Reportagem

Equipa de Busca e Salvamento K9 – Bombeiros V. Cacilhas é pioneira no distrito de Setúbal

Venha também conhecer um pouco do trabalho da equipa K9 dos Bombeiros de Cacilhas

O Diário do Distrito foi conhecer de perto todo o trabalho desenvolvido pela equipa de cinotecnia K9 dos Bombeiros de Cacilhas, uma equipa com provas dadas e prémios internacionais de reconhecimento do trabalho exemplar desta equipa que está pronta para servir as necessidades das populações.

Nasceu em Setembro de 2019 a Equipa de Busca e Salvamento K9 – Bombeiros Voluntários de Cacilhas, “e até à data tem corrido tudo muito bem”, refere o Comandante da corporação, Maximino Viegas.

Comandante da corporação, Maximino Viegas

A EBS K9 dos Bombeiros Voluntários de Cacilhas é uma equipa multidisciplinar composta por seis binómios, pioneira no distrito de Setúbal.

Dos cinco operacionais caninos, dois deles foram resgatados do abandono, entre eles o labrador Índio, o elemento fundador da equipa, agora com 14 anos e já com um vasto palmarés; o operacional Tião; o pré-operacional Fénix; e três formandos, ainda cachorros, Thalassa, Mati e Kaiser.

Tem como principal objetivo encontrar e resgatar vítimas em zonas amplas ou de difícil acesso, em escombros de estruturas colapsadas ou desaparecidas em grandes áreas (mato ou floresta), espaços confinados e malha urbana abandonada e degradada.

O Bombeiro de 2.ª Avelino Almeida, responsável pela equipa, explicou ao Diário do Distrito que “a ideia surgiu porque alguns bombeiros voluntários desta corporação pertenciam a uma organização voluntária de Proteção Civil, onde faziam esse trabalho de busca e salvamento com elementos caninos”.

Bombeiro de 2.ª Avelino Almeida

Avelino Almeida foi quem apresentou “uma proposta ao então comandante da Corporação de Cacilhas, à qual há havia pertencido, para a criação de uma equipa de K9, o que foi aceite, explica o Comandante Maximino Viegas.

“Esta equipa avançou e mais tarde também o Avelino Almeida regressou à nossa corporação, e a equipa tem vindo a crescer.”

Como factor diferenciador aponta também a forma como está estruturada a equipa: “quando começámos, ponderámos ter os cães aqui no quartel, nos seus espaços próprios, mas optámos por não o fazer, e neste momento cada cão tem o seu tratador, e tanto estão em casa destes como a seguir estão a missão que lhes compete.

Isto significa que sabemos sempre em que condições os animais se encontram.”

O Comandante destaca ainda que “apesar de ser uma das equipas da corporação que não tem tido muitas intervenções, o que felizmente significa que não temos tido ocorrências de busca e resgate de pessoas, demonstram sempre uma motivação extra para os treinos, que em 2021 chegaram aos 91 treinos e o nosso objectivo é chegar aos 100 treinos de instrução anuais”.

A equipa tem vindo a crescer “com cada um dos elementos a ter o seu cão de trabalho. Neste momento estamos numa fase um pouco ‘intermédia’, porque o operacional ‘Índio’ chegou ao seu limite operacional, acontece com todos nós com a idade, e temos outros que ainda são cachorros e estão em treino, o que vai demorar algum tempo para estarem complemente operacionais.”

A preparar mais um treino com a equipa

‘Nem todas as raças ou cães servem para o trabalho de busca e salvamento’

Os cães surgem na vida dos operacionais de várias formas, conforme refere Avelino Almeida. “Dou como exemplo o meu cão ‘Índio’, que foi encontrado abandonado em Setúbal. Há catorze anos atrás não tinha nenhum cão e fui busca-lo.

Outro dos elementos da equipa também foi buscar um cão abandonado e os outros quatro, foram adquiridos pelos bombeiros, pelas suas características físicas, mas também porque há raças mais propicias para este tipo de trabalho.

Não seguimos o método-padrão de que tem de ser um cão de raça determinada, até porque dentro de uma raça definida, os cães podem ter comportamentos muito diferentes. Numa ninhada de labradores há os brincalhões, os tímidos, o mais agressivo, etc. Cabe-nos avaliar cada cão e as suas potencialidades. Damos mais importância à personalidade do que à raça.”

