Opinião

Construção da Habitação Social no Montijo/Polémica entre o Montijo Primeiro e o candidato à câmara municipal em 2021 – João Afonso

Li num recorte do Jornal da Região/Setubalense, uma notícia assinada pelo jornalista Mário Sobral, sobre o encontro, realizado no dia 15 de Fevereiro, no auditório da Escola Profissional de Montijo, para apresentação da candidatura do Dr. João Afonso à Câmara Municipal de Montijo, nas eleições autárquicas de 2021, que transcrevo no que diz respeito à habitação e á pobreza no Montijo.

“A habitação, de resto, será um dos principais temas de discussão durante a próxima década afirmou o autarca, lembrando que já existe dificuldade de arrendamento de casas no Montijo, face ao aumento dos preços sobretudo em Lisboa que tem contribuído para a imigração das classes média/alta para as cidades da margem sul. Parte da classe média e jovens não estão a encontrar solução para permanecer no Montijo “as casas públicas no Montijo representam 1,5% do parque  habitacional” apontou anunciando que  pretende incrementar políticas que permitam maior oferta de casas a custos controlados e aumento da habitação social dos 1,5% para os 20 ou 25%. Além de revelar a ambição de terminar em 10 anos com a pobreza.”

Quando o Dr. João Afonso promete acabar com a pobreza no Montijo em 10 anos, como já fez em 2017 ,em nome da coligação PSD/CDS, está a expor-se ao ridículo dos lideres de opinião da nossa Terra que se interessam pela política e também expõe ao ridículo as pessoas que gravitam em sua volta e os partidos que ele ainda representa na Câmara, como vereador.

A Associação “Montijo primeiro” que esteve representada no encontro com a presença de um dirigente na mesa, emitiu um comunicado publicado no Jornal Setubalense 6/3 a que o jornal deu o título “MONTIJO PRIMEIRO FAZ CONTAS E ARRASA VEREADOR JOÃO AFONSO” em que para os 25% do parque habitacional de Montijo eram precisos construir em 10 anos, 6 733 fogos de habitação social a 40 000€ por fogo, custos de construção,  sem contar com custos dos projetos e outros custos, o que dava um gasto nos 10 anos , num custo total de 269 milhões de euros. E nunca falam nos terrenos, nem nas infraestruturas, que a custos de mercado no Montijo se deve aproximar do valor da construção o que elevava o valor para cerca de 500 milhões de euros.

Nos jornais regionais desta semana o Dr. João Afonso em resposta à critica da Associação “Montijo Primeiro” diz que não é verdade que tivesse dito aquilo na reunião e que estão a criar a confusão entre os Montijenses.

Analisando o texto que foi publicado no jornal Setubalense de 6/3, concluímos que o Dr. João Afonso pretende incrementar políticas que consigam uma maior oferta de casas a custos controlados (um assunto) e o aumento da habitação social dos 1,5% para os 20 ou 25% (outro assunto). Concluo que a Associação tem razão quando considerou o  aumento da habitação social de 1,5% para habitação 20 ou 25%, para fazer as suas contas e nunca se refere a habitação para venda a preços controlados, porque não consta no texto qualquer percentagem nesta modalidade que tem mais fogos construídos no Montijo do que os de habitação social ,propriedade da Câmara, para os mais carenciados (495 fogos).

Quer sejam fogos para os mais carenciados cerca de 500 milhões de euros ou a construção a custos controlados, cujas percentagens não foram indicadas, os números apresentados estão de tal maneira inflacionados que até me custa haver alguém que tente ofender assim a inteligência dos Montijenses e que existam pessoas que gravitam em volta do Dr. João Afonso que acreditam nesta patetice.

A construção de habitação social para carenciados pela Câmara tem sempre um grande encargo para o orçamento e temos que estar sempre atentos às finanças da Câmara, ainda mais quando se avizinha uma crise económica por causa do coronavírus. Quanto à construção a preços controlados, a história destes investimentos por privados não tem tido grande êxito nas vendas no Montijo e têm acabado por vender à Câmara para habitação social os fogos que não conseguem vender no mercado.

Assisti à construção no Montijo de muita habitação a preços controlados, os primeiros que apareceram no Montijo foi a firma Teixeira Duarte, com um grande investimento nas torres da Bela Vista, no Afonsoeiro, “o pica pau amarelo”, no princípio dos anos oitenta do século passado. Foram centenas de fogos que foram comprados por pessoas sem posses que não pagavam nada de entrada e que muitos dos proprietários durante anos não pagaram uma única prestação e as casas acabaram por ser penhoradas pela Caixa Geral de Depósitos que era quem tinha emprestado o dinheiro.

A Montiterras, que já tinha construído muitos fogos a preços controlados no Montijo, em determinada altura como não conseguia vender mais fogos no mercado, teve que os vender à Câmara (206 fogos), para habitação social, por isso é que no bairro do Esteval existem habitações a preços controlados e habitação social para carenciados.

Entretanto, mesmo sem ter mercado para as casas a preços controlados, a Montiterras propôs à câmara de Montijo, a construção de 700 fogos, num terreno que era sua propriedade, na Avenida Fialho Gouveia, em frente ao Modelo/Continente. Esta proposta foi reprovada em reunião de Câmara, com os votos do PS e do PSD, nessa altura a CDU não tinha maioria. Foi uma luta muito dura porque o Dr. Rui da Encarnação (advogado), tinha na altura uma avença com a Montiterras e outra com a Câmara de Montijo. Constava nessa época na nossa cidade que as habitações eram para pessoas que iam ser desalojadas em Lisboa, por causa da Ponte Vasco da Gama que estava a ser construída.

Uma firma de José Henrique Cardoso construiu dois ou três prédios na Caneira para venda a preços controlados e os últimos teve que os vender à Câmara. Uma firma do Eng. Orlando dos Santos construiu 4 prédios em frente à praça de toiros. Teve que vender uma parte à escola profissional, porque não conseguia vender todos os fogos no mercado.

A Câmara de Montijo liderada pelo Eng.º Nuno Canta que faz uma gestão financeira rigorosa dos dinheiros públicos do Município, que paga tudo a tempo e horas e teve dinheiro para pagar a pronto a fábrica velha do Izidoro, junto à antiga estação de caminho de ferro, para construção de habitação  a preços controlados , para vender às pessoas de Montijo que estejam interessadas e para dar vida aquela zona que já está há muito desabitada, onde já não existem crianças há muito tempo, está no bom caminho para o período que atravessamos.

Também está previsto o restauro da antiga estação da CP e a construção de um jardim na zona em frente da antiga fábrica onde vão ser construídos os prédios. Não podemos estar a investir em habitações a preços controlados para as pessoas que vêm de Lisboa, para isso existem muitos prédios novos à venda no Montijo, a preços de mercado.

José Bastos | Militante do PS


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