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Amarsul admite falhas nos novos ecopontos

Nas últimas semanas o Diário do Distrito tem recebido várias queixas de munícipes sobre a funcionalidade dos novos ecopontos da Amarsul, denominados ‘ilhas ecológicas’, colocadas nos concelhos de Palmela, Moita e Barreiro.

As queixas centram-se no facto destes ecopontos, semelhantes aos contentores do lixo, não permitirem a colocação de embalagens de maiores dimensões, não existir uma recolha mais assídua e até sobre a escolha da sua localização.

Ilhas ecológicas no Barreiro

Ilhas ecológicas na Moita – DR – Ivo Pedaço

“Está a ser feito um conjunto muito significativo de investimentos, na ordem dos dez milhões de euros mercê de fundos europeus, para melhorar a recolha selectiva, que contemplam a aquisição de viaturas e de contentores, e a nossa linha estratégica passa por aproximar os contentores das pessoas, uma vez que no passado o rácio de habitantes por ecoponto não era muito interessante” explicou ao Diário do Distrito Sérgio Bastos, membro da administração da Amarsul, na entrevista que decorreu no Ecocentro no Seixal.

“Temos recebido queixas do Barreiro, Moita e Palmela porque não é feita uma recolha regular nessas ‘ilhas’. Acontece que o nosso sistema de recolha é feito com base no histórico de produção dos ecopontos, mas nas zonas das ‘ilhas ecológicas’ ainda não temos esse histórico, e os circuitos são feitos com menos informação.

Criámos mais locais de deposição, o que implicou três acções: reforço dos ecopontos de 3m3, em Setúbal, Seixal, Almada e Montijo; a recolha porta a porta em zonas de vivendas, implementada em Almada e Seixal; e numa primeira fase a colocação das ‘ilhas ecológicas’, contentores de 1100Lt que substituem os ecopontos, junto dos contentores de RSI em todo o concelho de Palmela, mesmo nas zonas mais rurais, na Moita e Barreiro.”

O responsável da Amarsul considera que “estas questões são normais quando se implementam novidades, em que há sempre uma fase complicada, mas vamos analisar os casos onde a produção é mais elevada, aumentar o número de contentores e os circuitos de recolha e a sua frequência, além de realizar ações de sensibilização no terreno para mitigar alguns problemas que temos vindo a identificar, porque da nossa parte ainda não está tudo calibrado.

Estamos conscientes dos desafios, mas também estamos confiantes que os vamos conseguir ultrapassar a curto prazo.”

A área para deposição das novas ‘ilhas’, vulgo «bocas», é outro dos aspectos que não agradou aos munícipes. Sérgio Bastos explica que “se os contentores tiverem ‘bocas’ grandes, as pessoas tendem a colocar todo o tipo de resíduos ali, e vão contaminar tudo. A opção por aquele tamanho tenciona condicionar comportamentos. Mas também reconhecemos que há melhorias que devem ser introduzidas e que as críticas nesse aspecto são justas, pelo que estamos a estudar outra solução para os contentores que ainda serão construídos e para as tampas que forem sendo substituídas.”

Ilhas Ecológicas em Palmela

Segundo Susana Silva, responsável de Comunicação e Sensibilização da Amarsul, há ainda a questão da altura do ano em que se iniciou a colocação das ‘ilhas’, cujo processo se iniciou em Junho. “É tudo muito recente, e estamos em período de férias, altura em que se dá um aumento populacional. Temos a noção de que há mais separação de resíduos e a apostar mais na reciclagem, mas depois há alguma resistência perante a nova contentarização, por ser diferente da anterior.

Mas porque queremos adequar os métodos de recolha realizámos, em conjunto com a Junta de Freguesia na Marateca e Poceirão, visitas a mais de cem residentes para nos ajudar perceber qual a melhor solução, tendo em conta que a própria Junta nos tinha referido que esta era uma área com poucos hábitos de reciclagem. E chegámos à conclusão de que a implementação das ‘ilhas ecológicas’ seria interessante para esta zona.”

A localização destas ‘ilhas’ em gares próprias foi articulada com os técnicos dos municípios, explica Sérgio Bastos, “mas o problema é que toda a gente quer fazer reciclagem, mas não querem depois ter os contentores à sua porta ou que tirem lugares de estacionamento. Mas já tivemos situações em que fomos deslocar os ecopontos, como por exemplo na freguesia de Amora, que foi colocado junto a um coreto, zona com particular enquadramento paisagístico.”

Portugal recicla mais

Sérgio Bastos vê com satisfação o facto de “as pessoas estarem mais sensibilizadas para a necessidade de separação dos resíduos. E quando levamos os contentores para mais perto das suas casas, os incrementos de capitação aumentam e daí esta aposta da Amarsul.

Neste momento o aumento dos níveis de reciclagem até supera as nossas expectativas e nos deixa surpreendidos, embora a aposta na sensibilização também aumentado.”

O aumento dos níveis de reciclagem também contribui para a diminuição de despesa dos municípios.

“Os resíduos sólidos urbanos (RSU) chegam à Amarsul e são pesados e identificados consoante o município de onde provêm e é sobre esse peso que é aplicada uma taxa de cerca de 20 euros por tonelada, mas os recicláveis provenientes dos ecopontos não pagam nada.

Com maior nível de separação do lixo, o volume dos RSU diminui, logo o município paga menos.”

No entanto, Sérgio Bastos reconhece que “falta o benefício para o cidadão que efectua essa reciclagem, porque acaba por pagar o mesmo que o vizinho que deita tudo no contentor dos RSU.”

Outra das grandes apostas da Amarsul passa pelo regresso das acções de proximidade para com a população “e por isso estivemos nas Festas do Barreiro, vamos estar nas Festas das Vindimas e também na Festa de N. S.ª do Rosário, na Moita, explicando o conceito das ‘ilhas ecológicas’, como deve ser feita a separação dos resíduos, como esta separação pode vir a ser reflectida na sua factura de água e até o impacte ambiental que esses gestos têm” refere Susana Silva.

A Amarsul irá ainda realizar 76 mil acções ‘Varrer Portas’ nos nove municípios do distrito de Setúbal, “em que estamos literalmente a bater à porta das pessoas a explicar sobre os novos contentores, além do envio de infomails antes da colocação das ‘ilhas’ na via pública e com a indicação que terá uma visita de elementos da Amarsul. Neste momento estamos a realizar cerca de 4400 ações em Palmela.”

Também junto às novas ‘ilhas’ “temos ações com monitores, em estes validam os sacos das pessoas, para perceber se estão ou não a ser cometidos erros e em caso disso, oferecemos um eco-bag com indicação por cores do tipo de embalagens, e para os que fazem a separação correcta é oferecido um brinde. E como já disse, estas ações decorrem também nos eventos dos municípios que estão a receber as ‘ilhas’.”


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