Opinião

Campeonato Nacional de Clubes de Atletismo

I, II e III Divisão – Pista ao Ar Livre

Antes de iniciar a minha primeira participação no Diário do Distrito com a rúbrica semanal, terei naturalmente de deixar o meu agradecimento ao “DD” e em especial ao Miguel Garcia por me ter reconhecido capacidades e ter endereçado o convite para ter o meu espaço de escrita. Confesso que era algo que gostaria de já ter começado a fazer há mais tempo, no entanto com todas as atividades associativas onde ocupo grande parte do meu tempo pós-laboral, nunca tomei iniciativa para me oferecer a escrever para um jornal. A oportunidade surgiu e estou satisfeito por poder contribuir para este jornal e despontar a leitura aos que seguem o Diário do Distrito.

Nesta primeira rúbrica semanal, irei dedicar o meu espaço à temática desportiva, nomeadamente à modalidade do Atletismo e por dois motivos: primeiro por ter sido uma modalidade que outrora apaixonou o povo português, e se ajudar a (re)criar uma mentalidade e cultura desportiva no nosso país, então ponderarei abordar assuntos de outras modalidades sem ser o futebol; por outro lado esta é a minha modalidade de eleição na prática desportiva, apesar de ser um grande adepto de futebol e apreciar ciclismo.

No passado dia 15 de agosto realizaram-se os Campeonatos Nacionais de Clubes em Pista ao Ar-Livre da I, II e III Divisões Nacionais e o que importa destacar antes de abordar os resultados desportivos será o facto de se ter conseguido organizar uma competição desta dimensão em tempos de pandemia e de processo gradual de desconfinamento. Neste sentido teremos de parabenizar a Federação Portuguesa de Atletismo bem como as Associações Distritais que se envolveram na preparação desta competição.

Em condições normais estas seriam disputadas numa localidade previamente definida, sendo que por norma a I e II Divisão se disputam na mesma pista e a III Divisão quando não é na mesma pista que as outras duas competições, é realizada numa localidade diferente. Este ano a organização logística que a pandemia obrigou a criar, levou a seis cidades diferentes os Campeonatos Nacionais de Clubes: Guimarães, Vagos, Lisboa, Lagoa, Ribeira Brava (Madeira) e São Miguel (nos Açores) foram os palcos de atuação para centenas de atletas profissionais, semiprofissionais e amadores, filiados em 16 clubes (8 em cada divisão) que haviam previamente conquistado a sua vaga numa fase de apuramento que se disputou umas semanas antes, dando a possibilidade aos atletas de competir o mais próximo possível das suas localidades mesmo que o seu clube fosse sediado noutro distrito.

Ora, era espectável que este tipo de planeamento viesse retirar competitividade às provas de atletismo entre os clubes que à partida estariam bem cotados para conquistar títulos e bater records em cada especialidade, no entanto ocorreu precisamente o contrário. Por outro lado, o nível de espetáculo desportivo ficou limitado aos atletas, treinadores e dirigentes que com o devido distanciamento e prevenção, preencheram as bancadas, já que ficou proibida a entrada de público exterior.

Sobre os resultados desportivos nestes Campeonatos Nacionais de Clubes, o destaque será naturalmente para a conquista do Decacampeonato conquistado (10x consecutivas) pelo Sport Lisboa e Benfica em masculinos (140.5 pts) e para o Sporting Clube de Portugal em Femininos (134 pts). Os encarnados venceram 14 das 18 provas disputadas, batendo assim o seu “rival da 2ª circular” com uma vantagem de 33,5 pontos. A fechar o pódio da I Divisão Nacional ficou o SC Braga (75.5 pts) que ano após ano se tem vindo a afirmar na conquista do seu espaço na luta pelo pódio e retirando assim a hegemonia do Juventude Vidigalense (Leiria). A surpresa deste ano foi a estreia da Casa do Benfica de Faro no mais alto patamar coletivo do atletismo português – os farenses que já contam com mais de duas décadas de modalidade e com várias conquistas na II Divisão Nacional (incluindo a do ano anterior) conseguiram pela primeira vez concretizar o sonho e o objetivo de chegar à I Divisão, inclusive com uma prestação que não passou despercebida para quem esteve atento.

