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Crise bate à porta de emigrantes portugueses na Suíça

A presença de portugueses nas filas para receberem cabazes de ajuda alimentar na Suíça é apenas um dos sinais de como a crise provocada pela covid-19 está a afectar estes emigrantes, numa dimensão que começa agora a ser avaliada.

“Não são a maioria, mas vi muitos portugueses a irem buscar os cabazes de comida, o que me surpreendeu”, afirma o conselheiro das comunidades da Suíça, José Inácio Sebastião.

Neste país, onde residem 217.662 portugueses, ainda “é grande” a expectativa sobre o real impacto da pandemia. Mesmo os que mantiveram o emprego, mas não puderam exercer a actividade, tiveram perdas na ordem dos 80%, disse o conselheiro.

O sector da economia doméstica (empregadas de limpeza) foi o que mais afectou a comunidade portuguesa, assim como os trabalhadores temporários. “Houve uma grande perda financeira”, afirma.

França: “Todos foram apanhados” pela crise

Com 595.900 cidadãos nascidos em Portugal, esta comunidade é a mais significativa em França e tem sido apoiada pelo Governo francês. “É o que está a salvar as empresas francesas de portugueses”, refere.

Mas só a partir de 2 de Junho, quando a retoma do trabalho for a 100%, é que a dimensão do impacto da doença e das medidas de confinamento será realmente conhecida, adiantou. “Só então se saberá, mas acredito que em Outubro já teremos uma noção mais concreta”, diz.

Segundo Paulo Marques, os sectores mais afectados foram a restauração, com muitos estabelecimentos encerrados e outros a terem de se adaptar ao take away.

Um outro sector que está totalmente parado é o da organização de eventos, com os artistas a não conseguirem saber como será o dia de amanhã. “Não podem expor, não há público, não há concertos, nem exposições”, lamenta. 

Nestas alturas, sublinha, tem-se destacado o lado solidário da comunidade que tem procurado ajudar os portugueses mais velhos e que vivem em populações afastadas

“Em França, durante dias e dias só se falava de máscaras, mas a população mais isolada não tinha acesso às máscaras. Fizemos algumas acções de entrega de máscaras e só isso ajudou estas pessoas a sentirem-se mais apoiadas”, acrescenta.

Atento a esta realidade, o Conselho das Comunidades Portuguesas (CCP) tem vindo a manifestar as suas preocupações, nomeadamente com “os mais vulneráveis, idosos, carenciados, desempregados e doentes”, afirma o presidente deste órgão consultivo do Governo para as políticas relativas à emigração e às comunidades portuguesas no estrangeiro.

Segundo Flávio Martins, a pandemia afectou várias empresas “por todo o mundo”, especialmente na área da construção e do comércio em geral, excepto o de alimentos.

Impacto emocional na Alemanha

Na Alemanha, a comunidade portuguesa tem sido elogiada pela forma como acatou as medidas de prevenção contra a covid-19, não se registando até ao momento um único português infectado, conta o conselheiro Alfredo Stoffel.

Residente em Sassnitz, este conselheiro da comunidade portuguesa explica que “a pandemia atingiu todos os sectores”.

“Não houve discriminação entre a sociedade alemã de acolhimento e as suas comunidades”, garante, indicando o confinamento e o impacto financeiro como as principais consequências da doença.

Emocionalmente, adiantou, a pandemia afectou a vida desta comunidade – estimada em 114.705 portugueses – que, de um dia para o outro, se viu privada de conviver com os amigos.

A nível financeiro, ainda “é cedo” para uma avaliação rigorosa, mas as empresas tiveram de se adaptar e estão agora a começar a laborar e os trabalhadores a se aperceberem de como irão regressar ao trabalho. Por essa razão, muitos “sentem-se inseguros” em relação à doença, receando uma nova vaga.

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