Opinião

Canha – Uma freguesia desalentada

Uma opinião da inteira responsabilidade de João Tomás Gomes

O conceito de município engloba não só a sua sede, mas também as respetivas freguesias, independentemente da distância das mesmas da sede de concelho. O executivo camarário, com tenacidade e obstinação, não toma esse relevante facto em consideração. A análise do estado da freguesia de Canha, presentemente, ou há 10 anos (é afanosamente o mesmo), é ilustrativo do insofismável desinvestimento que assolou e assola a freguesia.

Não é possível ficar impávido e sereno quando a Canha não é reconhecido o devido potencial, (que é imenso) nem quando se compara tempos passados e cheios de vida, com o estado de degradação que vigora na freguesia. Importa reter que a extensão territorial de Canha é de 211 km2, que a coloca a par das freguesias do país com maior área. Explorar o terreno para efeitos agrícolas e industriais, criar condições fiscais e habitacionais para que empresários se fixem, recrudescendo assim o emprego e a respetiva qualificação do mesmo, aparenta não ser um tema importante para o executivo camarário, já que nem sequer é discutido. O executivo dá preferência a alcatroar estradas em vésperas das eleições ou a fornecer ambulâncias aos Bombeiros Voluntários de Canha (relembro que saliento e exorto o nobre trabalho que esta instituição tem na freguesia, tal como em todas as outras em Portugal). As estratégias de puro eleitoralismo são, por mim, alvo de robusta crítica, dado que seria exigido – especialmente a nível autárquico – que o executivo servisse todas as pessoas e não só os seus nichos eleitorais, que o fizesse com dignidade e com a certeza de que estaria a fazer o melhor possível. Tal requer, no entanto, a sensibilidade e nobreza de contactar com as pessoas e proporcionar e maximizar qualidade de vida às mesmas, o que nem sempre aparenta estar dentro das capacidades do município.

Como mencionado anteriormente, o estado de deterioração de Canha é mais do que evidente – não só ao nível das infraestruturas – como é possível verificar no elevado número de casas devolutas existentes. A freguesia enfrenta um preocupante imbróglio, o êxodo de muitas pessoas, especialmente jovens, que abandonam a freguesia sem a intenção de regressar, dado que não há emprego, nem as restantes condições para a sua fixação. A comprovação do agora mencionado facto pode ser efetuada consultando os censos, onde estão patentes os números. Os terrenos públicos estão por limpar – o que em época de verão constitui um perigo sério, dado que facilita a proliferação e propagação de incêndios. Podia prosseguir a dolorosa enumeração, o que não me apraz de todo fazer, mas a causa seria sempre o desinvestimento em matérias estruturais como emprego qualificado, exploração agrícola e industrial e a inexistência de uma prisão (é mais do que evidente que Canha merece muito mais que um estabelecimento prisional).

Canha tem um imenso potencial e existem ainda pessoas que acham possível. Por muitos pode ser considerado uma utopia, mas eu ainda acredito que a freguesia tenha futuro. Para esse efeito, apelo fortemente ao executivo camarário e à junta de freguesia que terminem com esta inação, letargia e desinvestimento a que vedaram Canha e que passado todos estes anos ainda possam fazer algo de estrutural e devolver à freguesia o alento que se foi desvanecendo fruto da incompetência que nos governa.

João Tomás Gomes
Vice-presidente da JSD Montijo


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