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A vitória do alcatrão sobre a Saúde e o Ambiente no Seixal

Na última sessão de Assembleia Municipal, que se dividiu entre os dias 25 e 26 de Fevereiro, tive oportunidade de interpelar o executivo camarário a respeito dos dados do estudo de 2018 que revelam que a contaminação da população portuguesa com glifosato é generalizada.

A pergunta que fiz foi se continuam ou não a ser utilizados no Concelho do Seixal produtos à base de glifosato, sendo que a resposta do vereador do ambiente foi qualquer coisa como: uma vez gasto o stock do produto já comprado já não será adquirido mais.

É importante a este tempo que o leitor tenha presente que o glifosato, que é só o herbicida mais usado em Portugal, está classificado pela Organização Mundial de Saúde como carcinógeno.

De resto, isso mesmo foi amplamente noticiado pela imprensa nacional nos dias que antecederam a referida assembleia, pelo que não pode deixar de causar estupefacção, pelo menos para nós, que um vereador de um município assuma sem pudor, à luz do que se sabe hoje, a continuação da utilização de um produto reconhecidamente nocivo à saúde, como se a saúde e o ambiente não se importassem de esperar que as prateleiras da autarquia fiquem vazias daquele produto.

Na verdade, não deveria (causar estupefacção) pois o que se tem passado na Aldeia de Paio Pires, com a poluição associada pela população à presença da SN Seixal, é bem elucidativo da forma como o executivo camarário do Seixal encara a saúde e o ambiente: como valores marginais quando em confronto com a economia.

Se no caso do glifosato pesa mais o dinheiro que se investiu (ainda por cima mal, dado ser este um tema há muito explorado) na compra do herbicida, no caso da poluição na Aldeia pesa mais o contributo da fábrica em matéria de emprego, sendo que para o executivo camarário a saúde humana e o ambiente, quer num caso quer noutro, têm de se adaptar.

Esta sessão da Assembleia Municipal permitiu igualmente reforçar duas ideias que tenho há muito: a primeira, a de que o executivo camarário anda sucessivamente a reboque do quotidiano, limitando-se a reagir em vez de prevenir; a segunda a de que conta somente com a sua inteligência.

Senão vejamos: o Orçamento de 2018 não contemplava qualquer verba para o gabinete de atendimento à vítima da Câmara Municipal. E não contemplava porque esse gabinete tinha sido encerrado pela mesma câmara.

Mas perante a enorme visibilidade dada ao flagelo da violência doméstica neste início de ano e perante as evidências que tornavam ensurdecedora aquela sua opção, a Câmara Municipal passou a dotar com uns miseráveis 3.500,00€ (para a praça de touros de Paio Pires foram quase 500.000,00€!!!) o referido gabinete, a reabrir, simbolicamente, no próximo dia 8 de Março.

Outros exemplos poderiam ser dados mas este, em particular, é particularmente revelador das opções e sensibilidade deste executivo, mais preocupado com alcatrão e atracção de investimento estrangeiro do que com pessoas, animais e ambiente.

 


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