Opinião

Montijo e o Impacto dos Transportes no Ambiente e na Saúde

Uma crónica de Virgilio Oliveira

Sobre os modos de poluição convém antes salientar , que as emissões gasosas podem afectar as funções respiratórias e provocar doenças como o cancro ou problemas cardiovasculares.

As partículas de diesel podem provocar cancro nos animais e nos seres humanos; o benzeno pode ser responsável por leucemia infantil; o ozono pode provocar redução das funções respiratórias e causar alergias.

A qualidade do ar dentro dos veículos é, actualmente, vista como uma grande preocupação porque está provado que em tráfego demorado os níveis de poluição são mais elevados dentro dos automóveis do que fora destes.

Também as poeiras (como por exemplo, as libertadas pelo desgaste dos pneus) podem afectar as funções respiratórias e provocar alergias.

Não podemos esquecer ainda o ruído que é um dos impactos do qual temos alguma percepção porque, em geral, nos incomoda e é provocado por todos os tipos de transportes (em especial se a sua intensidade for grande).

Montijo neste momento regista já uma taxa de tráfego com um índice a rondar 6,4 o que numa escala de 0 a10 não deixa de ser preocupante, se atender-mos ás vias de circulação úteis da cidade , em que se confrontam inevitavelmente os automóveis e as pessoas .

Na verdade tem havido mesmo um crescimento direccional dos diversos modos de transporte , em que se constata que grande parte do transporte de mercadorias é já feito por vias rodoviárias comerciais e só uma reduzida parte por vias privadas (pessoais) , em detrimento da extinção , quer do caminho de ferro quer do transporte por vias navegáveis.

Todos os Munícipes são alvo destes impactos contudo, as camadas mais vulneráveis da população citadina : crianças, idosos e os doentes (em especial com doenças respiratórias, cardiovasculares entre outras) são as principais vítimas da poluição do ar.

Também os trabalhadores do sector dos transportes e os viajantes frequentes fazem parte do grupo de maior risco.

O impacto dos transportes no ambiente e na saúde humana é, portanto, muito maior e mais grave do que aparenta. No Montijo esse efeito é extremamente saliente porque o transporte rodoviário é o eixo da mobilidade citadina .

Este transporte rodoviário, é o principal responsável pelo aumento da poluição do ar, dos gases de efeito de estufa, da poluição sonora e pela rápida degradação ambiental .

Há medidas que apontam no sentido de diminuir os acidentes, reduzir as emissões de poluentes, privilegiar os transportes colectivos em vez dos individuais e outros meios de transporte para além do rodoviário (que é o mais poluente).

Neste aspecto, a promoção da edilidade montijense em tentar promover o andar de bicicleta tem vindo a ser sem dúvida uma mais valia a ter sempre em conta , assim bem como acordar da utilização de trotinetes na cidade. As ciclovias , que cresceram, estão ai a atestar a intenção.

Mas há, ainda, a possibilidade de se promover , activamente, uma cidade sustentável, em que as pessoas não sejam obrigadas a utilizar quase em exclusivo o transporte individual para poderem desenvolver as suas actividades diárias e se promova o andar a pé.

No Montijo isso poderá vir a ser uma realidade mas para tanto torna-se necessário, que hajam também percursos possíveis de percorrer a pé ( corredores pedonais citadinos ) e que exista também , como alternativa, uma boa rede de transportes públicos urbanos, em mini autocarros , aproveitando agora a iniciação da Carris Metropolitana, no Concelho.

Mas convém não esquecer sobretudo , que são as deslocações pelo transporte privado que estão aumentando em cada ano . Os hábitos de vida mudaram, as deslocações vêm evoluindo de alguns anos a esta parte, com a distância entre a residência e trabalho a aumentar também. Além disso o carro é usado também frequentemente , cada vez mais, para actividades de lazer e quase que de forma individual. No Montijo isso torna-se notório.

Muitas iniciativas foram postas em prática já , na cidade do Montijo, como por exemplo, diminuir o trânsito do núcleo histórico da cidade, criação de parques de estacionamento na periferia, criação de Zonas Pedonais ( incaracterísticas actualmente , aguardando regulamentação) , implantação de vias com Trânsito de Sentido Único ( a Rua José Joaquim Marques é disso um exemplo ) e a criação de Ciclovias .

No entanto também depende muito das pessoas criar cidades sustentáveis e uma mobilidade sustentável ao terem a capacidade de alterar os seus hábitos de transporte e mobilidade.

Se em outras épocas na cidade de Montijo, a poluição era maioritariamente de origem fabril , hoje o panorama alterou-se completamente, com os índices de poluição , a serem agora da responsabilidade dos transportes rodoviários .

E por tudo isto … valerá a pena repensar !


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