Opinião

A influência das ideologias de esquerda na arte

O que seria do ser humano e da sociedade sem a arte?

A arte faz parte da identidade cultural de um país, e sem arte perdemos uma parte de nós, perdemos alegria, perdemos cultura, mas até que ponto a dita arte dos dias de hoje não nos estará a prejudicar mais do que nos enriquece?

Por ser uma necessidade de expressão de crenças, desejos, e sonhos do ser humano e uma ferramenta de comunicação essencial a arte tem uma influência direta na sociedade, e tem vindo a servir-nos a diversos níveis: decorativo, de entretenimento, celebração e também para registo histórico. É inclusive graças à arte que hoje conseguimos remontar a história e compreender, em parte, o estilo de vida dos nossos antepassados.

As influências das ideologias de esquerda nas artes atualmente estão proporcionalmente ligadas aos movimentos vanguardistas que emergiram no início do século XX, que, com as suas ideias libertinas, saíram em defesa da anarquia aproveitando-se da arte neste período conturbado para difundir os seus ideais. Através da incorporação destas ideologias libertinas a arte tomou um rumo mais modernista, na medida em que exaltava esta nova conceção de trabalho e de progresso, isto é, a industrialização, que passou a dominar a economia mundial, incentivando à urbanização e concentração dos agregados populacionais em torno das grandes cidades.

A partir de 1910 predominaram na sociedade os ditos movimentos vanguardistas que pretendiam fazer da arte um meio de incentivo para a transformação da sociedade, mais concretamente, propunham adequar o estilo de vida dos trabalhadores ao ritmo do trabalho industrial. Estes desígnios surgiram no período entre as duas grandes guerras como reação às mudanças de vida repentinas a nível social, económico e político, que abalaram os pilares da civilização ocidental.

O contexto sociopolítico da época permitiu que a arte, que até então tinha sido virada maioritariamente para o registo sacra e religioso, abandonasse a tradição pela procura da pureza, da beleza, do agradável ao olhar e audição, retratação do real e pela adulteração da realidade concreta, permitindo dar asas aos impulsos e sentimentos individuais dos artistas, quer fossem eles aceites ou não.

Ao permitir esta brecha para a inovação abrimos portas a movimentos como o fauvismo e o expressionismo, que surgiram pela mesma altura na França e Alemanha, respetivamente, e ficaram marcadas pelo desejo patente de inovação e contradição da tradição. Este rol de movimentos artísticos que desabrocharam em tão curto espaço de tempo, eventualmente, deram origem ao dadaísmo, cujos fundadores, Hugo Ball e Tristan Tzara, são para mim os principais responsáveis pelo estado deplorável das artes a nível mundial atualmente.

É possível afirmar que a despreocupação com a estética e a beleza da arte começou realmente a tornar-se preocupante com o movimento dadaísta, que reuniu o pior de cada um dos movimentos artísticos anteriores e criou este movimento cujo lema era: “a destruição também é criação”.

O dadaísmo era caracterizado por querer o rompimento dos modelos tradicionais e clássicos, máxime, pelo seu espírito vanguardista e de protesto, pela sua espontaneidade, improvisação e irreverência artística; pelo anarquismo e niilismo, a busca do caos e desordem, o teor ilógico e irracional, o caráter irónico, radical, destrutivo, agressivo e pessimista, a aversão à guerra e aos valores burgueses, a rejeição ao nacionalismo e ao materialismo, e a crítica ao consumismo e ao capitalismo. Creio que reconheceram alguns conceitos e ideias ainda muito enraizadas atualmente, nomeadamente no discurso e ideologia dos partidos de esquerda e extrema-esquerda.

Posto isto, volto a questionar, será que um meio artístico onde o que predomina é uma ideologia que defende o caos, a destruição, o pessimismo, o radicalismo, o anarquismo, entre outros, fará bem à sociedade, ou sequer aos artistas que a praticam? Não será que os artistas que acreditam genuinamente que é possível viver e reger uma sociedade nestes termos estarão antes a tentar pedir ajuda?

Com este afastamento do belo, da estética que era agradável ao olhar e audição e das temáticas que importavam ao público em geral, assim como a mudança repentina no estilo de vida, as artes perderam público e com isso o seu sustento e posteriormente viu os apoios serem reduzidos, deixou de ser possível viver da arte.

Infelizmente nos dias de hoje quase todas as áreas artísticas vivem única e exclusivamente dos apoios estatais, pois não se conseguem sustentar sozinhas, o artista deixou de ser alguém que produzia algo único, ser artista deixou de requerer talento, estudo, dedicação e trabalho, atualmente tudo pode ser considerado arte, qualquer um pode ser artista, por isso questiono, de que me adianta estudar e trabalhar tanto se quem não o fez é considerado tão bom ou melhor que alguém que fez um percurso como o meu por estas mentes brilhantes?

Esta cultura subsídio-dependente e do antitrabalho tem arruinado a nossa sociedade, porque se isso não existisse e os artistas que vivem somente da arte tivessem de pôr comida na mesa se calhar pensavam duas vezes antes de considerar que fezes humanas numa lata são arte.

A arte é arte, deveria ser imparcial e não influenciada por políticas e ideologias. Ao isolarem e discriminarem aqueles que optam por pensar diferente da comunidade artística em geral só demonstram que são iguais àquilo que tanto dizem repugnar.

Eu posiciono-me à direita a nível político e ideológico e todos os dias sofro na pele por não me deixar corromper, manipular e pensar pelo e como os demais da minha área. E todos os dias mais me orgulho da minha decisão de me manter fiel aos meus princípios e ideias.

Sofia Reis Giro, Coordenadora da Juventude Chega Setúbal


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