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Abertura da Lagoa de Melides e de Santo André ao mar gera críticas de movimento cívico

O processo de abertura ao mar da Lagoa de Santo André, no concelho de Santiago do Cacém, que decorreu no passado dia 7 deste mês, só se manteve assim durante poucas horas, tendo fechado a seguir, o que limitou o processo de renovação das espécies.  

Também a Lagoa de Melides, em Grândola, abriu ao mar para renovação das águas esta quinta-feira, mas as expectivas não são as melhores.

Conforme explicou à Lusa Isabel Pinheiro, chefe de divisão do litoral da Administração da Região Hidrográfica (ARH)do Alentejo, apesar da Lagoa de Melides ter mais água este ano, o desejável é que ela fique aberta uma semana, mas isso não tem acontecido porque tem pouca água e o mar não tem ajudado. A ondulação tem tendência para fechar rapidamente o canal que estamos a abrir e o processo termina aí.»

Segundo a responsável, as alterações climáticas «também dificultam estas operações», dando como exemplo “ciclos consecutivos de invernos pouco chuvosos que fazem o nível da água das lagoas ficar muito baixo e tornam estas operações menos eficazes».

Estes processos são coordenados pela Agência Portuguesa do Ambiente (APA), que visa a renovação da água para evitar o «esgotamento do oxigénio e morte dos peixes nas lagoas» no Verão, conforme explicou Isabel Pinheiro, além da limpeza de matéria orgânica que está acumulada no interior da lagoa».

Perante estes cenários, o Movimento Cívico pela Defesa da Lagoa de Santo André exige que as entidades competentes «identifiquem os aspetos concretos que conduziram ao insucesso», bem como que sejam adoptadas medidas para evitar «a degradação das condições de habitabilidade dos residentes e da saúde pública, devido aos maus cheiros, propagação de mosquitos e de outras pragas, com a acumulação de matéria orgânica».

Este movimento, composto por moradores da Lagoa de Santo André e de Brescos e população do concelho de Santiago do Cacém, enviou uma carta ao Governo, Agência Portuguesa do Ambiente (APA), Direção Regional de Conservação da Natureza e Florestas do Alentejo,  Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), Administração de Região Hidrográfica do Alentejo, Capitania do Porto de Sines, Câmara de Santiago do Cacém e Junta de Freguesia de Santo André, citado pela rádio M24.

O movimento considera que a operação que decorreu nos dias 7 e 10 deste mês, «fracassou em ambas as tentativas, comprometendo não só os objetivos primeiros que levam, desde há pelo menos dois séculos, à sua realização, como o sustento económico da comunidade piscatória que, malgrado todas as adversidades, ainda subsiste e a própria saúde pública dos residentes e veraneantes que anualmente visitam este território».

Para o movimento «a APA, o ICNF e demais entidades envolvidas na abertura da Lagoa têm, com frequência, fracassado o processo de abertura da Lagoa de Santo André ao mar,  desperdiçando recursos públicos fundamentais e pondo em risco a economia, a sanidade local e o bem-estar da população residente».

O grupo de cidadãos critica as entidades «pelo acentuado distanciamento da população e comunidade piscatória», por não escutarem a «sabedoria e experiência acumulada» e consideram que «negligenciam todos os estudos efetuados relativamente aos procedimentos mais adequados a adotar, além deste não cumprir o objetivo de renovação da água, contribuindo pelo contrário ainda mais para o assoreamento da Lagoa, uma vez que as areias provenientes da escavação ficam depositadas junto ao canal de abertura, permitindo, assim, que as marés as transportem para o interior do corpo lagunar.»


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