A cigarra poupou… mas foi só no inverno
Desde cedo que somos alertados por quem nos rodeia que a poupança é fundamental para as nossas finanças pessoais. Vários são os contos e ditados que fazem alusão a este tema, mas que, mesmo assim, o comum português simplesmente não consegue…ou apenas o faz quando os tempos difíceis chegam.
A falta de habilidade para conseguirmos prever o futuro obriga-nos a tomar certas precauções para que nunca falte alimentação, habitação ou nem que seja um pouco de conforto para nós e para a geração seguinte.
Segundo dados recentes, a taxa de poupança das famílias em % do rendimento disponível aumentou 5,7% em relação a 2019, atingindo os 12,8% em 2020. É um número baixo, embora impressionante se compararmos com a última década.
Se procurarmos os dados ainda mais antigos, com um sentimento melancólico à mistura, observamos que, entre 1966 e 1993, este dado estatístico nunca esteve abaixo dos 15%, um número que nunca mais foi atingido até aos dias de hoje, sendo o deste ano o valor mais elevado desde 2002. Uma outra ilação que retiro é que se está a repetir um fenómeno que aconteceu na crise de 2008-2009 (um aumento súbito da poupança) que poderá confirmar as minhas suspeitas de que o português comum só poupa quando chega o inverno frio.
Vejamos:
Média de poupança em 2005-2008: 8,2%
Média de poupança em 2009-2012: 9,9%
Média de poupança em 2016-2019: 6,9%
Média de poupança em 2020: 12,8%
*2021: 11,7%
*2022: 8,1%
*2023: 6,9%
Média de 2020-2023: 9,9%
*Estimativa do Banco de Portugal
Neste sentido e para terminar, alerto os portugueses para que poupem o máximo que conseguirem, principalmente quando estiverem numa situação económica mais vantajosa e não apenas quando a tempestade bate à porta.
Para os jovens como eu, reforço ainda mais este ponto, principalmente porque vai ser através das nossas poupanças que iremos atacar um dos principais problemas da nossa geração: o Investimento e o abatimento da Dívida Pública.
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