Opinião

A Festa da Atalaia (A Festa Grande)

Os jovens da minha geração adoravam a festa grande em honra da Nossa Senhora da Atalaia, onde se realizava uma “festa de arromba”, com feira de diversões, comes e bebes, bailes, prostitutas e tudo o que havia de melhor e pior na época para feiras e romarias ia parar à Atalaia. O Montijo e a região despejavam-se em Atalaia. Uns iam a pé, muitos de autocarro, outros de galera com bancos, puxada por animais ( Um ano fui com o meu Pai que tinha uma galera de aluguer) e as pessoas com  maiores recursos no Montijo alugavam casas e outros tinham casa própria na Atalaia. A maioria das casas nas escadas que davam acesso à igreja eram propriedade de Montijenses.

Tudo se modificou em relação ao Montijo, com o início em 1951 das Festas Populares de São Pedro no Montijo que logo nos primeiros anos tiveram grande êxito e passaram a ser as grandes festas dos jovens Montijenses.

Porém, as Festas em honra da Nossa Senhora da Atalaia, têm outra particularidade, a mais importante, a Atalaia é um local de peregrinação, onde existem romarias há mais de 500 anos. E ainda existem hoje círios que têm casa na Atalaia e vão em romaria todos os anos no final de Agosto e na 5ª feira de ascenção.



Cirio da Azoia – termo de Sesimbra, Círio da Quinta do Anjo, Círio da Carregueira, Círio dos Olhos de Água  e Círio Novo ( decidência no Círio da Carregueira). Também é muito antigo o Círio dos Marítimos de Alcochete que não tem casa na Atalaia, mas vai em peregrinação todos os anos pela Páscoa aquele local que já foi anulada para este ano a algum tempo.

Chegaram a existir 34 círios.

Em 1866, por decisão do Governador Civil de Lisboa, foi proibida a ida dos círios à Atalaia, por causa da propagação da cólera-morbus. No século XIX várias pandemias de cólera que também vieram do Oriente, atingiram o nosso país e todo o Ocidente, como o COVI-19.

 Os cirios que resisitiram iam em peregrinação para pagar promessas dos pedidos que tinham feito à Nossa Senhora da Atalaia, por altura de graves doenças (pandemias) que tinham atingido as suas localidades, como acontece agora com o Covi-19.

Estou certo, que dada a quantidade de gente que ainda hoje, se junta na Atalaia pela festa no final de Agosto, especialmente no Domingo, dia da procissão e nos bailes dos círios, que não vai ser permitida a festa da Atalaia, nem das outras festas tradicionais que se realizam por todo o país no Verão. 

No entanto, como não conheço nada da convivência dos Círios e aquilo que pensam os seus dirigentes e sócios, estou curioso de saber se vão tomar alguma atitude (sempre legal), uma vez que certamente está muito vincada nas populações que passou de geração em geração, as doenças que assolaram os seus antepassados. Hoje, estamos a viver tempos dramáticos, com uma grave pandemia e é normal que num país católico, muitas pessoas se agarrem à sua religiosidade.


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