Desconfinar os afetos
Vírus, confinamento, máscara, desinfeção, número de casos, número de mortes, distanciamento social. Há mais de um ano que estas palavras invadiram a nossa vida.
Desde essa altura fomos forçados a aprender novos códigos, novas saudações e formas de nos (re)conhecermos.
O olhar ganhou nova dimensão e importância. Não é que os olhos falam mesmo?
O medo tomou conta da mente de muitos de nós, a par da ansiedade, insegurança e de um enorme sofrimento.
A solidão deu a mão ao medo e, para outros tantos, a sensação de vazio tornou-se insuportável.
Os afetos não foram proibidos, mas a expressão dos mesmos foi confinada. Limitada a uma rede muito restrita, a do agregado familiar. Perderam-se redes e sinergias que as tecnologias não conseguiram ligar.
Adiaram-se os abraços, os beijos, as festas. Perderam-se os rituais de passagem e os rituais da morte. Perderam-se amores. Ganharam-se revoltas, dúvidas e injustiças.
Agora que se recomeça, mais um, desconfinamento fala-se, e bem, em serviços, escolas, economia, emprego, moratórias. Mas não se fala do valor da vida humana, que se perdeu nas contagens do número de mortos, não se fala das famílias por trás de cada óbito, muitas vezes com lutos dificultados e comprometidos por estas mortes súbitas, inesperadas, solitárias e sem despedida.
Não se fala no medo deste novo normal. Não se fala nas novas cicatrizes que muitos carregarão, agora, consigo. Não se fala, o suficiente, em saúde mental.
O desconfinamento mais importante, provavelmente o último a ser realizado, serão da expressão dos afetos. Até lá, cada um de nós, terá de aprender dentro de si, novas formas de encontro com o outro.
Desconfinem-se os afetos!
ÚLTIMA HORA! O seu Diário do Distrito acabou de chegar com um canal no whatsapp
Sabia que o Diário do Distrito também já está no Telegram? Subscreva o canal.
Já viu os nossos novos vídeos/reportagens em parceria com a CNN no YouTube? Inscreva-se no nosso canal!
Siga-nos na nossa página no Facebook! Veja os diretos que realizamos no seu distrito