Opinião

A Páscoa dos loucos católicos

Esta semana, um artigo de opinião de Pedro Guerreiro Cavaco

Estava no fim do meu artigo sobre Amsterdam quando pensei que, face à data, seria mais oportuno escrever sobre a Páscoa. Mas não uma Páscoa qualquer, antes sobre a Páscoa dos loucos católicos.

Esta semana é mais curta. O sol e as boas temperaturas convidam a um passeio ou à ideia de umas sempre muito desejadas mini-férias. Há sempre quem planeie sair para fora ou mesmo permanecer cá dentro porque o nosso país está repleto de locais aprazíveis.

Tudo isto é verdade menos para um espécie de invencíveis gauleses, os católicos, esses loucos.

A sua atitude perante a vida é, convenhamos, loucura. E esse seu viver a vida (eles chamam de terrena) tem o seu sentido mais profundo na semana da Páscoa.

Proponho-me entrar no coração dos católicos para esta semana e reproduzir nestas linhas a sua vivência pascal. Sigam-me.

A Quaresma mergulha as suas raízes profundas em vários episódios da história da Salvação sendo uma delas a travessia do deserto pelo povo eleito, por um período de quarenta anos, debaixo de provações e tentações para os israelitas. Paralelamente, já no Novo Testamento, o Evangelho do primeiro domingo da Quaresma (período de 40 dias antes da Páscoa), apresenta Jesus tentado no final dos quarenta dias que passou no deserto.

Este é, pois, um período em que os cristãos católicos praticam de forma mais rigorosa a oração, a esmola e o jejum. Oração como recolhimento e diálogo com o seu Criador, esmola como resultado das privações que voluntariamente assumem neste período e jejum, que não é forçosamente alimentar, isto é, pode ser efectuado um jejum de redes sociais, internet, jogos, videojogos, telenovelas, entre muitas e variadas opções. Já teremos pensado neste prisma?

Na Páscoa é celebrada a paixão de Cristo, a Sua morte e morte de Cruz. Mergulhar na paixão de Cristo como um personagem mais é dos exercícios mais calorosos que se pode ter. deixo o convite. Há alguns textos verdadeiramente extraordinários da Via Sacra, o caminho de Jesus para o Calvário.  Mas, há algo mais? Direi que sim. Há, assumo, um outro objectivo: o recentrar. Tal como num GPS que, quando navegamos, nos pergunta se queremos recentar a imagem, os católicos recentram o seu GPS espiritual.

O recentrar implica recolhimento, silêncio, encontro.

Esta é a época em que o «espírito de penitência», de que falava S. Josemaria, propondo exemplos práticos, como sejam o cumprimento exacto do horário, sujeição a um plano de oração, apesar do eventual cansaço ou frieza, tratar sempre os outros com a máxima caridade, suportar com bom humor as mil pequenas contrariedades do dia, entre outros. Parece fácil, mas não o é. Experimentemos. Eles são verdadeiramente doidos!

Nesta altura em particular, caminham para Deus procurando, no que chamam de escadaria da santidade, no percorrer paulatino dos degraus, no caminho penitencial através dos sacramentos, o sacramento da confissão ou reconciliação.  Celebrar a Vigília Pascal e Domingo de Páscoa implica uma conversão que decorre dos 40 dias da Quaresma culminando, assim escreverei, na confissão dos pecados e, não menos importante, no arrependimento profundo e sincero destes. Porque, se assim não fosse, ser-se-ia como os fariseus que, na Bíblia, são descritos como escrupulosos cumpridores do dever e preceitos sem, contudo, terem amor. Paradoxo.

É claro que todas estas práticas constituem escândalo. Mas eles são assim mesmo, loucos, crentes num projecto de salvação pessoal.

Vou confidenciar-vos, tenho imensa honra de ser um deles.

Uma nota final para a tragédia ocorrida em Paris, na Catedral de Notre-Dame. Foi a devastação de oito (!) séculos de história. Mas não poderia deixar de fazer uma chamada de atenção. É que no meio da tragédia, a Cruz e o Altar principal salvaram-se miraculosamente. Ele há coisas…

Santa Páscoa!

 

 

 


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