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Comerciantes da AML sufocam e desesperam

Comerciantes da AMLisboa lamentam prolongamento das restrições horárias até ao Natal

As associações de comerciantes da Área Metropolitana de Lisboa (AML) lamentam a manutenção das restrições horárias ao comércio nos dois fins de semana antes do Natal, admitindo que vai “transtornar bastante as expectativas de alguma recuperação” do setor.

“Tínhamos a esperança de que estas restrições fossem revertidas. O facto de o comércio não poder estar aberto nestes fins de semana prolongados e nestes feriados que eram, normalmente, dias muitíssimo bons para o comércio local, vai transtornar bastante as expectativas de alguma recuperação”, afirmou a presidente da União de Associações do Comércio e Serviços da Região de Lisboa e Vale do Tejo (UACS) em declarações à agência Lusa.

Segundo Lurdes Fonseca, numa “época em que as pessoas fazem mais compras localmente”, o setor “tinha a esperança de que, pelo menos aos sábados, os horários fossem um bocadinho mais dilatados, nem que depois se fechasse ao domingo todo o dia”.

Também contactado pela agência Lusa, o presidente da Associação de Dinamização da Baixa Pombalina admitiu estar já “à espera” da manutenção das limitações ao horário de funcionamento das lojas, mas lamentou “esta forma tão radical de impedir que o comércio faça o seu horário normal”.

“À espera já estávamos. Em função das informações que o Presidente da República já tinha dado, era expectável que isto acontecesse”, disse Manuel Lopes, reconhecendo a “necessidade imperiosa de se olhar pela saúde”.

“Agora com o que nós não estamos de acordo e temos de protestar – acrescentou – é com esta forma tão radical de impedir que o comércio faça o seu horário normal para tentar, pelo menos, atenuar as vendas que estão a deixar de ser feitas”.

A presidente da UACS recorda, por sua vez, que “Lisboa tem sido a cidade mais fustigada em termos de decréscimo das transações, quer pelo teletrabalho, que prejudica bastante [a afluência de clientes], quer pela falta do movimento turístico habitual”.

“A alternativa é o consumo interno, que não está de maneira nenhuma a compensar a falta de turistas, até porque se nota perfeitamente uma grande retração do consumo face à incerteza de quanto tempo perdura esta situação”, disse.

Sem querer pronunciar-se, “do ponto de vista epidemiológico”, sobre a validade das restrições impostas ao funcionamento do comércio, Lurdes Fonseca admite que o seu prolongamento até ao Natal é “uma machadada grande” para o setor e, provavelmente, “a machadada final para alguns estabelecimentos”.

“Mas há situações completamente diferentes consoante os setores e até nas várias zonas de Lisboa”, notou, explicando que, “por exemplo, o calçado é uma das áreas que está a sofrer mais, assim como tudo o que tem a ver com a moda e os serviços relacionados com a restauração e hotelaria”.

“O que sei – salientou – é que, mais do que apoios (que têm de ser proporcionais a esta situação e, para algumas empresas, poderão ser o balão de oxigénio de que precisam para resistir mais tempo), as pessoas querem é poder trabalhar normalmente”.

Segundo reconhece a UACS, “é muito difícil encontrar um equilíbrio”: “Tem que haver mais auxílios e mais duradouros aos empresários de comércio e serviços, para que as empresas aguentem, mas também sabemos que os apoios existentes não vão salvar todos”, admite Lurdes Fonseca.

Já para o presidente da Associação de Dinamização da Baixa Pombalina, “obviamente que a saúde está em primeiro lugar, mas o comércio também tem a sua saúde financeira e é preciso salvar aquilo que é ainda é possível salvar”, seja permitindo aos empresários trabalhar, seja ressarcindo-os pelo “encerramento forçado” de portas.

“Neste momento, com estas medidas e sem ajudas que possam atenuar todas as falhas que o comércio está a ter nas vendas, é muito difícil sobreviver. Não estão a ser articuladas as necessidades de fechar e as necessidades de ajuda e isto é muito preocupante, porque o comércio não é sustentável com este tipo de medidas”, salientou Manuel Lopes.

Embora sem querer arriscar afirmar que seria possível salvaguardar a questão sanitária mantendo o comércio aberto e com “medidas um pouco mais mitigadas”, o dirigente associativo defende que, então, “deviam ser entregues ajudas aos empresários para sustentar todos os prejuízos”.

“Não é só dizer fecha. E depois? Quem é que paga as despesas?”, questiona, afirmando que “os apoios são anunciados, mas não chegam aos empresários e, quando chegam, não são suficientes”.

Segundo Manuel Lopes, “fala-se muito nos restaurantes, mas não são só os restaurantes” que estão a sofrer com as restrições impostas: “Os restaurantes não têm compras feitas antecipadamente. Já as lojas, as mercadorias que têm para este período de Natal foram compradas há seis meses e estão nos armazéns e os empresários têm muita dificuldade em sustentar todo este peso”, sustentou.

De acordo com a lista divulgada no sábado após a reunião do Conselho de Ministros que fixou as medidas de combate ao novo coronavírus que irão vigorar a partir de quarta-feira, oito municípios da Área Metropolitana de Lisboa desceram do nível de “risco muito elevado” para o ‘patamar’ do “risco elevado”: Amadora, Cascais, Odivelas, Oeiras, Seixal, Setúbal, Sintra e Vila Franca de Xira.

Nos quatro municípios da AML que continuam com “risco muito elevado” de contágio pelo novo coronavírus – Almada, Barreiro, Lisboa e Loures – irá manter-se o recolher obrigatório às 13:00 nos dois próximos fins de semana, continuando por isso em vigor a obrigatoriedade de encerramento do comércio e da restauração a partir das 13:00.

São consideradas exceções os estabelecimentos de venda a retalho de produtos alimentares, bem como naturais ou dietéticos, de saúde e higiene, que disponham de uma área de venda ou prestação de serviços igual ou inferior a 200 metros quadrados com entrada autónoma e independente a partir da via pública.

Os restaurantes podem permanecer em funcionamento após o horário estabelecido para o encerramento, “desde que exclusivamente para efeitos de entregas ao domicílio ou para a disponibilização dos bens à porta do estabelecimento ou ao postigo (‘take-away’), não sendo, neste caso, permitido o acesso ao interior do estabelecimento pelo público.

Nos dias úteis, o recolher obrigatório nestes quatro concelhos vigora entre as 23:00 e as 05:00 e os estabelecimentos comerciais têm de encerrar até às 22:00. Os restaurantes, equipamentos culturais e instalações desportivas devem encerrar até às 22:30 (estabelecimentos de restauração podem funcionar até à 01:00, mas apenas para entregas ao domicílio).


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