Opinião

A Educação tem de ser para todos

Uma crónica de João Alves.

“Todos os seres humanos têm direito à educação. A educação será gratuita,
pelo menos nos graus elementares e fundamentais.” – Declaração Universal dos Direitos Humanos.

“Todos têm direito ao ensino com garantia do direito à igualdade de oportunidades de acesso e êxito escolar” – Constituição da República Portuguesa.
Eu nasci e fui criado num bairro social, sou o mais novo de cinco irmãos. Hoje, todos temos um curso superior e, por causa disso, temos uma qualidade de vida superior a que os nossos pais tinham com a nossa idade. Nenhum de nós ficou no bairro, a educação foi a nossa porta de saída.

Entendo que perante a situação atual o fecho das escolas seja um mal
necessário e que o ensino online se apresente como a solução possível, porém deveria ser garantida igualdade de oportunidades e acesso à educação a todos os alunos, mesmo nestas condições.

Existem muitos pais em Portugal que procuram, através da educação,
proporcionar aos filhos uma vida melhor do que a que eles tiveram, fazendo muito do pouco que têm. No entanto, para muitas famílias por esse país fora uma simples ligação à internet, um bem que muitos portugueses consideram essencial, acaba por ser um luxo dispensável. Quando em minha casa tivemos acesso à internet já eu andava no secundário e já dois dos meus irmãos tinham concluído os seus estudos.

Mas não é só a ligação à internet, proporcionar um computador a cada filho
apresenta-se como outra barreira que com os cortes no salário dos pais, devido a despedimentos e layoff, se tornou ainda mais difícil de transpor.
O estudo da DGEEC, Desigualdades socioeconómicas e resultados escolares, de Fevereiro 2016 “sugere que em Portugal há uma relação muito forte entre o desempenho escolar dos alunos e o meio socioeconómico dos seus agregados familiares”.

Segundo dados da OCDE – OCDE, Skills Outlook 2019 – Thriving in a Digital
World – 17% dos lares em meio urbano e 37% dos lares em meio rural em Portugal não têm acesso a internet banda larga.
“Assumimos um objetivo muito claro: vamos iniciar o próximo ano letivo
assegurando o acesso universal à rede e aos equipamentos a todos os alunos dos ensinos básico e secundário”.

“É muito mais do que ter um computador ou um tablet. É ter isso e
possuir acesso garantido à rede em condições de igualdade em todo o território nacional e em todos os contextos familiares, assim como as ferramentas pedagógicas adequadas para se poder trabalhar plenamente em qualquer circunstância com essas ferramentas digitais”.

Estas foram as palavras de António Costa em Abril de 2020 e parecia ser um
passo importante na direção certa porém segundo dados do Polígrafo: “Em janeiro de 2021, ainda só foram distribuídos 100 mil computadores”, “cerca de 258 mil desses computadores só foram encomendados no dia 31 de dezembro de 2020”, aqui caberá ao leitor tirar as suas conclusões sobre a dictomia entre o prometer e o cumprir a que a maioria dos políticos portugueses já nos habituou.

A pandemia veio agravar ainda mais as desigualdades socioeconómicas, no
entanto enquanto sociedade, devemos continuar a combatê-las. É indispensável que a todo e qualquer aluno sejam garantidos direitos iguais no acesso à educação. Para muitas famílias a educação continua a ser a melhor porta para uma vida melhor, não podemos permitir que também esta se feche.


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