Já em femininos, as leoas conseguiram a pontuação máxima em 13 provas das 18 disputadas consumando assim uma vantagem de 33 pontos para o SL Benfica (101 pts) que viu inclusive o 2º lugar em risco após uma excelente prestação das leirienses que colocaram o Juventude Vidigalense na terceira posição com 94.5 pontos.

No entanto, as grandes emoções vinham mesmo a sentir-se na disputa da II Divisão Nacional, tanto no setor masculino como no feminino, onde a diferença pontual entre os três primeiros classificados masculinos ficou por ponto e meio. O Centro de Atletismo de Ceia (96.5 pts) levou a melhor sobre o Atlético Clube da Póvoa de Varzim (96 pts) e sobre o Maia Atlético Clube (95 pts), vencendo 4 das 18 provas, o mesmo número de provas conquistadas que o segundo classificado.

O nível competitivo contrariou todas as espectativas iniciais e as decisões foram-se adiando para as últimas provas, onde devo destacar a conquista da pontuação máxima (8pts) na marcha atlética por parte de Rui Coelho (CA Ceia) que mesmo competindo na II Divisão Nacional obteve o melhor tempo a nível nacional batendo indiretamente João Vieira (do Sporting e medalha de Prata em Doha 2019), a maior referência da marcha atlética em Portugal.

No setor feminino, a vitória foi para o Grupo de Atletismo de Fátima com 109 pts. As ribatejanas conquistaram a pontuação máxima em 5 provas, o que não as deixou confortáveis para bater o Grupo Recreativo Eirense que lutou pelo título até ao fim, conquistando 103 pts. A terceira posição foi preenchida pelo Maia AC que leva assim o bronze em femininos e masculinos para a cidade “invicta”.

A fechar os campeonatos, o GR Eirense levou o ouro na III Divisão Nacional em masculinos com 110 pts, batendo o Centro de Atletismo de Mazarefes (102 pts), pelo que no outro setor, a Academia Desportiva de Arcos de Valdevez acrescentou à prata masculina, o ouro nos femininos, fazendo subir mais um título para Viana do Castelo.

O meu principal destaque irá inevitavelmente para o Concelho da Moita, que na III Divisão Nacional conseguiu obter o seu prestígio, tendo as duas únicas equipas do nosso distrito, sediadas na Baixa da Banheira a participar nesta competição. Em masculinos o Centro de Atletismo da Baixa da Banheira venceu 4 das 18 provas disputadas (100m, 200m, 2000m obstáculos e Marcha Atlética) o que lhes garantiu um honroso lugar no pódio com o bronze (101 pts), batendo o histórico e considerado 3º grande do atletismo português, CF os Belenenses. No mesmo caminho, mas no setor feminino, o Centro Desportivo e Recreativo Ribeirinho conquistou a pontuação máxima nos 400m, o suficiente para somar à pontuação obtida noutras provas um total de 93 pontos, que lhes garantiu também um lugar no pódio a 5 pontos das segundas classificadas do UFC Tomar (98 pts).

Estas prestações acabam por ter um valor acrescido pelo esforço adicional na retoma das atividades e que devem deixar em todos os banheirenses um sentimento de orgulho e pertença, naquela que foi uma época desportiva atribulada, marcada pela paragem quer competitiva quer em termos de preparação dos atletas para estas competições nacionais. Analisando com algum detalhe, podemos afirmar que estes dois clubes da Baixa da Banheira se encontram, quer no setor masculino, quer no setor feminino, entre os 20 melhores clubes portugueses de atletismo.


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