Opinião

COSTA DA CAPARICA, QUO VADIS?

Uma crónica de Bruno Fialho

No dia 6 de Agosto de 1966 foi inaugurada a Ponte Salazar, que após 1974, mudou de nome para Ponte 25 de Abril, em alusão à revolução dos Cravos.

A Ponte “sobre o Tejo”, que é o nome que sempre usei para a identificar, permitiu que os portugueses e, em particular, os Lisboetas, pudessem usufruir das praias da Costa da Caparica, da Fonte da Telha e de Sesimbra de uma forma como até à data nunca tinham feito, mas também criou novas infraestruturas e teve um impacto enorme na economia do concelho de Almada e dos concelhos limítrofes.

Em Março de 2020, a pandemia trouxe-nos um pouco atrás no tempo e, com o confinamento, pareceu que, com poucas pessoas a visitar as praias da Costa da Caparica, tínhamos regressado aos tempos em que não havia enchentes de veraneantes e onde a pobreza fazia parte do quotidiano dos seus habitantes, pois o desemprego aumentou e os ordenados baixaram, porque os negócios estagnaram.

Mas, se nem tudo o que reluz é ouro, as praias da Costa da Caparica e, principalmente, da Fonte da Telha, infelizmente,  também não o são.

Considero inadmissível que ainda existam bairros de lata, seja onde for, mas ainda mais se forem perto das praias, ou quase nas dunas, como na Fonte da Telha, ou parques de campismo em frente à praia, alguns com um aspecto deplorável, ou estradas de areia no acesso às praias e que continuem a promover a chamada Riviera portuguesa (marginal Cascais-Lisboa), porque é onde reside a maioria da classe muito alta que influencia as decisões deste país, em detrimento da única zona balnear que pode crescer em tamanho e qualidade.

Todavia, se você for passear pela verdadeira Riviera, a Côte d´Azur, em França, não vai ver nada daquilo que acabei de descrever no parágrafo anterior, porque tudo isso prejudica o desenvolvimento dessa zona e a economia local, e quem governa essa região está mais preocupado com os interesses dos seus habitantes do que com os de outros.

Relativamente aos bairros de lata, o problema reside nos baixos salários que são pagos em Portugal, porque se os sucessivos governos tivessem protegido mais os cidadãos em vez dos “amigos”, qualquer pessoa que tivesse um trabalho teria oportunidade de pagar uma habitação digna, o que hoje em dia não acontece.

Bem sei que também temos aqueles que querem viver à custa de todos nós. Para esses existem soluções que não passa por dar tudo de mão beijada para, em troca, votarem naqueles políticos que gostam de manter a pobreza existente, tal como uma “pescadinha de rabo na boca”.

Quanto aos parques de campismo em frente às melhores praias do nosso país, penso que o colectivo (povo) é quem tem de ser beneficiado e não a pessoa (cidadão). Por isso, se em vez de parques de campismo, tivermos hotéis, cafés, restaurantes, estabelecimentos ou serviços, que garantem emprego a milhares de pessoas e em que os investidores sejam obrigados a cuidar dos espaços envolventes, esses parques de campismo apenas têm de ser recolocados em zonas que não sejam na primeira linha do mar.

Portugal tem a melhor Orla Costeira do mundo, mas é aproveitada como se estivéssemos num país do terceiro mundo.

As acessibilidades da Costa da Caparica são péssimas e nem uma mudança na autarquia em 2017 mudou a forma de governar em Almada.

É necessário perceber que temos de mudar a Costa da Caparica (e tudo o resto também), para que possamos ter novas e melhores infraestruturas, mais serviços e estabelecimentos comerciais,  nomeadamente restaurantes de praia de luxo, ao nível da Riviera francesa, hotéis e espaços de lazer para que seja criado mais emprego e consigamos ter um enorme orgulho quando falamos da  Costa da Caparica.

Se mudássemos as mentalidades políticas e a Costa da Caparica rivalizasse com os melhores locais de veraneio do mundo, quem sabe se não teríamos um Festival Internacional de Cinema, como o de Cannes, ou um circuito citadino de Fórmula 1, como o do Mónaco.

Ao contrário de alguns, não me quero equiparar aos piores, quero sempre o melhor para o meu país, pelo que, pergunto ao leitor, sabe quanto dinheiro é injectado na economia de Cannes ou do Mónaco por causa destes dois eventos? 

Mas todas estas melhorias trazem outros benefícios, tão ou mais importante do que o económico, que é mais policiamento, não só nas praias da Costa da Caparica, mas em Almada e nos concelhos limítrofes, que é algo que tanta falta faz a quem aí reside.

Mais economia (dinheiro) permite realizar mais obras públicas, para beneficiarem aqueles que não têm tantas possibilidades económicas, ou seja, todos ficamos a ganhar.

Por último, não queria ter 80 anos e ver que nada mudou na Costa da Caparica e/ou na Fonte da Telha e, entre tantas coisas, que os milhares de Almadenses e Seixalenses tivessem de continuar a ir trabalhar para Lisboa, quando poderiam trabalhar tão perto de casa.

Temos agora a oportunidade de mudar, para não termos que voltar a perguntar: Costa da Caparica, Quo Vadis?


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