Apesar disso, há factores que pode excluir logo determinadas raças: “não podemos colocar um S. Bernardo a caminhar sobre escombros, ou um Pincher a fazer certos trabalhos”.

É com evidente orgulho que Avelino Almeida fala do Índio, “um cão com muita experiência e que já esteve em cenários internacionais de busca e salvamento, em Itália, na Turquia e em Espanha.

A ONU já lhe atribuiu uma medalha de reconhecimento pelo salvamento de uma criança em Espanha, em que fomos a Genebra receber, com outras equipas de resgate e salvamento. Enquanto ele conseguir, vai fazer parte da equipa, porque é o respeito que lhe é devido enquanto sénior.”

Acerca do treino, reforça que “toda a magia e de certa forma o ‘truque’, é o treino constante e dar experiências novas ao cão. E quanto mais experiências o cão tiver, mas capacitado está para realizar as missões.”

‘Vamos trabalhar!!’

Com a experiência de dezoito anos em equipas de binómios em busca e salvamento, Avelino Almeida explica que “cada cão é um individuo e pode trazer consigo problemas diferentes. Quando iniciei este percurso, existia um método-padrão de treino, igual para todos os cães. Isso mudou ao fim de alguns anos. Agora o treino é adaptado às características de cada animal porque uns têm medo do escuro, outros de sons ou de saltar obstáculos.

E mesmo um cão que seja operacional e que treine todas as semanas, chegará uma altura em que determinada tarefa não é desempenhada tão bem como as outras e temos de estar atentos a isso.”

A equipa EBS K9 já participou também em algumas missões, “como o resgate de um cão que havia caído num poço na Costa da Caparica, em conjunto com a nossa equipa de salvamento em grande ângulo (por cordas). Também já fomos pré-activados para duas situações de pessoas que se tinham perdido, mas felizmente não foi preciso entrarmos em ação.”

“Visto um pouco ‘de fora’ para quem observa estes cães em cenários de busca e salvamento, só podemos dizer que fazem coisas incríveis, apesar do barulho e dos obstáculos, e nada o impede de fazer a sua missão e só obedece a uma única voz, mesmo que qualquer um de nós interaja com ele, porque sabe a quem tem de obedecer em missão, mostrando um posicionamento acima da média durante esses trabalhos” descreve o Comandante Maximino Viegas.

“E isto é um pouco como no mundo dos bombeiros, onde apenas uma voz comanda, e o animal também reconhece isso no imediato.”

A equipa EBk9 tem neste momento seis elementos, contando com o sénior Índio, número que o Comandante Maximino Viegas considera ideal. “Há um número limite na equipa, entre sei a sete, porque mais vale ter poucos e bons, com qualidade, do que muitos que não venham acrescentar valor à equipa. Há que ter em conta que o treino é muito exigente, e ter vinte animais e depois apenas cinco a treinar, não resulta. Temos também normas internas para quando for necessário abrimos concursos.”

Os Bombeiros Voluntários de Cacilhas contam com algumas parcerias para esta equipa, como a loja ‘Amor com Patas’, localizada em Almada, “que dão apoio aos nossos cães, em ração e tratamentos, desde a sua abertura, e a quem só temos a agradecer”; e a gestão da Margueira, onde realizam os treinos em edifícios devolutos, “e que nos tem disponibilizado o espaço sempre que pedimos”, explica o Comandante Maximino Viegas.

A preparar para iniciar a busca

O espaço das antigas instalações da Lisnave “apresenta condições ideais para alguns treinos, porque não tem público nem trânsito, mas também treinamos noutros locais, com condições diversas, de forma a treinar os animais das formas como pretendemos que sejam treinados: em campo aberto ou dentro de estruturas”.

Para além das missões, esta equipa EBSK9 participa também em ações nas escolas “onde vão demonstrar o que conseguem fazer, outras vêm ao quartel, porque qual é o miúdo que não adora interagir com animais?”.

E se quiser seguir o trabalho desta equipa canina, pode fazê-lo pelas redes sociais do Facebook e do Instagram.

Resgate de ‘vítima’


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