Opinião

A queda de um anjo chamado Calisto

Uma crónica de Bruno Fialho.

Calisto foi a personagem principal do livro de Camilo Castelo Branco “A queda de um Anjo”, ele era um típico fidalgo transmontano de boas famílias que foi eleito deputado e ao ir para Lisboa deixou-se corromper.

Mal sabia Camilo Castelo Branco, quando escreveu o livro em 1886, 24 anos antes da implementação da República, que a sua personagem principal, Calisto Elói de Silos e Benevides de Barbuda, iria representar a imagem que hoje em dia temos da maioria dos deputados da Assembleia da República.

Será que Camilo Castelo Branco tinha dons de profeta ou é o ser-humano que, quando alcança um lugar de poder, age quase sempre como a personagem do seu livro?

Acredito mais na segunda hipótese e julgo que os maiores pensadores, teólogos, filósofos e humanistas que conhecemos também concordam comigo.

Para sustentar a tese que defendo, ou seja, que a maioria dos nossos deputados são iguais ao Calisto, relembro o pai da filosofia, Sócrates, que morreu porque teve a coragem de questionar o poder estabelecido.

E qualquer pessoa que defenda esta tese terá sempre que invocar Lord Acton, que é o autor da famosa frase: “O poder tende a corromper, e o poder absoluto corrompe absolutamente, de modo que os grandes homens são quase sempre homens maus”.

Também não podemos esquecer Friedrich Nietzsche, o qual considerava que “o inimigo mais perigoso que você poderá encontrar será sempre você mesmo”.

E até aquele que é eleito por muitos como o pai da filosofia moderna, Thomas Hobbes, defende que o homem é essencialmente mau e que é, desde a mais tenra infância, egoísta, parcial, competitivo, orgulhoso, vingativo, vaidoso e ambicioso.

Evidentemente que não posso esquecer Abraham Lincoln que proferiu a famosa frase: “Se quiser por à prova o caráter de um homem, dê-lhe poder”.

E se há filósofo que sabia como se chega e mantém o poder, esse é Nicolau Maquiavel, o qual nos deixou pensamentos profundos, tais como: “um príncipe sábio pensará em como manter todos os seus cidadãos, e em todas as circunstâncias, dependentes do Estado e dele; e aí eles serão sempre confiáveis”.

Mas Nicolau Maquiavel também disse: “O homem que queira professar o bem por toda a parte é natural que se arruíne entre tantos que não são bons”.

Nicolau, tal como todos aqueles que citei, tinha perfeita noção de que quem nos governa quer manter-nos subjugados ao poder do Estado para que não nos possamos revoltar perante as injustiças e a corrupção que existe.

Por essa razão o meu homónimo (no segundo nome) Giordano Bruno, teólogo e filósofo condenado à morte na fogueira pela Inquisição romana com a acusação de heresia, deixou-nos o seguinte pensamento: “que ingenuidade pedir a quem tem poder para mudar o poder”. Esta frase, passados 400 anos, continua actual.

Podemos ainda observar que os pensamentos e frases dos grandes filósofos, teólogos, pensadores e humanista ao longo dos séculos sempre foi no sentido de que a maioria dos “deputados” são corruptos e nunca pensam no povo em primeiro lugar.

Portanto, Camilo Castelo Branco não foi visionário, nem bruxo ou adivinho, apenas limitou-se a escrever acerca da condição dos homens que chegam ao cargo de deputados e que a corrupção, a luxúria e a falta de carácter é o denominador comum.

E porque este fim-de-semana, para os Cristãos como eu, estamos a celebrar a ressurreição de Jesus Cristo, quero deixar uma frase de quem, para mim, é o maior de todos os filósofos, que é o próprio Jesus: Quem quiser ser líder deve ser primeiro servo. Se você quiser liderar, deve servir”.

Tenho a certeza de que isso é algo que a maioria dos nossos deputados nunca quiseram ser, talvez porque não são Cristãos ou, mesmo o sendo, não cumprem os mandamentos de Jesus Cristo.

Acredito que ainda é possível mudar tudo o que está mal no nosso país, mas não será fácil, principalmente porque a corrupção tem minado e ainda mina aqueles que, na Assembleia da República, nos deviam defender.

Compete unicamente a nós deixarmos de fazer escolhas que prejudicam o povo e o país, como a que foi concedida ao povo por Pôncio Pilatos, que foi o direito de escolher qual dos dois acusados (Jesus Cristo e Barrabás) deveria ser solto e o outro crucificado.

Penso que passados quase 2000 anos, a escolha da maioria continua idêntica, pois continuamos a escolher os ladrões.

Desejo-vos uma boa vida e uma Páscoa Feliz, sejam ou não Cristãos, porque um verdadeiro Cristão quer o bem de todos.


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