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Amorim e “Rei dos Frangos” na corrida ao Rio Frio

Três interessados na compra da herdade de Rio Frio. BCP e Parvalorem estudam propostas.

Depois de parte da herdade de Rio Frio ter sido comprada por um investidor que nem os próprios moradores sabem de quem se trata e que até retirou o acesso ao Campo de Futebol do Grupo Desportivo de Valdera, na freguesia de Pinhal Novo, agora é a vez da empresa Amorim e o empresário José António dos Santos, mais conhecido pelo “Rei dos Frangos” e que ficou conhecido no caso do Novo Banco pelo empresário e presidente do Benfica, Luís Filipe Vieira, estão na corrida para comprar a Herdade de Rio Frio, no concelho de Palmela.

A empresa Amorim já propôs ao BCP cerca de 30M€ pela sua participação na propriedade que são os 100% da herdade, o interesse da empresa de cortiça, são os 2.600 hectares de sobreiros que Rio Frio dispõe. Por sua vez, José António dos Santos, aparece com uma proposta de 14,5M€. Na corrida aparece agora outra proposta de uma empresa no ramo agro alimentar situada na zona centro do país e que para já não quer ser divulgada, a proposta deste terceiro é semelhante ao do “Rei dos Frangos”.

Visitantes impedidos de tirar fotos

São vários os relatos nas redes sociais que os visitantes que tentam captar imagens no centro urbano daquela herdade, são impedidos pelos responsáveis da herdade. O Diário do Distrito tentou obter mais esclarecimentos sobre estes casos, mas sem sucesso, pois os responsáveis não se mostraram disponíveis para responder às nossas questões. Fomos inclusive contactados por pessoas que foram alertadas para abandonarem o monte, pois o mesmo é propriedade privada.

Propriedade privada com serviços públicos

Quem entra na herdade e se dirige ao monte de Rio Frio, tem duas placas informativas de “Propriedade Privada”, ficando advertido logo no início que está a entrar numa propriedade que não é pública. O Diário do Distrito sabe que há muito tempo que a luz pública é paga pela autarquia de Palmela e que os Resíduos Sólidos Urbanos também são um serviço da Câmara Municipal de Palmela. Há mais de dois anos, que questionamos a autarquia, para saber em que ponto de situação estava todo aquele processo. A resposta foi deficiente por parte da autarquia, mas a intenção dos proprietários ficou parada naquela altura.

Lembrar que a recolha de resíduos sólidos urbanos é um serviço pago pelos munícipes através da factura de água, serviço esse que os moradores da herdade não usufruem, pois são abastecidos por furos próprios da propriedade.

Depois de alguns casos comentados nas redes sociais devido à postura dos responsáveis perante as pessoas que visitam o monte, o nosso jornal contactou no passado dia 2 de maio [via email] a Câmara Municipal de Palmela, para que esclarecesse uma vez mais o assunto da propriedade privada, mas que tem serviços gratuitos pagos por aquela autarquia. Desta vez o nosso pedido não teve qualquer resposta por parte do Município.

A herdade e os seus encantos

A herdade de Rio Frio é um símbolo da nova era industrial, no final do século XIX e princípio do século XX, Rio Frio foi considerado por muitos um dos símbolos da nova era industrital, com as mais modernas técnicas de organização e produção agrícola. Uma evolução (im)própria para aquela época, uma herdade que para além de ter toda ela uma organização no setor agrícola, também era uma mini cidade, com casa para todos os trabalhadores, coletividade, cooperativa, hospital, colónia de férias, um posto da GNR entre outros serviços. A herdade é composta por 3.500 hectares, sendo que 2.600 são de sobreiros e 130 são agora ocupados por vinha.

Uma propriedade que está a 30km a sul de Lisboa, nos concelhos de Alcochete e Palmela. A propriedade já teve candidatada a fundos comunitários e tinha um projeto turístico que nunca chegou a sair da gaveta. Uma propriedade que foi adquirida pelo empresário Emídio Catum, já falecido, e que entretanto viria a falir todas as suas empresas, incluindo Rio Frio e que acabava por esta passar para as mãos do BCP e da Parvalorem.

História memoriável

A herdade de Rio Frio, é umas das poucas propriedades com grande relevo e história do País, fundada pelo então empresário José Maria dos Santos [busto localizado no jardim com mesmo nome em Pinhal Novo], o empresário lisboeta terá fundado a Sociedade Agrícola de Rio Frio. Grande visionário na altura do séc. XIX, José Maria dos Santos idealizou para aquela região uma das maiores vinhas do Mundo, na época mandará plantar quatro mil hectares de vinha e milhares de sobreiros. Sendo atualmente o maior montado a nível nacional.

A queda da liderança Lupi

Depois de José Maria dos Santos, a propriedade passou para as mãos da família Lupi, família essa descendente do empresário lisboeta. José Samuel Lupi, uma figura ainda querida por muitos na região, geriu a herdade até aos anos 80-90, levando à queda com a entrega das propriedades ao conhecido empresário da Quinta do Anjo, Francisco Garcia. Samuel Lupi é conhecido no meio tauromáquico, pois foi cavaleiro nas décadas de 60 e 70 do século passado.

Emídio Catum e a insolvência de um império

Foi em 2017 que o império Catum se desmoronou, com o pedido de insolvência, o empresário da margem sul do Tejo, viria a perder parte dos seus bens, incluindo a Herdade de Rio Frio. Pediu nesse mesmo ano um perdão de dívida na ordem dos 697M€. O não pagamento das dívidas ao BCP e à Parvalorem, ditaram o fim de propriedade de Rio Frio ao empresário.

Palácio e o Novo Banco

A perda da herdade para o BCP e a Parvalorem, o famoso palácio de Rio Frio, onde viveram a família Santos Jorge e Lupi, ficou de fora, pois o edifício é propriedade do Novo Banco, ativo este que ficou como pagamento de dívidas da Paprefu, de Emídio Catum, um dos maiores devedores do NB.

40M€ oferecidos pelos espanhóis

Com o processo de insolvência da Sociedade de Rio Frio, a Truxton, empresa de Múrcia, terá oferecido 40M€ para comprar toda a propriedade, incluindo o Palácio de Rio Frio, mas o negócio nunca se concretizou. Os credores atualmente podem perder cerca de 58M€ com as propostas que estão em cima da mesa e a serem discutidas.


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