Bombeiro de Viseu faz homenagem de despedida a operacional K9 ‘Nero’
A perda de um animal de estimação causa sempre uma enorme dor e vazio. Alguns animais são a única companhia de muitas pessoas, são um membro da família, e também camaradas de trabalho.
Foi o caso de ‘Nero’, que durante dez anos serviu ao lado do operacional Carlos Ribeiro, dos Bombeiros Voluntários de Viseu e Bombeiros Voluntários de Tondela, na K9-Equipa Cinotécnica, e que agora deixou uma sentida homenagem nas redes sociais após a sua partida.
«Escrevo hoje, sem ele. O primeiro dia sem ele. Falar do Nero… o que dizer dele…
O Nero iniciou comigo esta aventura há uns 10 anos. Desde o primeiro dia deu sinais das suas qualidades.
Alguns não creditaram. Ouvimos tanta coisa… “nunca vais conseguir”, “esquece isso, não tem pernas para andar”. Uns por maldade, outros por inveja, foram essas as palavras que ouvimos. Mas fomos, os dois, sozinhos. Tantas vezes sozinhos. É disso que me orgulho, fomos sozinhos. Sempre com aquelas palavras no pensamento, que não íamos conseguir.
Mas conseguimos.»
Carlos Ribeiro conta ainda alguns momentos vividos ao lado de ‘Nero’, em especial um resgate que o marcou, por ser o de uma menina.
«Ao longo da sua vida como operacional de Busca e Salvamento participou em várias missões de busca de pessoas desaparecidas, umas 11 ou 12 talvez. Em todas elas cumpriu a sua missão, deu-me a garantia que por onde andou, não estava ninguém. Confiança enorme nele, no seu trabalho.
Por duas vezes sim, encontrou. Talvez dos momentos mais felizes que vivemos os dois.
Naquela noite ouvir o seu ladrido rouco foi único, foi daqueles momentos que só quem os vive sabe o que se sente.
Nessa noite tive a certeza das certezas, o meu Nero é um cão de busca. Não largou aquela menina e esteve com ela dentro de uma ambulância sentado à cabeceira da maca, atento e protetor. Foi único, foi de uma generosidade sem fim o que ele fez.»
Os rasgados elogios a ‘Nero’ dão a ideia do cãopanheiro que agora partiu.
«Quem o conheceu sabe do que falo. De uma entrega total, tantas vezes levado ao limite das suas capacidades. Sempre lhe pedi mais um bocadinho, só mais um bocadinho… e ele dava, tudo o que tinha.
Dono de uma personalidade única, um caráter enorme. De um carinho sem igual.
Deu-me todo o amor, atenção, proteção.
Aquele ladrido inconfundível, tipo cana rachada… era de ir a correr e rebolarmos os dois no chão. Agarrado àquele corpo imponente, que metia respeito.
Isto é um bocadinho do Nero.»
Para Carlos Ribeiro, ‘Nero’ foi um herói: «Dou por mim a pensar, que de alguma forma serviu quem dele precisou, serviu um país… e trabalhámos tanto para o conseguir.»
Nesta despedida, o operacional deixa palavras emocionadas.
«Espero ter-te dado o amor que merecias. Espero ter retribuído tanto carinho.
Espero que tenhas sido tão feliz como eu fui.
Espero ter sido digno de ti.
Todas as conquistas foram contigo e por ti… é assim que vai continuar a ser… por ti meu Amigo e Companheiro.»
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