Sines

Fecho da central a carvão de Sines “não foi o mais indicado” na atual conjuntura

Nuno Mascarenhas considerou que “face à conjuntura existente” o fecho da central a carvão de Sines, previsto para esta sexta-feira, “não foi o mais indicado”.

O presidente da Câmara Municipal de Sines, no distrito de Setúbal, Nuno Mascarenhas, considerou que “face à conjuntura existente” o fecho da central a carvão de Sines, previsto para esta sexta-feira, “não foi o mais indicado”.

“O encerramento desta central no atual momento e face à conjuntura existente não foi o mais indicado e independentemente de as decisões serem políticas ou económicas, julgamos que havia margem para que esta central continuasse a laborar por mais algum tempo, até porque o país continua a importar energia”, frisou o autarca socialista em declarações à agência Lusa.

A central termoelétrica de Sines “chegou a produzir cerca de 18 a 20% da energia consumida no país” o que “não deixa de ser curioso, uma vez que, segundo as últimas informações, 20% da energia que consumimos é importada”, reforçou.

“Foi uma decisão tomada pela EDP, mas temos de nos concentrar naquilo que é o mais importante e encontrar alternativas para os trabalhadores que direta ou indiretamente exerceram funções durante muitos anos nesta central”, sublinhou.

Para o autarca, compete não só ao Governo arranjar alternativas para os trabalhadores que ficaram no desemprego, mas também ao município alentejano que “deve dar o seu contributo no sentido de encontrar soluções”.

Numa reunião com o Governo, em novembro do ano passado, “foram abordados diversos temas relativos ao encerramento da central e ouvidas algumas propostas por parte dos sindicatos”, disse o autarca que questionou o Governo “na última semana” para “saber que medidas foram tomadas entretanto”.

“Estamos também a trabalhar com a EDP e com o IEFP [Instituto do Emprego e Formação Profissional] para encontrar soluções locais que possam dar resposta a estes trabalhadores que vão ficar, durante algum tempo, no desemprego”, acrescentou.

Nuno Mascarenhas mostra-se igualmente expectante quanto ao futuro da indústria nesta região, uma vez que “existem projetos que poderão ter uma importância tremenda na absorção desta mão-de-obra”.

“Acredito que irá surgir aqui um novo ciclo, quer seja virado para as energias alternativas, quer para o hidrogénio que estão, neste momento, a ser abordadas a vários níveis, para que sejam concretizadas no mais curto espaço de tempo”, concluiu.

Com cerca de 50% dos trabalhadores da central a residirem no concelho vizinho de Santiago do Cacém, a preocupação do presidente da Câmara Municipal, Álvaro Beijinha, recai nos “trabalhadores que vão para o desemprego”.

“Desde a primeira hora que manifestámos essa preocupação porque esta questão deve ser vista a dois níveis: a primeira são os trabalhadores com vínculo direto à EDP que, à partida, terão os seus direitos assegurados, e a segunda são os trabalhadores das empresas prestadoras de serviços, com vínculo precário”, frisou.

No entender do autarca, “se a opção de encerrar a central a carvão de Sines é com o objetivo maior de ter um ambiente melhor, se calhar o país tem de pagar esse custo e assumir de facto as questões sociais relativamente a estes trabalhadores”, defendeu.

“O projeto da nova fábrica do hidrogénio poderia de alguma forma absorver estes trabalhadores, mas investimentos desta envergadura não se concretizam de um momento para o outro, sendo que a antecipação do fecho em dois anos não favoreceu o processo”.

Admitindo que a pandemia de covid-19 veio “agravar ainda mais esta situação”, o autarca considera que o complexo industrial e portuário de Sines “dificilmente conseguirá resolver o problema de todos os trabalhadores que estão numa situação frágil”, concluiu.


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