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‘Cada condutor tem de se consciencializar de que tem uma arma nas mãos’

A Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária apresentou esta manhã em Almada os dados provisórios do balanço do ano de 2021 no âmbito da sinistralidade e fiscalização.

A iniciativa foi presidida pela Secretária de Estado da Administração Interna, Patrícia Gaspar, em videoconferência, por se encontrar em isolamento profilático devido ao covid19, e ainda com a participação da Guarda Nacional Republicana (GNR), Polícia de Segurança Pública (PSP) e Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC).

O Tenente-Coronel Paulo Gonçalves, Chefe da Divisão de Trânsito e Segurança Rodoviária da GNR, destacou “os mais de 69 mil acidentes registados em 2021 nas nossas zonas de ação, do que resultaram 323 vítimas mortais, uma diminuição de 21% em relação a 2020, embora esse ano tenha sido atípico devido à pandemia de covid19”.

Os “três principais assassinos nas estradas” referidos pelo Tenente-Coronel, centram-se “na velocidade, na condução sob efeito de álcool e ainda na falta de uso de sistemas de segurança: cinto e sistema de retenção de crianças”.

Em relação ao futuro, a GNR pretende “garantir uma visão centralizada de segurança rodoviária com um modelo de intervenção assente na gestão de risco, por sua vez assente em dois pilares: avaliação e gestão do risco, constituído por seis fases, que nos permitem saber: quem faz o quê, onde, quando e porquê, e por fim a comunicação com os principais interessados, que são os utentes das vias”.

O subintendente João Ramos, chefe da Divisão de Trânsito e Segurança Rodoviária da PSP, destacou o “assunto de particular relevância da segurança rodoviária para todas as autoridades, porque todos defendemos que ninguém deve morrer ou ficar permanentemente incapacitado devido a acidentes em Portugal”.

Em relação à “criminalidade rodoviária comparada entre 2021 e 2022, foi registado um aumento a rondar os 15%, estando neste âmbito a condução sob efeito de álcool, condução sem habilitação legal, excesso de velocidade, condução com uso de telemóvel e falta de cinto de segurança”.

No âmbito da intervenção da PSP registou-se um aumento de 8% no número de acidentes, e um aumento também do número de acidentes sem vítimas, de 73%; destes resultou um aumento de feridos graves de 18%, mas uma diminuição de vítimas mortais em 4%.  

Já relativamente ao projecto ‘Visão Zero’, a ser implementado até 2030 com vista à redução total do número de vítimas mortais na estrada, o subintendente João Ramos frisou “a forte aposta na visibilidade e informação, como já fazemos mensalmente com a divulgação da localização dos radares; a sensibilização com os jovens e crianças, que serão os condutores do futuro; e na vertente da fiscalização no âmbito do Plano Nacional de Fiscalização e outras ações.

Esta é uma abordagem que considero integral para uma melhoria da segurança rodoviária, uma vez que para a PSP, zero é o único número aceitável de vítimas mortais nas estradas.”

O aumento da presença de operacionais dos Bombeiros e a missão da ANEPC foi o mote da intervenção de Carlos Mata, adjunto de operações nacional no Comando Nacional de Emergência e Proteção Civil da ANEPC.

“No final de 2021 foi activado o dispositivo de Prevenção Rodoviária, nas operações Natal e Ano Novo, que envolveu 780 bombeiros e 236 veículos de socorro, pré-posicionados em 122 locais de Portugal continental.”

No âmbito das intervenções, “em 2021 foram registadas 30.095 ocorrências, 8% abaixo da média dos últimos cinco anos” e os distritos onde se registaram mais colisões, despistes e atropelamentos rodoviários, “são Lisboa e Porto, seguindo-se os principais eixos rodoviários junto à linha de costa”.

“A sinistralidade rodoviária é um fenómeno com uma componente aleatória importante, e é aleatório porque o acidente é um acontecimento indesejado e porque existe uma certa incerteza relacionada com os fenómenos sociais. Nesse sentido, a exposição ao risco é fundamental para uma análise” referiu Carlos Lopes, director da Unidade de Prevenção e Segurança Rodoviária da Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária.

A sua apresentação baseou-se “na métrica de exposição ao risco, com base em cálculos relativos à venda de combustíveis, porque são os números que nos indicam o caminho”.

Relativamente a dados de infrações, “que tiveram uma diminuição na ordem dos 0,14% por excesso de velocidade, a mãe de todos os acidentes, mas um aumento na taxa de infração por condução sob o efeito de álcool, em mais 0,03%. Esta é uma batalha terrível que temos vindo a tentar combater através de um conjunto de medidas, com mais sancionamento.”

E sobre este, Carlos Lopes destacou o facto de ter aumentado “o número dos autos decididos, em mais 55%, e a redução em 99% dos autos prescritos. O sancionamento das infrações faz parte da dissuasão, não apenas nos visados, mas também para a sociedade.”

Outro aspecto abordado foi o Sistema de Carta por Pontos, através do qual 438.739 condutores já perderam pontos na carta de condução, sistema que teve um aumento de aplicação na ordem dos 80% em 2021, face a 2020.

A terminar o encontro, Patrícia Gaspar agradeceu “a todas as entidades que têm vindo ao longo dos anos a fazer um notável trabalho na área da segurança rodoviária, e uma palavra de lamento por todas as vidas que se perderam nas estradas e de rápida recuperação a todos os que ficaram feridos nas estradas. Esta é uma batalha de todos nós da qual não podemos abdicar, e por isso gostava de reafirmar o firme compromisso do Governo para com esta causa.”

A Secretária de Estado da Administração Interna sublinhou que “as mudanças não se conseguem só por decreto, há uma mudança geracional que tem de ser incentivada.

Morrer na estrada não é uma fatalidade, e a mudança de comportamentos tem de ser incentivada.

Há dez anos atrás registavam-se cerca de 2.000 mortes na estrada, agora estamos abaixo das 400 por ano, mas estes números não nos deixam confortáveis, são 400 vidas que têm de ser recuperadas todos os anos, e daí o esforço do projecto ‘Visão Zero, uma meta ambiciosa para reduzirmos em metade as vítimas mortais e os acidentes, até ao número zero em 2050.”

Patrícia Gaspar também sublinhou a importância da fiscalização “que não é uma caça à multa, como se vê muito em comentários nas redes sociais, onde existem duas tendências: os que são contra e os que defendem que há pouca fiscalização. Não queremos ganhar mais dinheiro com as multas, e ficaríamos felizes se um dia não for passada uma única multa.

Infelizmente não podemos ter um carro patrulha atrás de cada automobilista, pelo que cada condutor tem de ser consciencializar de que tem uma arma nas mãos que pode terminar com a sua vida ou com a de outros.”

A responsável sublinhou também as medidas que têm vindo a ser implementadas “como as alterações ao Código da Estrada, o reforço da fiscalização, e também as campanhas de sensibilização, além da ligação com a Proteção Civil, para chegar mais cedo às ocorrências e salvar mais vidas.

Mas os próximos tempos são de arregaçar as mangas e não deixar cair a segurança rodoviária no esquecimento. Os erros de cada condutor irão sempre existir, temos é de reduzir o seu impacto, reforçando a fiscalização e promovendo a consciencialização, sobretudo das gerações mais novas.”


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