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Montijo | Municípios continuam contra o aeroporto

O presidente da Associação de Municípios da Região de Setúbal afirmou hoje que a escolha do Montijo como novo aeroporto de Lisboa continua a ser rejeitada pela maioria dos municípios e agentes económicos da região.

Rui Garcia, também presidente da Câmara da Moita, um dos municípios que deu parecer negativo à localização do aeroporto no Montijo, considerou ainda que a melhor forma para ultrapassar a recusa dos municípios a esta opção não será, como pretende o Governo, alterar a lei para que o veto das autarquias deixe de ser vinculativo nos projetos estratégicos nacionais.

O autarca destacou que seis dos 11 municípios da associação deram parecer negativo ao projeto no Montijo, entre os quais o da Moita e o do Seixal, dois municípios comunistas diretamente afetados pelo aeroporto.

“Nós pensamos que mudar as regras no decurso do processo não é a melhor maneira. A lei como existe até agora tem um fundamento bondoso, que é permitir que os municípios tomem parte nas decisões que são tomadas sobre os seus territórios”, disse, considerando que o objetivo tem de ser “procurar consensos e não foi isso que aconteceu em todo este processo”.

O responsável assinalou que nos últimos anos se ouviu falar na solução Montijo e até na assinatura de contratos, mas apenas no início de 2020 os autarcas tiveram contactos com o Governo sobre esta matéria.

 “O que está em causa não é o poder de veto, mas a inclusão dos municípios nas tomadas de decisão que afetam o seu território. Do que se trata é de processos de decisão partilhados e de construir consensos que foi o que não aconteceu aqui”, acrescentou, numa audição parlamentar sobre a localização do novo aeroporto.

Rui Garcia destacou os graves impactos ambientais que a localização no Montijo terá para a região, com riscos para a aeronáutica, devido às aves que ali habitam, e para a navegação no canal que passa junto à pista.

Destacou ainda os “impactos para a população”, que deve “ter a primazia nesta solução”, numa zona densamente povoada, onde vivem 150 a 200 mil pessoas, salientando que, quando se fala em propostas para mitigação desses impactos “há impactos que não são mitigáveis”.

“Sobretudo porque existe uma alternativa que não tem estes impactos”, afirmou, referindo-se à localização do novo aeroporto no campo de tiro de Alcochete.

O presidente da Moita acrescentou que não é preciso uma nova avaliação ambiental estratégica, já que o estudo está feito há mais de 10 anos pelo Laboratório Nacional de Engenharia Civil e não há indicação de que algo tenha mudado.

No entanto, a haver uma nova avaliação, ela terá de ser feita por uma entidade “absolutamente isenta”, para que as conclusões não estejam condicionadas à partida pela solução no Montijo.

“Esta decisão tem de ser pensada a longo prazo e está mais do que demonstrado que a solução do Montijo terá uma vida curta” e está “mais do que provado que daqui a 20 ou 30 anos teríamos de estar de novo a pensar numa solução”, disse.

Rui Garcia recusou ainda que a construção de uma nova ponte sobre o Tejo esteja dependente da escolha da localização do novo aeroporto.

“A terceira travessia do Tejo é uma necessidade do território. Coloca-la ligada ao aeroporto é adulterar esta discussão”, considerou, salientando que a terceira travessia sobre o Tejo já teve sucessivos atrasos e já deveria estar pelo menos planeada.

Fazem parte da Associação dos Municípios da Região de Setúbal os municípios de Alcácer do Sal, Almada, Alcochete, Barreiro, Palmela, Moita, Montijo, Santiago do Cacém, Seixal, Sesimbra e Setúbal.


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