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«Já me fizeram de tudo o que possa imaginar e outras que nem imagina neste mandato»

A questão da segurança também tem sido levantada pela oposição, considera que o concelho está mais seguro ou não?

Acho que o Barreiro é uma terra segura, mas não podemos confundir isso com querermos ainda mais segurança.

Toda a minha vida andei pelo Barreiro à vontade, de dia e noite, mas quando se aproximam as eleições há a tendência de dizer mal da própria terra, como crítica a quem está.

Claro que há delitos e problemas, mas gostava de conhecer a cidade que não os tem, mas não nos podemos esquecer que Portugal é um dos países mais seguros do mundo.

Agora, é preciso saber, quando se introduzem temas que apelam à parte emocional das pessoas, mas sem conhecer o verdadeiro investimento que depois será necessário fazer e que muitas vezes se apresentam propostas que nem vão ser a solução, não é o enquadramento que goste de fazer.

O exemplo é a proposta de uma Polícia Municipal, que aparece sempre nos meses antes das eleições, mas é preciso ver que esta será simplesmente uma polícia administrativa, que pode ver carros mal-estacionados e em cooperação com a PSP, cada um com a sua função, ou fazer aquilo que a Fiscalização Camarária também já faz, e até ter um papel importante. Mas quem pensa que a Polícia Municipal é o grande factor de combate ao crime, é porque não faz ideia do que é uma Polícia Municipal.

Mas por isso mesmo, acordámos com o vereador do PSD verificar o custo que uma Polícia Municipal tem para o município, que tem uma capacidade de investimento reduzida. E se assumirmos que vamos investir nesta área, será necessário assumir que outras áreas não vão ter investimento.

No entanto, também temos de criar um sentimento de confiança e segurança às pessoas e por isso é tão importante a Esquadra da PSP no Barreiro Velho.

O Barreiro Velho e a ocupação das casas é também um problema que o executivo tem de enfrentar.

Sim e por isso a importância da Esquadra naquele local, mas também será importante o trabalho social a fazer com aquelas pessoas e que o proprietário das casas esteja disposto a resolver a situação.

E da parte da autarquia temos resolvido, com os proprietários, vários casos.

Não é com ‘balas douradas’ como a proposta de uma Polícia Municipal que vamos resolver aquele problema.

Barreiro Velho

Essa é outra questão, como tem sido a relação entre o seu executivo e a oposição, ao longo destes quatro mandatos?

Tenho de destacar duas relações distintas. Uma com a CDU e outra com a restante oposição.

A CDU nestes quatro anos não se preocupou uma única vez em apresentar propostas ou ideias, e aquelas que vinha a correr apresentar eram quase caricatas, porque resumiam aquilo que em doze anos à frente da autarquia, fizeram precisamente o contrário.

Como exemplo, no início do mandato para o qual tomámos posse no final de Outubro, vieram a correr apresentar uma proposta para a Câmara Municipal atribuir mais apoio aos Bombeiros, quando durante doze anos cortaram para metade o apoio camarário. É muito fácil gerir com o dinheiro dos outros.

Andaram quatro anos a alimentar um discurso relativamente baixo, das negociatas e acusações, apostando tudo em enlamear e denegrir o executivo do PS.

Lembro-me que no início do mandato, a CDU distribuiu panfletos por todo o Barreiro com um polvo… lançaram um vídeo no Youtube, sobre um investimento do Supera que ia criar postos de trabalho no Barreiro, com música do filme ‘O Padrinho’.

Já me fizeram de tudo o que possa imaginar e outras que nem imaginam neste mandato. Ainda não me quebraram e esperemos que não o façam até ao fim.

Mas isto não é nenhuma surpresa, porque a CDU não está interessada no desenvolvimento do Barreiro, mas sim em recuperá-lo para o PCP.

Com os restantes partidos políticos, desde o PSD que está na vereação e na Assembleia Municipal, como com o PAN, o BE e o MCI, movimento eleito na União de Freguesias de Palhais e Coina, diria que foi uma relação franca, onde nem sempre concordámos, em que muitas vezes onde até estávamos de acordo, havia nuances diferentes de interpretação, mas entre todos houve um denominador comum transversal: tentar agregar mais sinergias e desenvolver o Barreiro.

