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Junta de Freguesia de Fernão Ferro apoia Ucrânia com recolha de bens

A guerra causada pela invasão da Ucrânia por tropas militares russas tem causado um rasto de destruição naquele país, e um número crescente de refugiados, que procuram salvar as suas vidas nos países vizinhos.

Mas esta situação tem também levantado uma das maiores ondas de solidariedade mundial de que existe memória, e a freguesia de Fernão Ferro não foi excepção, conforme refere o presidente Rui Pereira ao Diário do Distrito.

Quando iniciaram esta campanha na Junta de Freguesia?

Começámos no domingo a seguir a ter ocorrido a invasão russa na Ucrânia, quando começaram a circular as notícias dos refugiados e das suas necessidades.  

Logo nessa altura falámos com quatro instituições para sabermos quais os produtos que eram mais necessários e que podíamos pedir aos nossos fregueses.

Entre estes, estavam cereais, leite em pó, medicamentos e material médico, e alimentos não perecíveis como comida enlatada, além de roupa.

De que forma foi organizada a logística de recolha e de posterior envio?

No concelho do Seixal, apercebi-me que na Câmara Municipal do Seixal não existia qualquer tipo de motivação institucional para fazer recolhas.

Procurámos e encontrámos no município vizinho de Almada uma organização que nos pareceu mais organizada e articulada, com uma logística mais definida, que funciona através de uma parceria entre a Câmara Municipal de Almada, os Bombeiros, Juntas de Freguesia e Proteção Civil.

A logística passa pela recolha das dádivas de várias entidades para um armazém dos Bombeiros da Trafaria, de onde sai depois para a Polónia, como aconteceu este domingo.

Essa organização já está também a preparar alojamento para que os refugiados possam ser acolhidos no concelho de Almada e a obter condições de trabalho, algo que não foi desenvolvido no Seixal.

Exemplo disso é também o facto de termos sido contactados pelo sr. Joel Lira, que nos pediu ajuda logística para o SOS Amora – Ucrânia. Sendo ele uma figura muito conhecida na Amora, rapidamente obteria ajuda da Junta de Freguesia, mas foi a Fernão Ferro que teve de recorrer…

E a adesão das pessoas tem sido positiva?

Tem sido extraordinária. Numa semana conseguimos uma recolha incrível, de tudo o que nos foi solicitado, que já foi entregue na Trafaria.

Esta semana estamos a iniciar uma nova recolha, e já temos muitas coisas que nos vieram trazer.

Chegam-nos sobretudo roupa quente, enlatados, cereais e bolachas, e menos material médico, porque também não é fácil de adquirir. Também nos trazem comida para animais e produtos de higiene.

Recentemente falava com um morador que é ucraniano, e que me dizia que os refugiados «podem até usar a mesma roupa dois ou três dias, porque se cheirarem mal, todos os outros também cheiram. Mas sem comida é que não sobrevivem», e é neste intuito que reforçamos o pedido para a entrega de comida.

As dádivas são apenas de particulares ou têm apoio de outras entidades da freguesia?

Temos estado em contacto com a Igreja e com as escolas primárias. E nestas o processo foi muito interessante: as professoras organizaram-se entre si, e umas pedem aos meninos enlatados, outras cereais, material médico, ou seja, em cada turma é dada resposta a um pedido específico.

Em relação à igreja, como o pedido foi apenas lançado esta semana à paróquia, ainda estamos apenas a verificar como podemos organizar a parceria.

Mas estamos disponíveis para o que esta e outras associações precisarem, porque conseguimos assegurar o transporte com as carrinhas da Junta, o que nem sempre é fácil para outras entidades.

Também temos tido algum apoio dos comerciantes locais, por exemplo aqui do Mercado Municipal, onde está a sede da Junta, que nos dão caixotes de papelão para acondicionar os bens.

A Junta tem recebido pedidos para receber ou apoiar refugiados em Fernão Ferro?

Não. Infelizmente a Junta de Freguesia não consegue dar apoio em termos de alojamento.

O que alguns residentes ucranianos nos pediram é se podemos fazer uma campanha de sensibilização para arranjar alimentos e roupas para esses refugiados que cheguem. E isso não será difícil, porque em vez de canalizarmos todo o material que nos chega para ser transportado para o estrangeiro, poderemos depois distribui-lo também por essas pessoas.

Qual é o sentimento que esses moradores ucranianos lhe têm transmitido em relação à guerra?

Temos aqui a residir um número considerável de ucranianos, todos pessoas muito simpáticas e afáveis. Agora vemos o sofrimento nos olhos deles. Todos têm alguém na Ucrânia, ou familiar ou amigo, e são confrontados com tudo o que se está a passa lá, algo que nunca pensaram ser possível, depois de tudo o que aconteceu durante todos estes anos desde a dissolução da União Soviética.

O que me dizem é que nunca pensaram que a guerra voltasse a ter lugar.

Até quando irá durar a campanha?

Até quando for necessário e até quando as pessoas nos quiserem apoiar.

Estamos a receber bens dentro dos horários de funcionamento da Junta de Freguesia, no Mercado Municipal de TERÇA A SEXTA das 8h30 às 12h30 e das 14h00 às 19h00.

Agasalhos já esperam para envio para as zonas de recepção dos refugiados.


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