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INÍCIO DO ANO LETIVO – A última aula do Professor Marcelo

Marcelo Rebelo de Sousa deu hoje a última aula como professor na Aula Magna da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa.

O professor chegou pelas 15h20 à Universidade onde foi aluno e depois docente, sendo logo abordado por alguns estudantes que se queixaram do valor das propinas e dos arrendamentos das casas. Outros, como manda a tradição, estavam nas atividades da Praxe Académica. O Presidente da República respondeu estar “atento” a essas questões, colocadas pela voz de um aluno de Ciências Políticas.

Marcelo esteve depois acompanhado pelo Reitor da Universidade de Lisboa, António Manuel da Cruz Serra, e de Leonor Beleza, antiga dirigente do PSD, ex-colega de curso do Presidente e atual Presidente do Conselho Geral da Universidade de Lisboa.

Após ser recebido pela Tuna Académica, integrou o tradicional cortejo que marca a abertura de cada ano letivo até ao salão nobre da Aula Magna. À chegada, os presentes aplaudiram durante largos minutos, enquanto os estandartes de cada Faculdade eram colocadas nos seus lugares, sob o olhar atento do Chefe de Estado.

Nas primeiras filas estiveram Ramalho Eanes e Jorge Sampaio, antigos Presidentes da República, Fernando Medina, presidente da Câmara Municipal de Lisboa e Ferro Rodrigues, presidente da Assembleia da República, entre outras personalidades, líderes de grupos parlamentares e vários deputados.

Um percurso académico “pleno”

Marcelo deu a sua lição de sapiência depois das intervenções do Reitor e de Leonor Beleza.

“Menos de 90 dias que me separam do final da docência plena” – foi assim que começou a última lição do professor Marcelo, que fez um traçado do seu percurso desde 1966. Um “tempo de todos os sonhos […], nas guerras do Império, na encruzilhada entre o passado já fechado e o futuro adiado. E as universidades, centros de gravidade, nesse tempo suspenso.”

O Chefe de Estado continuou depois a analisar a evolução das Universidades no contexto político e social.

“Em 1976, a Ciência e a Tecnologia não deixaram de acelerar”. Portugal era outro, após a revolução “feita de tantas revoluções, tantos como os cidadãos nelas militantes”. Marcelo Rebelo de Sousa definiu a juventude dos anos 70 como a “juventude para sempre”. Uma década que o Direito queria acompanhar, sendo “mais europeu, mais social”.

Analisando os anos 90, o professor falou numa terceira Revolução Industrial nos sectores da saúde, comunicação e ambiente. “Nada seria como antes”. O mundo tinha “uma Europa em alargamento, com novas rádios e novas televisões, símbolos de uma viragem”.

Quarta Revolução Industrial – A Era Digital

Referindo-se a si próprio, o Presidente disse que “não refreava ritmos e repartia afazeres, nunca declinando o ensino”, como que esta década fosse um tempo de “sedimentação do percurso feito, com a crescente preparação do futuro”.

Marcelo referiu que a revolução digital “não espera pela política nem pelo Direito”. Por outro lado, a década 2006 – 2016 contou com muitas crises, com o aumento do domínio muçulmano, ataques terroristas e a problemática das migrações. Tudo isto contribuiu para que aumentassem medos que, segundo o professor, “causam fechamentos, medos, clausuras e intolerâncias”. Por outro lado, Portugal teve nova “projeção” durante este período.

Para o Presidente da República, o Direito tenta responder à Era Digital mas, “tal como a política, são instituições carecidas de renovação”.

O “fim de uma fascinante aventura”

Num tom mais ligeiro, Marcelo Rebelo de Sousa disse que pensa no futuro, mas que não deixa de “matutar” em como é “o último moicano no ativo, licenciado na pré-história, testemunha de todos os debates e reformas”.

O professor quis ainda agradecer aos professores e colegas que teve ao longo do seu percurso académico, pela “vida inesquecível” que a Universidade lhe proporcionou.

“A minha Universidade foi sempre a minha casa mater, o meu último refúgio”, disse Marcelo. “À minha escola regressava sempre, sem excepção, jubiloso ou derrotado. Era ela a vocação da minha vida”.

Por fim, o Presidente da República deixou uma mensagem de esperança no futuro da Universidade de Lisboa e de “todas as universidades portuguesas”. E foi ainda mais longe. Marcelo diz ter esperança no futuro da Educação, “penhor de igualdade e liberdade” e “esperança no futuro de Portugal”.

Auditório cheio e ecrâ gigante no exterior

O salão nobre da Aula Magna acolhe 1600 pessoas mas, dada a esperada grande afluência de pessoas a esta aula de Marcelo Rebelo de Sousa, foi colocado um ecrã de grandes dimensões na Alameda da Universidade, para quem quisesse assistir no exterior.

Em tempo de recepção aos caloiros, este dia de festa na Universidade de Lisboa contará com comida, bebida e música desde o final da tarde até às duas da manhã.


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