Opinião

25 de Novembro Sempre!!!

Caríssimos(as) leitores(as), segunda-feira o 25 de Novembro fará 44 anos.

E antes que me venham acusar de anti-comunista primário ou me chamem de proto-fascista ou mesmo de fascista (apodos com os quais vivo bem pois para mim são “medalhas”) deixem que vos diga o seguinte: este artigo não é um ajuste de contas com a História. É isso sim uma opinião sobre os factos desse tempo que nos levaram à democracia do tipo ocidental. Algo que hoje muitos não compreendem o verdadeiro valor. E com a qual uma certa esquerda vive mal como se tivesse um espinho entalado na garganta.

Há 44 anos Portugal esteve no fio da navalha à beira da guerra civil. E só foi possível manter a paz e a democracia graças à acção do grupo militar e em particular de certos militares (Ramalho Eanes; Jaime Neves; Salgueiro Maia e outros) do grupo dos 9 (Melo Antunes; Vasco Lourenço; Pedro de Pezarat Correia; Manuel Franco Charais; Canto e Castro; Costa Neves; Sousa e Castro; Victor Alves; Victor Crespo).

As coisas iam bem logo após o 25 de Abril de 1974, o movimento dos capitães tinha virado a página da história deste país. Abria-se um tempo novo. Os tempos iriam mudar o povo poderia falar. Mas na política não existe vazio. E logo era necessário organizar os partidos políticos. Neste quadro só o PCP estava organizado e possuía várias células.

O PS estava a organizar-se e os outros partidos também. A direita mais conservadora e ainda ligada de alguma forma ao anterior regime era fraca como ficou demonstrado a 28 de Setembro de 1974 com a célebre MAIORIA SILENCIOSA, que serviria para demonstrar apoio a António Spínola e ao seu projecto de poder pessoal. A 11 de Março de 1975 o golpe de mão de Spínola com o bombardeamento do RAL 1 falha e com isto dá-se a fuga dele para Espanha.

A 25 de Abril de 1975 realizam-se as eleições para a assembleia constituinte onde a participação dos eleitos superou os 91% e na qual o PS recebeu 37,87%; PSD 26,39%; PCP 12,46 e o CDS 7,61%.

Ora o PCP com apenas 12%, apesar do historial de anos de oposição ao regime anterior, não consegue convencer mais eleitorado. Não tendo maioria parlamentar o PCP contava com a força nas ruas quer na cintura industrial de Lisboa, quer no Alentejo.

Vivíamos o tempo dos governos de iniciativa presidencial. Onde os programas de governo não eram sufragados pelo povo. E Vasco Gonçalves, que sucedeu a Palma Carlos, estava à frente dos vários governos provisórios desde Julho de 1974. E nestas condições pensava-se levar Portugal para o dito “poder popular” com as nacionalizações e a reforma agrária, ao mesmo tempo que se colonizava o aparelho militar para dar o “putch” com Otelo à cabeça, que até foi enviado a Cuba para doutrinação sobre a revolução cubana. Castro dirá mais tarde que Otelo foi uma desilusão.

Era o PREC em velocidade cruzeiro e a revolução socialista era o futuro promissor.

 

“Os amanhãs que cantam”.

 

Mas o Governo de Vasco Gonçalves caiu com os acontecimentos do Verão quente de 1975. O “caso República”, o golpe do PCP para controlar a comunicação social através dos sindicatos saiu pela culatra.  A norte o cónego Melo levantava a populaça. O PCP ateia incêndios ruais para levar ao medo as populações. O país está a ferro e fogo. A imprensa fabrica golpes à direita e à esquerda.  É o tempo da propaganda negra. O grupo dos 9 toma posição a demarcarem-se da deriva revolucionária socialista. Em Rio Maior estabelece-se “a fronteira”. O USS SARATOGA fundeava no Tejo.

Face a esta balbúrdia cai o V Governo Provisório e avança o VI com o almirante Pinheiro de Azevedo à cabeça. Mas o PCP que já estava a um passo de deter o poder por completo não engoliu bem o sapo. E convocou os trabalhadores da construção civil para sequestrarem o governo e os deputados a 11 de Novembro.

E o governo parte para a greve (a única vez que um governo a fez). A bandalheira revolucionária tem o seu pináculo máximo com o juramento revolucionário a 21 de Novembro de 1975, quando 170 novos recrutas fazem o juramento revolucionário de punho fechado. E com o seguinte texto: “Juramos estar sempre, sempre ao lado do povo, ao serviço da classe operária, dos camponeses e do povo trabalhador”.  Uma perfeita palhaçada!!!

