos eixos “principais” rodoviários comuns, a atingirem ainda cerca de 82% (média diária) o que é manifestamente significativo e até preocupante. Deparara-se-nos aqui, um primeiro e fundamental ponto a assinalar.

Em segundo lugar, com o crescente, e previsto, índice demográfico do Concelho, e outras situações em curso, o trânsito automóvel irá aumentar seguramente na ordem dos 6,3% anualmente, tornando-se assim urgente a racionalização (expansão e reestruturação) da rede de acessibilidades existente.

Numa palavra, há que enfrentar a questão base: são precisas mais acessibilidades, ou pelo contrário, há prioritariamente necessidade de se coordenar melhor as já existentes, no que diz respeito ao fluxo rodoviário presente e de futuro?! Atente-se que quer as acessibilidades complementares (anéis externos) quer as citadinas, em alguns troços estão já a ficar saturadas, havendo, pois aqui já indícios de se ponderar seriamente sobre esta questão.

Ainda e, sobre a prevista construção de um Aeroporto Complementar no Montijo e com todas as consequências que dai advirão para o trânsito citadino, deverá imediato ser já equacionado que o aumento do fluxo rodoviário, mesmo com as novas vias que se anunciam, que a rede viária irá degradar-se anualmente, em cerca de 10%, registando-se actualmente esse desgaste na ordem dos 6%.
Sendo algumas das vias novas anunciadas, originárias de contrapartidas, e assim a ser, duvida-se muito naturalmente qual o tipo de pavimento a colocar (grau de desgaste).

Assim, a degradação média anual dessas mesmas vias poderá vir a ser muito superior ao previsto, com todos os efeitos da manutenção, logo custos, que dai advirão e das consequentes alterações pontuais ao trânsito.

Em suma, não basta só criar novas acessibilidades é, e isto é tão ou mais importante de que tudo o resto, necessário e urgente que se tome consciência dos problemas que o trânsito tem no dia-a-dia, não só hoje, mas e também amanhã, e que a qualidade das vias seja eficaz.

Encaremos ainda o aumento, previsto, do índice populacional do Concelho, acoplado ao novo Aeroporto, que virá trazer para a cidade um aumento significativo e gradual do trânsito automóvel, isso é inquestionável e irreversível.

Assim, este crescente movimento, associado à localização e traçado da malha urbana, com características específicas, faz com que seja urgente separar, o trânsito citadino do periférico, os ligeiros dos pesados e melhorar a mobilidade e, isto essencialmente para preservar a zona citadina e toda a sua estrutura viária envolvente, mas não só, que terá de sofrer algumas mudanças profundas, salvaguardando-se sempre a segurança quer dos condutores, quer dos peões.

Entretanto, e na impossibilidade de se tomar de início algumas medidas, e da não concretização das mesmas, o trânsito na cidade tenderá a asfixiar-se e então aí! será mesmo” preferível trocar o automóvel pela bicicleta, o que não será de todo inoportuno!


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