Distrito do Porto

Há 16 anos, a transfobia matava Gisberta. Um dia, será nome de rua no Porto

22 de fevereiro de 2006.
Uma mulher brasileira trans, de 45 anos, era encontrada morta na cidade do Porto, após ser agredida e violada por um grupo de 14 adolescentes, entre 12 e 16 anos.

O crime de transfobia chocou primeiro a cidade do Porto é, depois, o resto do país.

Gisberta saiu do Brasil aos 18 anos para fugir de uma vaga de homicídios contra transexuais em São Paulo. Após passar dois anos na França, mudou-se para Portugal assim que completou 20 anos.

Era tudo o que a sociedade ainda estigmatiza: estrangeira, transgénero, seropositiva e trabalhadora do sexo.

A 22 de fevereiro de 2006, o nome de Gisberta abriu os noticiários por um motivo chocante e triste. A brasileira foi encontrada morta num poço do Porto, após ser agredida e violada por um grupo de 14 adolescentes, que tinham entre os 12 e 16 anos.

A autópsia confirmou lesões na cabeça, pescoço, membros inferiores e superiores, laringe e traqueia, abdómen, intestinos e rins.

Também foram observados múltiplos hematomas, infiltrações hemorrágicas, escoriações e infiltrações sanguíneas.

Este foi o crime de transfobia mais bárbaro da história do Porto.

Recentemente, surgiu o movimento “Se A Rua Fosse Minha”, criado pela Marcha do Orgulho LGBT do Porto, em parceria com a atriz e ativista portuguesa Sara Barros Leitão.

O projeto tenta que a Câmara Municipal do Porto atribua o nome de Gisberta a uma rua da cidade, uma maneira de homenageá-la.

“A memória da Gisberta, desde 2006, tem sido uma grande bandeira de luta. Essa luta é para que o crime não caia no esquecimento, para que uma situação como essa jamais volte a ocorrer”, comenta Allan, um dos membros da organização da Marcha, à revista Marie Claire.

Já houve três tentativas de fazer com que o projeto saia do papel. Segundo Allan, o documento já possui cerca de seis mil assinaturas.

Em comunicado, a Comissão Organizadora da Marcha do Orgulho do Porto alega não ter obtido resposta por parte da Comissão de Toponímia da cidade.

“A comunidade trans continua largamente exposta à mesma marginalização, preconceito e violência que entregam às ruas todas as pessoas que a cidade é incapaz de proteger e abrigar com a mesma dignidade a que qualquer ser humano tem direito” lamentou a Comissão no ano passado.

“A atribuição de um arruamento à memória da Gisberta, numa cidade onde faltam mulheres representadas na rua e mais ainda, mulheres trans, emigrantes, marginalizadas e que inspiraram milhares de pessoas a marchar por direitos iguais, é um passo gigante para representatividade”, acrescentam os responsáveis do Movimento.


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