Estes quatro anos foram muito desgastantes

Uma vez que estamos a falar em política, o PS já anunciou a sua recandidatura. Como encara mais um mandato?

Essa é uma questão importante. Estes quatro anos foram muito desgastantes, e vontade não me falta para continuar esta senda de investimento para o Barreiro, mas o Barreiro não precisa neste momento de mais um candidato, mas sim de um presidente, porque temos desafios muito importantes ainda para combater.

Entre esses desafios está a pandemia de covid19 que ainda não acabou, uma retoma económica que tem de ser colocada em marcha e projectos para continuar e concluir.

Vontade não me falta, tenho o apoio incondicional do PS Barreiro e a estima dos barreirenses que sabem que finalmente o Barreiro está a mudar.

Não foi fácil para nenhum autarca o mandato com a pandemia, e sobretudo no seu primeiro mandato como presidente, como descreveria o que passou?

Acho que perdi dez anos em apenas um ano. Foi muito duro. Tive de fazer escolhas que espero que nunca ninguém as tenha de fazer. Tive momentos muito duros junto daqueles que estiveram na linha da frente, dos bombeiros aos profissionais de saúde, passando pelas autoridades e funcionários da Câmara Municipal.

E no meio disto tudo, tivemos também de lutar com uma certa politização do que eram os números concelhios do covid19, como se o vírus não entrasse nas margens administrativas do concelho.

Mas senti, de todos os profissionais que integram a Comissão Municipal de Proteção Civil, e de todas as entidades representam, um espírito de missão como nunca vi na minha vida.

Já tive oportunidade de lhes agradecer publicamente e aproveito a entrevista para o fazer de novo.

No início ia aos supermercados no Barreiro e vi sempre uma enorme mobilização na ajuda ao próximo, desde o caixa ao gerente e ao vigilante, e isso foi válido para todos estes serviços, numa altura em que todos éramos a linha da frente.

Neste momento, com a vacinação para a qual o município empenhou vários meios, já conseguimos ver a luz ao fundo do túnel, e espero que pelo menos nos próximos cem anos, mais ninguém tenha de enfrentar o que o mundo enfrentou, e que nenhum outro presidente de Câmara que venha no futuro tenha de se preocupar em investir e tirar um concelho do marasmo, ao mesmo tempo que combate uma pandemia mundial.

Para terminar, o que considera que ficou por fazer neste mandato?

Há muita coisa por fazer no Barreiro, apesar das muitas coisas que fizemos. Gostava de ter conseguido fazer quatro projectos, que se não fosse a pandemia, poderiam estar já a ser executados, com os concursos lançados ou em fase final de obra, e que embora sejam diferentes, são simbólicos.

Um tem a ver com a reconversão da Estação Antiga, como já referi, para a qual procurámos investimentos e que estava quase a resolver-se a situação com a CP. Não é um projecto da Câmara Municipal, mas é uma tipologia de projecto que podia ter um contributo importantíssimo para o concelho.

A reconversão do Barreiro Velho e a construção do novo quartel da PSP, e onde iremos iniciar o projecto para a parte pública porque já temos o financiamento garantido.

O novo Centro de Saúde, cujo projecto está a ser acabado e esperamos lançar em breve o concurso público, mas que se não fosse a pandemia já estaria mais avançado, e bastante falta fez para o atendimento aos utentes.

E por fim a Piscina dos Fidalguinhos, prometido há mais de vinte anos aos moradores, que o viram em projecto quando compraram ali as suas casas, e que vai ser uma realidade, esperando que em breve estaremos em condições para lançar o projecto.

Em jeito de balanço só posso dizer que se calhar não fizemos tudo bem, sou humano e não perfeito, mas acho que o Barreiro nestes quatro anos andou para a frente e não apenas em relação aos últimos quatro anos da CDU, mas sim em relação aos doze anos dessa gestão.


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