Ora no meio disto tudo a guerra colonial já tinha terminado há algum tempo. E o CEMFA José Morais da Silva decide desmobilizar os “paras” de Tancos. E juntamente conselho da revolução destitui Otelo Saraiva de Carvalho do comando da RML. Isto é o rastilho. O PCP coloca as suas peças no tabuleiro: a EPAM; os PARAQUEDISTAS; o RALIS e o RPM com Otelo no COPCON à cabeça.

Mas o grupo dos 9 contava com a Força AÉREA; os COMANDOS; a RMN; EPC com uma coluna com Salgueiro Maia à cabeça. E conseguiram debelar a aventura revolucionária. Mas também Costa Gomes tem o mérito de conseguir desmobilizar Otelo.

Para isto contribuiu o trabalho desenvolvido a partir da Amadora sob o comando de Eanes. E com Jaime Neves e os seus comandos no teatro de operações.

Primeiro conquistam o Monsanto tirando as transmissões às forças afectas ao PCP e às FUR.

A coisa que corria sem incidentes uma vez que o general de batalha do PCP (Otelo) tinha desmobilizado. O COPCON estava sem cabeça. O problema dá-se no RPM onde os mais acirrados oficiais que não se pretendiam render abriram fogo sobre os comandos, tendo com isto criado mais três mártires para a democracia: o tenente Coimbra; furriel Pires (comandos) e o aspirante José Bagagem (PM).

No meio disto tudo havia também armas distribuídas aos civis por todos os partido, tendo algumas delas tempos antes sido usadas em assaltos a bancos.

Às 19:00 de dia 25 o PCP batia em retirada, queimavam-se documentos comprometedores e os não menos famosos MANDATOS DE CAPTURA EM BRANCO, que teriam sido assinados por Otelo para prender todos os contra-revolucionários burgueses.

 

Por tudo isto o PCP, ainda hoje, não aceita o 25 de Novembro. Continua a querer controlar a narrativa. O PCP queria através das armas e das ruas conquistar aquilo que o voto em urna lhe negou.

Ainda o ano passado aqui no Seixal a Assembleia Municipal chumbou uma proposta do CDS de saudação pelo 25 de Novembro, com 19 votos contra: 16 da CDU e 3 do BE. Votaram a favor PSD; CDS; PS; PAN e SFF. Por esta votação talvez se explique a ânsia e o afã do BE em querer desmantelar os comandos.

O PCP vive tão mal com a “democracia burguesa” que um seu deputado municipal pôde dizer com toda a arrogância o seguinte: “NÃO VOTÁMOS FAVORAVELMENTE PORQUE É UMA DATA QUE NÃO MERECE SER CELEBRADA”. E isto é IPSIS VERBIS.

Dito por quem foi dito tendo em conta o partido a que pertence até poderia compreender à luz da doutrina partidária, mas o problema é que o mesmo é profissional liberal e até vive de forma bem burguesa, se tivermos em conta os princípios de Karl Marx.

Vale a pena agradecer ao já falecido general de brigada Jaime Neves e ao General Ramalho Eanes que salvaram a democracia neste país.

Por falar em democracia, o meu bem-haja à forma ordeira, metódica e exemplar como os militares da GNR e agentes da PSP realizaram o seu protesto de forma muito digna e com respeito democrático para com o país e com os colegas que estavam a fazer o cordão de segurança.

O folclore político foi um momento lindo onde quem se manifestava deu uma lição de democracia a quem mandou fazer o MURO DA VERGONHA. Afinal os homens até metem respeito a ponto do inefável Cabrita vir à TV prometer-lhes tudo e mais um par de botas depois de 4 anos a ignorar os problemas desta classe profissional.

Fica o recado: se o 25 de Novembro tivesse falhado, poderíamos ter perdido o direito a manifestações; poderíamos estar em campos de reeducação política; poderíamos hoje estar na fila para comprar papel higiénico; poderíamos estar à espera que o muro caí-se.

Devemos por isto tudo e muito mais a democracia tanto ao 25 de Abril, que abriu as portas à democracia, como ao 25 de Novembro que nos defendeu a democracia e permitiu-nos a sua consolidação.

Despeço-me com esta frase:

25 DE NOVEMBRO SEMPRE!!!!

 

NOTA: Artigo escrito segundo a grafia anterior ao Acordo Ortográfico.


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