OpiniãoPolítica

É tempo de tréguas. Portugal está primeiro.

O Observador publicou esta semana um artigo de opinião do social democrata Pedro Duarte que me pareceu sensato, ajustado e pragmático: é tempo de tréguas no PSD.

Pedro Duarte apelou à mobilização dos sociais democratas, ainda que todos nós saibamos das dificuldades criadas internamente pela direcção nacional, através de uma atitude persecutória diante de alguns militantes, na estratégia errática assumida, na má comunicação que tem feito (recordo mais recentemente Elina Fraga a reconhecer a CGTP como parceiro essencial…), no vazio de propostas que se têm notado, numa oposição silenciosa, entre outros.

Só aludiria a uma pequena discordância com a opinião de Pedro Duarte. É que escreve, e bem, que o interesse do país está primeiro. Verdade, Pedro. E se o líder do partido o tem feito tempestivamente, teria arrepiado caminho ou, no limite, ainda que não o fizesse individualmente, permitiria que as distritais que melhor conhecem os seus quadros não fossem desautorizadas a pretexto de uma pseuso renovação que procura mascarar outros critérios subjacentes. Parece resultar daqui que Rui Rio esteve mais preocupado em preparar o seu próprio day after ao 6 de Outubro que o do país.

A este propósito, como militante de base, não posso concordar que o Presidente da Distrital do PSD em Setúbal tenha sido alocado ao último lugar da lista de candidatos a deputados. Foi (mais) uma decisão vexatória, muitíssimo criticável, que desconsidera, inclusive, a própria distrital que o elegeu e manifesta ausência de apreço pelo excelente trabalho que desenvolveu. Quereis um exemplo de um bom deputado que se revelou audaz nas lutas que travou? Tendes Bruno Vitorino. Só a cegueira não o permitirá ver.

Todavia, porque o tempo é de tréguas, ainda que tenha em linha de conta a actualidade interna do partido, assumo às claras e em absoluta consciência que a minha confiança continua a radicar no PSD.

Não há paradoxo algum. Pese embora as vicissitudes, o apoio aos companheiros que se apresentam a combate deverá ser uma realidade. Neste momento, dois são os caminhos que se nos apresentam. Um, por discordância relativa ou absoluta com linhas e decisões, resulta na abstenção pura e dura; outro, ainda que na discordância relativa ou absoluta com linhas e decisões tomadas, ter-se uma posição que os companheiros de nós esperam, activa, tendo em conta o superior interesse do país.

Por vezes, senão sempre, até porque o PS tem uma excelente comunicação social, transparece a ideia, em tudo errada, de que a crise interna do PSD é uma novela com maior audiência e importância para o país que a crise do desgoverno que nos atinge a todos. É isto que a esquerda pretende. Desenganem-se todos os que pensam o contrário. Há um interesse tremendo em tornar o PSD um partido “poucochinho”, como diria Babush. Alinhar por esse diapasão seria dar um abraço à esquerda e ceder-lhe o silêncio que para ela será sempre favorável.

Semana após semana assistimos a um rol de situações absolutamente inacreditáveis. Naturalmente que falo no nepotismo, nos interesses familiares de políticos em exercício de funções em concursos públicos. Abro um parêntesis. Não é só José Artur Neves com familiares com negócios com o Estado, o que viola o artigo 8.º da Lei das incompatibilidades e impedimentos de titulares de cargos públicos e políticos… também as empresas do pai, da mãe, do irmão e da própria ministra da Cultura, Graça Fonseca, fizeram contrato com o Estado… assim como o pai de Pedro Nuno Santos, ministro das Infraestruturas e Habitação… ou o marido de Francisca Van Dunem, ministra da Justiça… porque o nepotismo socialista não radica somente nos secretários de estado. É um país à deriva sem rei nem roque. Fecho o parêntesis.

No rol de situações inacreditáveis refiro igualmente o desinvestimento nos serviços públicos, o desinvestimento em áreas sensíveis e de absoluta carência e necessidade de intervenção para melhor serviço aos portugueses, as contas certas sob as quais se fez gala quando não se aproveitou a conjuntura única que outros que antecederam não tiveram para se fazer mais e melhor, a forma passiva como cenários de greve que já paralisaram o país e que ameaçam paralisar de novo em período em que as pessoas gozam o seu merecidíssimo período de férias (é inacreditável como um sindicato e uma classe profissional param um país pela segunda vez [!!] debaixo da complacência tácita do (des)governo socialista), a absurda constatação  de que que ano após ano os cenários de catástrofe motivada pelos fogos se reiterem por todo o país não havendo uma visão séria e abrangente de articulação na prevenção e combate aos fogos como a uma seríssima alteração ao Código Penal, na aculturação que a esquerda trouxe a Portugal, e por aqui continuaria…

É por todo este desconforto que entendo convictamente que o PSD é o partido garantístico dos portugueses e guardião de políticas de esquerda e extrema esquerda que não quero para o meu país.

Face ao que, a caminhar a passos largos para Outubro, é tempo de tréguas e união de todos os sociais democratas. Pelo PSD, pelo país, pelos portugueses.

Esta é a conclusão imediata e urgente a que adiro, independentemente das convicções que assumo sobre o status quo do partido.

Cito pois o Pedro Duarte que, sem ter fugido à verdade, o que sobejamente apreciei, escreveu um apelo sério, que aqui repito:

É tempo de respirar fundo e cerrar fileiras na defesa de um Portugal livre, democrático e com vontade de agarrar o futuro. Portugal é mais importante do que os problemas internos do PSD, que precisamos agora de relativizar. O PSD é fundamental para o futuro de Portugal.

Existe muito talento e competência neste nosso distrito, de Bruno Vitorino a Maria Luís Albuquerque, de Nuno Carvalho a Bruno Vasconcelos, ou, nos mais jovens, Tiago Santos da JSD, entre muitos outros companheiros cheios de mérito e qualidades, pessoais e políticas. Direi que Setúbal tem bons quadros e muita massa crítica, o que confere optimismo e perspectiva-se grande futuro ao PSD neste distrito.

Um curto parágrafo para de modo muito particular, perdoarão, conceder uma palavra de estímulo a um Colega de curso a quem, volvidos 13 anos, terei a dita de ver eleito como deputado da nação e a outro, que me apadrinhou no regresso ao PSD, a quem muito quero que àquele se junte e acompanhe, Nuno Carvalho e Bruno Vasconcelos. 

O PSD tem duas batalhas pela frente. A imediata são as legislativas. A mediata, as autárquicas.

Foquemo-nos naquela que é imediata. A outra, a seu tempo, terá as suas próprias vicissitudes.

O que foi dito, foi dito. O que foi escrito, foi escrito.

Todos temos consciência política. Não concedendo, é tempo de cerrar fileiras e assumir, com militância e espírito de corpo, um período de tréguas e activismo político, aos quais me associo, pela sua enorme importância. Portugal está primeiro.


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