OpiniãoPolítica

Adolescentes portugueses gostam cada vez menos da escola

No dia 19 de Maio, foi publicado um estudo conduzido pela Health Behaviour in School-aged Children (HBSC) em colaboração com a OMS, realizado em 45 países europeus e no Canadá, que revela entre vários indicadores que apenas 9,5% dos adolescentes portugueses gostam da escola.

O estudo que é realizado de 4 em 4 anos, demostra ainda que desde 1998 que Portugal tem vindo a descer nesta classificação, passando de um notável segundo lugar em 1998 para o 38.º lugar em 2018. Uma verdadeira queda a pique.

Os resultados deste estudo, realizado antes do mundo ter parado devido à pandemia, lembraram-me imediatamente do controverso plano anti-chumbos inscrito no programa de governo para 2020, que foi altamente debatido no final de 2019.

Por mais que o governo tenha defendido a tese de que o objetivo do plano é o combate ao insucesso escolar, tese esta já contrariada pelos professores, sabemos que o verdadeiro motivo deste plano são os 250 milhões de euros por ano que este permite poupar aos cofres do estado. Trata-se então de uma questão financeira, e não uma real preocupação com sucesso escolar dos alunos.

Os resultados deste estudo traduzem claramente a maneira como o governo atual e os antecessores olham para a educação, e como para eles esta não é uma prioridade. Deste 2014 que a despesas do estado em educação em percentagem do PIB tem vindo a diminuir. Com esta visão da educação como um custo e não um investimento, como é que podemos esperar que daqui a 4 anos quando saírem novamente os resultados deste estudo, Portugal não caia ainda mais nesta classificação?

Se queremos que os adolescentes portugueses gostem da escola é necessário investir mais nas escolas e nos seus alunos. Enumero 5 medidas que creio que sejam essenciais para o aumento da satisfação entre os alunos portugueses:

  • Investimento na requalificação dos edifícios que se encontram em condições deploráveis, assim como remover o amianto ainda presente em imensas escolas no país, incluindo em Almada onde foram organizados protestos nas Escolas Secundaria Fernão Mendes Pinto e Francisco Simões o ano passado.
  • Redução do número de alunos por turma, para os professores disporem de mais tempo para dedicarem aos seus alunos, e por consequência reduzir a indisciplina em sala de aula.
  • Contratação de mais funcionários para dar respostas às necessidades das escolas, pois inúmeras são as vezes que são noticiados casos de escolas que não abrem devido a falta de assistentes técnicos e operacionais.
  • Criação de novas disciplinas que despertem o interesse dos jovens e desenvolvam o seu pensamento crítico como por exemplo programação, nutrição, ciência política, finanças pessoais, empreendedorismo, sustentabilidade e mandarim.
  • Investimento na utilização de meios tecnológicos e digitais nas escolas como complemento ao ensino tradicional, de modo a preparar os alunos a revolução digital e o impacto que esta terá no mercado laboral como o conhecemos hoje. Neste aspeto o confinamento permitiu darmos grande passo nesta direção, ao demonstrar que aprendizagem tecnológica e digital é uma ferramenta bastante eficaz, e que veio para ficar.

Ora, todas estas medidas que enumerei exigem um investimento considerável em educação por parte do Estado. Investimento esse, que tem sido feito pelos países acima de nós na classificação. Por cá, enquanto tivermos governantes que preferem pensar a curto prazo e que não considerem os jovens e a sua educação um investimento, não devemos ficar surpreendidos se os resultados do próximo estudo colocarem Portugal como o país com mais alunos que não gostam da escola na Europa.

Daqui a 4 anos veremos..


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