Opinião

A política e o futebol

Uma crónica de Marco Rafael Rodrigues

Vivemos tempos estranhos, onde a emotividade do futebol esta a passar para a política.

A intolerância para com a diversidade de opiniões quase se assemelha as diferenças entre as claques mais radicais do mundo do futebol. Assiste-se a essa irracionalidade nas questões mais ideológicas como são as temáticas associadas ao Direito à Vida e as questões associadas à Ideologia de Género.

No futebol, somos implacáveis com os treinadores que perdem…na política os líderes que não ganham são também eles sujeitos a chicotadas psicológicas.

Equipa que perde, que não ganha…o treinador tem de mudar.

Rui Rio perdeu as últimas eleições legislativas, e mesmo tendo sido recentemente reeleito, tombou perante o descalabro eleitoral. A massa associativa do PSD de que faço, orgulhosamente parte, não perdoou e exigiu uma mudança de estratégia, de “treinador” e de equipa técnica.

No entanto o mercado de transferências está fechado, e o plantel deste novo treinador é o plantel contratado pelo anterior líder.

Tal como Ruben Amorim, transformou um punhado de jogadores numa equipa vencedora, também Luis Montenegro terá de fazer dos seus/nossos deputados uma equipa ganhadora.

Tal como Sergio Conceição ganhou um titulo com jogadores a deixarem em campo sangue suor e lagrimas, também Luis Montenegro terá de saber tirar o melhor de cada um dos seus/nossos deputados.

Para já, escolheu um capitão de equipa, Joaquim Miranda Sarmento, uma escolha do anterior “treinador” para coordenar uma equipa jovem, que terá de mostrar que no PSD, como nas grandes equipas, que o todo vale sempre mais que a soma das partes.

Tal como o Benfica, o PSD tem um novo treinador, tem uma nova equipa técnica e um novo modelo de jogo.

Mais aberto à pluralidade, mais livre para internamente permitir um maior debate, uma maior abertura à sociedade civil, pois as eleições ganham-se de fora para dentro…não de dentro para fora. Ouvir o eleitorado no caso da política e saber interpreta-los, respeitar as massas associativas no caso do futebol, são essenciais e decisivos para os bons resultados em ambas as situações.

O sucesso dos grandes clubes de futebol, nasce também da autonomia das suas modalidades, da riqueza das suas academias e das valências das suas estruturas de apoio.

Na política e no PSD a importância das Concelhias, a sua autonomia perante as Distritais, assim como o papel estratégico das Distritais e a sua liberdade sobre a Comissão Politica Nacional são essenciais para que, dentro da pluralidade, consigamos ser representativo de todos aqueles que procuram o PSD como voz.

A nível local, e tendo em conta também o que a “massa associativa” disse ao PSD nas autárquicas, teremos também de repensar o nosso modelo de jogo, sendo que a escolha de novos treinadores é a melhor hipótese a ter em conta.

Muito ainda falta fazer…mas uma coisa será certa…terá o PSD, localmente de ir buscar internamente, mas também á sociedade civil os melhores…dar um descanso aos habituais que já não foram reconhecidos pelos portugueses como capazes de serem reformadores.

O novo Presidente eleito do PSD tem de lidar, perceber e compreender esta nova realidade política que é incontornável, e posteriormente terá que querer ser melhor que os demais, tendo obrigatoriamente de revitalizar e renovar as estruturas do PSD.

Não se pode ter resultados diferentes fazendo a mesma coisa. Isto é verdade tanto para o futebol, como para a política…

A liderança do PSD terá de interiorizar que tem um grande desafio pela frente. Ser a voz dos portugueses. Ser a representação responsável de uma classe média que tem necessidade recuperar a esperança num futuro menos sombrio.

O PSD é e será sempre o partido mais português de Portugal, com uma matriz progressista e reformista, mas só voltará a ser poder quando se voltar a aproximar dos portugueses. Para isso, terá o novo presidente do PSD, de fazer melhor, reinventando o PSD, voltando a ser um partido de muitos e bons quadros e não de pouco e menos bons. Para já começou bem!

Tal como qualquer clube que queira ser grande, tem de ganhar não só o Campeonato Nacional, mas também todas as competições em que se envolve, também qualquer partido que queira transformar Portugal tem de saber vencer eleições, tem sempre de crescer em mandatos autárquicos e ambicionar ser maioria na quase totalidade dos municípios.

Nenhum partido que deseje ganhar eleições, pode eleger, no Distrito de Setúbal em 18 deputados apenas 3, bem como não pode ser relegado para uma representação autárquica insignificante, perdendo vereadores em grande parte dos municípios, ficando sem representação autárquica em alguns desses concelhos e freguesias. Se os resultados nacionais resultaram da incapacidade do líder nacional em ser aceite como alternativa, os resultados locais resultam também da incapacidade dos líderes locais em irem de encontro ao que os eleitores procuravam…

Espero que o PSD, jogue estes próximos 3 anos e meio, com a mística de um Benfica, com a garra de um Porto e com a devoção de um Sporting.


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