MontijoOpinião

Revolta com sentimento de impunidade.

Perante os últimos acontecimentos que envolveram a polícia, seja na situação do Carnaval no Cais do Sodré, seja no que rodeou o funeral de indivíduos que morreram enquanto praticavam, por sua livre e espontânea vontade, a condução dum veículo de forma muito perigosa e que por isso tiveram um acidente mortal, que por sorte não vitimou inocentes, o sentimento que tenho é: REVOLTA.

Revolta com o sentimento de impunidade que se instalou no nosso país.

E tudo isto acontece porque, com o que se tem verificado nos últimos anos, as nossas forças de segurança não têm tido o suficiente apoio do Estado em situações em que a polícia apenas está a fazer o seu trabalho, que é defender a legalidade democrática e garantir a segurança e os direitos dos cidadãos, que é uma tarefa fundamental do Estado prevista na nossa Constituição.

O dever do Estado deverá ser, na minha opinião, o de estar do lado das suas polícias, em situações como estas a que nos referimos, ao invés de surgir muitas vezes ao lado dos infratores, pois que, com essa postura, só alimenta a força destes, que pensam que podem fazer tudo o que querem e que nada lhes acontece, e retira, assim, autoridade a quem tem a missão de nos proteger.

As pessoas de bem começam a ter receio de estar no sítio errado à hora errada e ser rodeadas por um grupo de indivíduos que não respeita as regras para se viver em sociedade, como aconteceu na suposta homenagem na segunda circular, onde muitos cidadãos se viram privados da sua Liberdade e Segurança, devido a esse sentimento de impunidade que se instalou e que permite que os infratores ajam da forma como agiram.

Com imagens como aquela que se viu na Damaia, em que vemos infratores a ameaçar a nossa polícia, que é o mesmo que dizer o nosso Estado, que ali estava apenas porque tinha sido chamada para fazer o seu trabalho, a perceção que fica é que: se a própria segurança da polícia está em risco, como poderá esta nos proteger? E isto tem consequências gravíssimas diretamente na vida de todos nós e mesmo na nossa economia, porque se somos hoje, por exemplo, um país de eleição do turismo, muito se deve à segurança que “existe” no nosso país, sendo visto como um dos países mais seguro do mundo.

No entanto, convém não esquecer que para se ter chegado a esse nível levou anos, muito graças ao excelente trabalho das nossas polícias, mas para o destruir bastam as atitudes e imagens a que nos referimos.

Nas situações referenciadas, figuras importantes do Estado nada disseram (contrariamente ao que aconteceu noutros casos de índole diferente, alguns no nosso distrito de Setúbal, em que Presidente da República, Primeiro-Ministro e Ministros do Governo do Partido Socialista, etc. emitiram a sua opinião, situações essas que nada tinham a ver com ataques ao Estado como são os casos aqui mencionados, porque é disso que se trata, ataques ao Estado, porque a polícia representa o Estado), o que considero incompreensível.

No entanto, é de louvar a posição da Polícia de Segurança Pública, relativamente aos acontecimentos ocorridos dia 25 de fevereiro na Damaia, que em comunicado referiu: “A PSP salienta a coragem e o sangue frio do polícia que permaneceu no exterior do carro de patrulha, que permitiram evitar males maiores”, “Apesar da identificação presencial não ter sido possível, a PSP irá utilizar todos os meios para identificar todos os intervenientes de modo a permitir responsabilizá-los tanto criminalmente como pelas contraordenações praticadas” e “A PSP não tolera este tipo de comportamentos pois constituem ataques graves aos seus polícias e à autoridade do Estado, que não passarão impunes”.

Esta posição da PSP, que se enquadra na estratégia definida pelo seu novo Diretor Nacional, o Superintendente-Chefe Manuel Augusto Magina da Silva, faz com que os nossos polícias não se sintam abandonados pela sua própria casa (como aconteceu no passado), quando estão cumprir a sua missão dentro da legalidade, e consequentemente não se sintam hesitantes em cumpri-la, o que traz também tranquilidade ao cidadão ao saber que os infratores serão levados à justiça.

No entanto, para que o processo seja eficaz é necessário que os seus resultados sejam depois comunicados, para que não exista na nossa sociedade este sentimento de impunidade que neste momento paira.


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